SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio
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Diz a fama que então de assustadas<br />
Muitas aves que o espaço cruzavam,<br />
De pavor subitâneo tomadas,<br />
Descaíam pasmadas no chão:<br />
Já com silvos e atitos voavam<br />
Muitas outras, que o triste gemido<br />
No conflito, abafado e sumido,<br />
Talvez deram, - mas fraco, mas vão!<br />
XVIII<br />
Eis que os arcos de longe se encurvam,<br />
Eis que as setas aladas já voam,<br />
Eis que os ares se cobrem, se turvam,<br />
De flechados, de surdos que são.<br />
Novos gritos mais altos reboam,<br />
Entre as hostes se apaga o terreno,<br />
Já tornado apoucado e pequeno,<br />
Já coberto de mortos o chão!<br />
XIX<br />
Peito a peito encontrados afoutos,<br />
Braço a braço travados briosos,<br />
Fervem todos inquietos, revoltos,<br />
Qu’indecisa a vitória inda está.<br />
Todos movem tacapes pesados;<br />
Qual resvala, qual todo se enterra<br />
No imigo que morde na terra,<br />
Que sepulcro talvez lhe será.<br />
XX<br />
“Mas Tabira! Tabira! Que é dele?<br />
“Onde agora se esconde o pujante?”<br />
- Não no vedes?! – Tabira é aquele<br />
-Que sangrento, impiedoso lá vai!<br />
-Vê-lo-eis andar sempre adiante,<br />
-Larga esteira de mortos deixando<br />
- Trás de si, como o raio cortando<br />
- Ramos, troncos do bosque, onde cai. –<br />
XXI<br />
“Foge! Foge! Leal Tobajara;<br />
“Quantos arcos que em ti fazem mira?!”<br />
- Muitos são; porem medos encara