Maria Madalena e o Santo Graal A Mulher do Vaso ... - Escola da Luz
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dever <strong>do</strong> rei ser reuni<strong>do</strong> à deusa, Mãe-Terra (Inana). Após o casamento, Dumuzi era<br />
ritualmente tortura<strong>do</strong>, morto e enterra<strong>do</strong>, garantin<strong>do</strong> a renovação <strong>da</strong>s colheitas e <strong>do</strong>s rebanhos.<br />
O rei não podia tornar-se velho ou fraco, não lhe era permiti<strong>do</strong> perder sua força e vitali<strong>da</strong>de,<br />
pois a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> povo era um reflexo de sua virili<strong>da</strong>de. Se o seu poder e a sua força decaíssem, o<br />
mesmo aconteceria à força e ao poder <strong>do</strong> povo.<br />
Em alguns ritos, o rei tortura<strong>do</strong> era sepulta<strong>do</strong> e, então, "ressuscita<strong>do</strong>" após um breve<br />
perío<strong>do</strong>, normalmente três dias. Os versos <strong>da</strong> liturgia incluem os lamentos de Inana pela morte<br />
de Dumuzi, a busca <strong>da</strong> deusa pelo rei desapareci<strong>do</strong> e uma expressão de júbilo por seu retorno.<br />
Essa porção <strong>do</strong> mito <strong>do</strong> Noivo, pre<strong>do</strong>minante no culto pagão, é reapresenta<strong>da</strong> no Evangelho de<br />
João, na passagem em que <strong>Maria</strong> <strong>Ma<strong>da</strong>lena</strong> encontra Jesus ressuscita<strong>do</strong> perto <strong>da</strong> tumba, na<br />
Páscoa. E pode ser visualiza<strong>do</strong> nas Pietás e nas pinturas sobre a Desci<strong>da</strong> <strong>da</strong> Cruz na arte<br />
cristã.<br />
Durante o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> influência grega (330-30 a.C.), versos idênticos e paralelos<br />
àqueles <strong>do</strong> Cântico <strong>do</strong>s Cânticos foram encontra<strong>do</strong>s em uma poesia litúrgica <strong>do</strong> culto <strong>da</strong> deusa<br />
egípcia Ísis, a Noiva-Irmã <strong>do</strong> mutila<strong>do</strong> Deus-Sol Osíris. Esculturas antigas de Ísis lamentan<strong>do</strong>-<br />
se sobre o corpo de Osíris serviram de modelo para Pietás medievais. Existem muitas teorias<br />
sobre a origem <strong>da</strong> poesia romântica <strong>do</strong> Casamento Sagra<strong>do</strong>, mas é sabi<strong>do</strong> que o rito <strong>do</strong> Deus<br />
<strong>da</strong> Fertili<strong>da</strong>de, que morre e ressuscita, era comum na Palestina <strong>do</strong>s tempos de Jesus.<br />
O Pastor/Rei e sua Noiva<br />
Talvez seja impossível determinar a fonte exata <strong>do</strong> livro bíblico Cântico <strong>do</strong>s Cânticos,<br />
mas seu significa<strong>do</strong> é bastante claro: é a canção de casamento <strong>do</strong> Pastor/Rei e sua Noiva. Os<br />
ritos <strong>do</strong> hieros gamos eram tão conheci<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> heleniza<strong>do</strong> que a unção <strong>da</strong> cabeça de<br />
Jesus não poderia ter si<strong>do</strong> mal compreendi<strong>da</strong> por aqueles que a testemunharam. O autor <strong>do</strong><br />
Evangelho de Marcos é mestre em atribuir importância mítica a certos eventos. Aplacar a<br />
tempestade, purificar o Templo e outros feitos relata<strong>do</strong>s em sua Escritura proclamam a<br />
identi<strong>da</strong>de mítica de Jesus por meio <strong>da</strong> ação. E a história de sua unção pela mulher em Betânia<br />
não é exceção.<br />
A reação de Jesus à unção deixa claro que ele não somente a entendeu e admitiu como<br />
também aceitou seu papel mítico como o Noivo/Rei sacrifica<strong>do</strong>. Por to<strong>da</strong> a Bíblia grega há