doutrina de santidade - ii - Igreja do Nazareno Comunidade Paulista
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O monasticismo oriental, todavia, não se adaptava <strong>de</strong> to<strong>do</strong> à Europa Oci<strong>de</strong>ntal. Além<br />
das diferenças <strong>de</strong> clima, que impediam que os monges oci<strong>de</strong>ntais levassem a mesma<br />
vida que levavam os <strong>do</strong> Egito, havia diferenças significativas na maneira <strong>de</strong> encarar a<br />
vida cristã e a função <strong>do</strong> monasticismo nela.<br />
A primeira <strong>de</strong>ssas diferenças provinha <strong>do</strong> espírito prático que os romanos tinham<br />
<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> como seu lega<strong>do</strong> à igreja oci<strong>de</strong>ntal. O cristianismo latino não via com bons<br />
olhos os excessos da vida ascética <strong>do</strong>s anacoretas <strong>do</strong> Oriente. O propósito da vida<br />
ascética, assim como <strong>de</strong> qualquer exercício atlético, não é <strong>de</strong>struir o corpo, porém<br />
fazer com que ele seja cada vez mais capaz <strong>de</strong> enfrentar to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> provas. Por<br />
isso, o Oci<strong>de</strong>nte não via com aprovação o jejum até o <strong>de</strong>sfalecimento, ou a falta <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>rmir, só para castigar o corpo.<br />
Além disso, como parte <strong>de</strong>ste espírito prático, boa parte <strong>do</strong> monasticismo oci<strong>de</strong>ntal<br />
tinha o propósito <strong>de</strong> levar a cabo a obra <strong>de</strong> Deus, e não só <strong>de</strong> conseguir a própria<br />
salvação. Muitos monges <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte usaram a disciplina monástica como um mo<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> se preparar para a obra missionária. Exemplo disto são Columbano e Agostinho,<br />
e houve milhares <strong>de</strong> monges que seguiram o caminho traça<strong>do</strong> por eles. Outros<br />
monges oci<strong>de</strong>ntais lutavam contra as injustiças e os crimes <strong>do</strong> seu tempo.<br />
Outra diferença entre o monasticismo grego e o latino é que este último nunca sentiu a<br />
enorme atração pela vida solitária que <strong>do</strong>minou boa parte <strong>do</strong> monasticismo oriental.<br />
Apesar <strong>de</strong> haver no Oci<strong>de</strong>nte alguns ermitões solitários, e <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s mais famosos<br />
monges oci<strong>de</strong>ntais praticarem por algum tempo este tipo <strong>de</strong> vida, grosso mo<strong>do</strong>, o i<strong>de</strong>al<br />
<strong>do</strong> monasticismo oci<strong>de</strong>ntal foi a vida em comunida<strong>de</strong>.<br />
Por último, o monasticismo oci<strong>de</strong>ntal poucas vezes viveu a tensão constante com a<br />
igreja hierárquica que caracterizou o monasticismo oriental, principalmente nos<br />
primeiros tempos.<br />
Até os dias <strong>de</strong> hoje o monasticismo segue seu próprio rumo nas igrejas orientais,<br />
prestan<strong>do</strong> pouca atenção à vida da igreja em geral, a não ser quan<strong>do</strong> algum monge é<br />
chama<strong>do</strong> para ser bispo. No Oci<strong>de</strong>nte, ao contrário, a relação entre o monasticismo e<br />
a igreja hierárquica sempre tem si<strong>do</strong> estreita. A não ser nos momentos em que a<br />
corrupção extrema da hierarquia levava os monges a reformá-la, o monasticismo foi<br />
sempre o braço direito da hierarquia eclesiástica. Em mais <strong>de</strong> uma ocasião os monges<br />
reformaram a hierarquia, ou a hierarquia reformou o monasticismo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte.<br />
De certo mo<strong>do</strong> o monasticismo oci<strong>de</strong>ntal encontrou seu funda<strong>do</strong>r em Benedito <strong>de</strong><br />
Núrsia. Antes <strong>de</strong>le, houve muitos monges da igreja oci<strong>de</strong>ntal, porém somente ele<br />
conseguiu dar ao monasticismo latino o seu próprio sabor, <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong>le o monasticismo não foi mais algo importa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Oriente grego, mas uma planta da<br />
própria terra.<br />
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