SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
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Quando nada existir de quanto existe,<br />
Será vencida a morte.<br />
Logo, à um só dizer do Onipotente,<br />
O pó segunda vez há de animar-se,<br />
E os mortos, mal sofrendo a luz da vida,<br />
Atônitos, pasmados;<br />
Hão de erguer-se na campa, inteiros, vivos,<br />
E como Adão, a tatear os membros,<br />
Estranhos a existência já vivida,<br />
Perguntarão: Quem somos?<br />
Então, Senhor, então, -- tu o disseste—<br />
Virás cheio de glória e majestade,<br />
Em sólio de luzeiros resplendente,<br />
E em celeste cortejo!<br />
Virás, sol da justiça em fins do mundo<br />
Acalmar a procela, e quando aos mortos<br />
Disseres tu, quem és, -- lembrar-nos-emos,<br />
Senhor, do que já fomos.<br />
Feliz então quem só viveu contigo,<br />
Quem n’âncora da fé prendeu sua alma,<br />
Quem só em ti fundou sua esperança,<br />
Pequeno e humilde!<br />
Feliz então quem tua lei guardando,<br />
Seus passos graduou nos teus caminhos;<br />
Quem dia e noite revolveu consigo<br />
Como aplacar-te.