SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
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A filha d’Albion bem vinda seja<br />
Ao solo brasileiro;<br />
Bem vinda seja às margens florescentes<br />
Do Rio hospitaleiro!<br />
Compridos anos e folgados viva<br />
Neste ditoso clima,<br />
E veja à par dos filhos seus queridos<br />
Crescer do esposo a estima!<br />
Possa eu tão bem do seu feliz consórcio<br />
De novo em cada ano<br />
Soltar um hino de amizade estreme,<br />
Um canto mais que humano!<br />
CANTO INAUGURAL<br />
À MEMÓRIA DO CÔNEGO JANUÁRIO DA CUNHA BARBOSA<br />
Onde essa voz ardente e sonorosa,<br />
Essa voz que escutamos tantas vezes,<br />
Polida como a lâmina dum gládio,<br />
Essa voz onde está?<br />
No rostro popular severa e forte,<br />
No púlpito serena, amiga e branda,<br />
Pelas naves do templo reboava,<br />
Como oração piedosa!<br />
E a mão segura, e a fronte audaciosa,<br />
Onde um vulcão de idéias borbulhava<br />
E o generoso ardor de uma alma nobre<br />
- Onde param tão bem?<br />
Novo Colombo audaz por novos marés,<br />
A sonda em punho, os olhos nas estrelas,<br />
Co’as brônzeas quilhas retalhado as vagas<br />
Do inóspito elemento;<br />
Porfioso e tenaz no duro empenho,<br />
No manto do porvir bordava ufano,<br />
Sob os troféus da liberdade sacra,<br />
Os destinos da Pátria!<br />
Noturno viajor que andou vagando<br />
A noite inteira, a revolver-se em trevas,<br />
Onde te foste, quando o sol roxeia