SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
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Bela e grave e sisuda lavrando,<br />
Pelos montes melífluos do Himeto<br />
A parelha de bois aguilhando;<br />
XX<br />
Não te esqueçam meus duros pesares,<br />
Não te esqueças por elas de mim,<br />
Não te esqueças de mim pelos mares,<br />
Não me esqueças na terra por fim!<br />
XXI<br />
Se eu fosse homem, tão bem desejara<br />
Percorrer estes campos de prata,<br />
E este mundo, na tua fragata,<br />
Co’uma esteira cingir d’onda amara.<br />
XXII<br />
Qu’ria ver a andorinha coitada<br />
Nos meus mastros fugida pousar,<br />
E achar no convés abrigada,<br />
Quando o vento começa a reinar!<br />
XXIII<br />
Ver o mar de toninhas coberto,<br />
Ver milhares de peixes brincar,<br />
Ver a vida nesse amplo deserto<br />
Mais valente, mais forte pular!<br />
_______________<br />
Oh! Que o homem fosse eu, mulher tu fosses,<br />
Ou fosse tempestade ou calmaria,<br />
Ou fosse mar ou terra, Espanha o Grécia,<br />
Só de ti, só de ti me lembraria!<br />
O mar suas ondas inconstante volve,<br />
Sem que o seu curso o mesmo rumo leve,<br />
Assim dos homens a paixão se move,<br />
Falaz e vária, assim no peito ferve!<br />
Meditados enganos sempre encobre<br />
O mesmo que ao princípio ardente amava;<br />
Oxalá não diga eu que me enganava,