34 <strong>Revista</strong> <strong>Batata</strong> <strong>Show</strong> - <strong>Ano</strong> 9 - <strong>n°</strong> <strong>25</strong> - <strong><strong>de</strong>zembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2009</strong>
<strong>Batata</strong> <strong>Show</strong> - Associação Brasileira da <strong>Batata</strong> 35 Cultura da <strong>Batata</strong> x Meloidogyne spp.: Uso <strong>de</strong> uma Formulação com Fungos Nematófagos para o Controle Biológico <strong>de</strong> Nematói<strong>de</strong>s Adriana R. da Silva & Paulo R. P. Martinelli adriana.agronomia@terra.com.br prpmartinelli@yahoo.com.br No Brasil, o cultivo da batata está associado a um alto risco <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> comercialização, bem como a uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> recursos (Machado, 2000). Por ser remunerado pela qualida<strong>de</strong>, o produtor é impelido a fazer uso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos fitossanitários, acentuada pela indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidas alternativas, ambientalmente seguras. Os nematói<strong>de</strong>s causam perdas estimadas em 12,2% (quantitativas e qualitativas), além disso, por se tratar <strong>de</strong> cultura propagada vegetativamente, o ataque aos tubérculos ainda constitui uma importante forma <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong>sses patógenos (Silva & Santos, 2007; Silva, <strong>2009</strong>). Nesse sentido, o controle biológico com fungos nematófagos tem sido alvo <strong>de</strong> muitas pesquisas no País. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar a eficácia do uso <strong>de</strong> diferentes doses <strong>de</strong> uma formulação em bagaço <strong>de</strong> cana composta por cinco fungos nematófagos (Arthrobotrys oligospora, Monacrosporium eu<strong>de</strong>rmatum, Pochonia chlamydosporia, Paecilomyces lilacinus e Dactylella leptospora) comparadas ao controle químico <strong>de</strong> uma população mista contendo Meloidogyne incognita e M. javanica em batata. O experimento foi realizado no município <strong>de</strong> Perdizes (MG), no período <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2008 a março <strong>de</strong> <strong>2009</strong>, em uma lavoura comercial, sob pivô central. As amostras coletadas durante o experimento foram processadas na FCAV - UNESP, Jaboticabal (SP). Avaliou-se a época <strong>de</strong> aplicação e métodos <strong>de</strong> controle, que estão <strong>de</strong>scritos na Tabela 1. A metodologia usada po<strong>de</strong> ser consultada no texto com- <strong>Revista</strong> <strong>Batata</strong> <strong>Show</strong> - <strong>Ano</strong> 9 - <strong>n°</strong> <strong>25</strong> - <strong><strong>de</strong>zembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2009</strong> pleto, disponível no site da ABBA www.abbabatatabrasileira.com.br, seção <strong>Batata</strong> Brasil/Pesquisa. A dose correspon<strong>de</strong>nte a cada método <strong>de</strong> controle foi aplicada no sulco <strong>de</strong> plantio após a semeadura (Figura 1). Na amontoa, ela foi distribuída na base das plantas, conforme po<strong>de</strong> ser visto na Figura 2. Avaliações foram realizadas no plantio, aos 30, 60 e 90 dias após o plantio. Coletaram-se, aleatoriamente no interior da linha, três amostras (compostas por três fitossanida<strong>de</strong> Tabela 1 – Épocas <strong>de</strong> aplicação e métodos <strong>de</strong> controle avaliados no ensaio realizado no período <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2008 a março <strong>de</strong> <strong>2009</strong> e respectivo código. FCAV - UNESP, Jaboticabal (SP). <strong>2009</strong>. Código Métodos <strong>de</strong> controle Aplicação1 durante operação <strong>de</strong> plantio T testemunha (sem controle) CB ½ ½ L da formulação com fungos nematófagos/metro CB 1 1 L da formulação com fungos nematófagos/metro CB 2 2 L da formulação com fungos nematófagos/metro Q 1 carbofurano 50 G Q 2 aldicarbe 150 G Aplicação durante operação <strong>de</strong> plantio e reaplicação durante amontoa T testemunha (sem controle) CB ½ ½ L da formulação com fungos nematófagos/metro CB 1 1 L da formulação com fungos nematófagos/metro CB 2 2 L da formulação com fungos nematófagos/metro Q 1 carbofurano 50 G + cadusafós 100 G Q 2 aldicarbe 150 G * Aplicação durante operação <strong>de</strong> amontoa T testemunha (sem controle) CB ½ ½ L da formulação com fungos nematófagos/metro CB 1 1 L da formulação com fungos nematófagos/metro CB 2 2 L da formulação com fungos nematófagos/metro Q 1 Q 2 cadusafós 100 G * ldicarbe 150 G ¹Produtos fitossanitários utilizados como padrão <strong>de</strong> controle foram aplicados na dose (26 kg/ha) recomendada pelo fabricante para a cultura. *Aplicação somente no plantio <strong>de</strong>vido restrições relativas ao período <strong>de</strong> carência do produto. subamostras cada). Na colheita avaliou-se o número <strong>de</strong> hastes/planta, a produção e a produtivida<strong>de</strong> (produção/haste) <strong>de</strong> tubérculos e <strong>de</strong> tubérculos com galhas, utilizados para comparação da eficácia dos tratamentos. Não houve diferença estatística entre as épocas <strong>de</strong> aplicação (P > 0,05) dos métodos <strong>de</strong> controle avaliados neste ensaio. Assim, po<strong>de</strong>-se optar entre aplicar a formulação para o controle biológico <strong>de</strong> Meloidogyne spp. no plantio ou na amontoa. Figura 1. Aplicação dos tratamentos no plantio. A e B) aldicarbe e carbofurano, respectivamente, aplicados manualmente no sulco <strong>de</strong> plantio, simulando aplicação mecânica; C) formulação com fungos nematófagos (setas) aplicada manualmente no sulco <strong>de</strong> plantio.