SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
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Que o alento fraco, incerto,<br />
Que o diamante coberto,<br />
Cintilando almo fulgor;<br />
Folgo de ouvir teus suspiros,<br />
Ó doce virgem mimosa,<br />
Como nota harmoniosa,<br />
Como um cântico de amor!<br />
QUEIXUMES<br />
I<br />
Onde estás, meu senhor, meus amores?<br />
A que terras – tão longes! – fugiste?<br />
Onde agora teus dias se escoam?<br />
Por que foi que de mim te partiste?<br />
II<br />
Não te lembras! Quando eu te rogava<br />
Não te fosses de mim tão asinha,<br />
Prometeste-me breve se minha<br />
Tua vida, que o mar me roubava.<br />
III<br />
Tão amigo do mar foste sempre,<br />
Por que amigos talvez não achaste!<br />
Nem carinhos, nem prantos te ameigam?<br />
Nem por mim, que te amava, o deixaste?<br />
IV<br />
Vejo além o lugar onde estava<br />
Tua esbelta fragata ancorada,<br />
Mal sofrida jogando afagada<br />
Do galerno que amigo a chamava.<br />
V<br />
Da partida era o fúnebre instante,<br />
Breve instante de aflitos terrores,<br />
Quando o mar traiçoeiro, inconstante,<br />
Me roubava meus puros amores!