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SEGUNDOS CANTOS Gonçalves Dias - Saco Cheio

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Em gélido sudário<br />

De neve alvinitente,<br />

Por terras vi longínquas,<br />

Durante a noite algente,<br />

A tua luz benéfica<br />

Luzir meiga do céu.<br />

Nos mares solitários<br />

Tão bem a vi! – nas vagas<br />

Brincava o lume argênteo,<br />

Cantava o nauta as magas<br />

Canções, no voluntário,<br />

Cansado exílio seu!<br />

Tão bem a vi na límpida<br />

Corrente vagarosa;<br />

Tão bem nas densas árvores<br />

De selva majestosa,<br />

Coando os raios lúbricos<br />

No lôbrego palmar.<br />

E eu só e melancólico<br />

Sentado ao pé da veia,<br />

Que a deslizar-se tímida<br />

Beijava a branca areia;<br />

Ou já na sombra tétrica<br />

Da mata secular;<br />

Em devaneio plácido<br />

Velava, em quanto via<br />

Ao longe – os altos píncaros<br />

Da negra serrania,<br />

- Disformes atalaias,<br />

Que sempre ali serão!<br />

No rórido silêncio<br />

Minha alma se exaltava;<br />

E das visões fantásticas,<br />

Que a lua desenhava,<br />

Seguia os traços áureos,<br />

Tremendo em negro chão!<br />

Pensava ledo, impróvido,<br />

Até que de repente<br />

Da minha vida mísera<br />

Se me antolhava à mente<br />

A quadra breve e rápida<br />

Do malfadado amor.<br />

Então fugia atônito<br />

O bosque, a selva, a fonte,

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