SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
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Não vivem muito as flores: são versos<br />
Efêmeros como elas; cor sem brilho,<br />
Ou perfume apagado,<br />
Ou tino fraco d’ave matutina,<br />
Ou eco de um baixel que passa ao longe<br />
Com descante saudoso.<br />
TABIRA<br />
(POESIA AMERICANA)<br />
I<br />
É Tabira guerreiro valente,<br />
Cumpre as partes de chefe e soldado;<br />
É caudilho de tribo potente,<br />
- Tobajaras – o povo senhor!<br />
Ninguém mais observa o tratado<br />
Ninguém menos de p’rigos se aterra,<br />
Ninguém corre aos acenos da guerra<br />
Mais depressa que o bom lidador!<br />
II<br />
Seu viver é batalha aturada,<br />
Dos contrários a traça aventando;<br />
É dispor a cilada arriscada,<br />
Onde o imigo se venha meter!<br />
Levam noites com ele sonhado<br />
Potiguares, que o viram de perto;<br />
Potiguares, que asselam por certo<br />
Que Tabira só sabe vencer!<br />
III<br />
Mil enganos lhe tem já tecido,<br />
Mil ciladas lhe tem preparado;<br />
Mas Tabira, fatal, destemido,<br />
Tem feitiço, ou encanto, ou condão!<br />
Sempre o plano da guerra é frustrado,<br />
Sempre o bravo fronteiro aparece,<br />
Que os enganos cruéis lhes destece,<br />
Face a face, arco e setas na mão.<br />
IV