BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
24.25<br />
ARQUITECTOS<br />
PELO<br />
MUNDO<br />
Contactámos alguns <strong>dos</strong> ‘<strong>Arquitectos</strong> pelo Mundo*’. Obtivemos<br />
cinco respostas às cinco perguntas que colocámos<br />
a 20 deles, o que representa 20% de respostas e poderá<br />
ser considerado um bom indicador. Partiram à aventura,<br />
à procura de uma oportunidade que os encontrou, cansa<strong>dos</strong> de<br />
um clima de incerteza. Na maioria destacam Eduardo Souto de<br />
Moura como referência de qualidade. O encontro da arquitectura<br />
portuguesa com as arquitecturas locais, o intercâmbio de<br />
experiências é a sua reserva de esperanças e expectativas:<br />
1 - O que o/a fez sair de Portugal? Uma oportunidade ou querer<br />
uma oportunidade?<br />
2 - Ao ‘bater a porta’ a Portugal ‘bateu a porta’ à Arquitectura<br />
Portuguesa?<br />
3 - Que aspectos fundamentais destacaria da Arquitectura<br />
Portuguesa?<br />
4 - No quadro da network ‘<strong>Arquitectos</strong> pelo Mundo’ considera-se um<br />
embaixador da Arquitectura/Cultura arquitectónica Portuguesa?<br />
5 - Que papel pensa ter/quer ter na internacionalização da Arquitectura<br />
Portuguesa?<br />
*Um website e uma página do Facebook onde se inscrevem, num<br />
mapamundi, os arquitectos portugueses que exercem a sua actividade<br />
profissional fora de Portugal. O objectivo é o de mapear as<br />
cidades e países onde trabalham e contribuir para uma aproximação<br />
entre os arquitectos que se encontram a exercer na mesma<br />
cidade/país e com os que consideram para aí emigrar.<br />
https://www.facebook.com/arquitectospelomundo<br />
http://www.arquitectospelomundo.com<br />
info@arquitectospelomundo.com<br />
Rita Braga Alves<br />
Rio de Janeiro – Brasil<br />
1. A minha primeira saída de Portugal esteve associada ao programa<br />
de intercâmbio entre a F.A.U.P. (Porto) e U.F.F. (Rio de Janeiro).<br />
Depois disso vivi entre Portugal e Brasil, e neste último regresso ao<br />
Brasil, vim com uma oportunidade de trabalho concreta.<br />
2. Na minha opinião, não posso afirmar que sair de Portugal significa<br />
‘bater a porta’ ao nosso país e muito menos a uma arquitetura portuguesa.<br />
A emigração acaba por ser uma consequência de um momento<br />
crítico que to<strong>dos</strong> os portugueses estão a passar e, também para quem<br />
quer exercer arquitetura em Portugal. Através da sua cultura e aprendizagem,<br />
acredito que cada português leva consigo um pedaço de<br />
Portugal e cada arquiteto leva consigo uma arquitetura portuguesa.<br />
3. A arquitetura portuguesa valoriza o lugar e a sua história, onde<br />
temos como exemplo a Casa das Artes do arquiteto Eduardo Souto<br />
Moura. O aprimoramento da relação entre exterior e interior, <strong>dos</strong><br />
elementos volumétricos e os seus enquadramentos para paisagem,<br />
5perguntas<br />
respostas<br />
ontem temos como exemplo a Faculdade de Arquitetura do arquiteto<br />
Carlos Ramos. Outro aspecto relevante é o tratamento dado à iluminação<br />
lateral em relação a um aprimoramento do interior, se verificarmos<br />
o Museu de Serralves do arquiteto Álvaro Siza Vieira.<br />
4. No século XIX, e no momento em que vivemos é difícil afirmar que<br />
me considero uma embaixatriz da arquitetura/cultura arquitetónica<br />
portuguesa. Claramente, como referi atrás, cada português que<br />
sai da sua terra natal leva Portugal consigo, uma vez que somos fruto<br />
dessa cultura, vivemos e crescemos nesse país. No entanto, o ser humano<br />
é o resultado de uma pluralidade de valores e conhecimentos<br />
em constante evolução influencia<strong>dos</strong> pelo lugar e tempo onde se insere.<br />
Considero-me antes uma curiosa pelos valores e cultura do mundo,<br />
atribuindo o seu devido valor às raízes portuguesas.<br />
5. Os aspetos da arquitetura portuguesa que nos foram ensina<strong>dos</strong>, quer<br />
nas instituições de ensino quer na prática profissional, são a base do<br />
nosso conhecimento arquitetônico. Nesse aspecto, ao me deslocar de<br />
país e de cidade, essa base continua presente e é confrontada com novas<br />
necessidades, novas demandas, inerentes a cada situação apresentada.<br />
Penso que aí reside a verdadeira internacionalização da arquitetura<br />
portuguesa, nessa fusão de uma base portuguesa com inputs locais específicos.<br />
Até agora, essa fusão tem se mostrado florescente e de algum<br />
modo reconhecível como lusófona, perante os diversos intervenientes,<br />
o que tornam os processos de arquitetura curiosos e promissores.<br />
Sílvia Filipe<br />
Fortaleza – Brasil<br />
1. Foi um conjunto de diversas razões que me fizeram sair de Portugal…<br />
Mas a principal foi a crescente falta de caráter e de respeito<br />
pelo arquiteto e pelo nosso trabalho, onde impera a desculpa da crise<br />
para não pagar o trabalho entregue. Desde Março de 2011 que me<br />
encontrava em regime de freelancer e não me faltava trabalho, muito<br />
pelo contrário! Tanto que tinha uma equipa de 3 arquitetos a colaborar<br />
comigo, o problema estava na incerteza se iria ser pago, isso sim,<br />
já era outra história… Só a título de exemplo, tenho um trabalho que<br />
fui subcontrata por um gabinete de engenharia, e pelo qual aguardo<br />
o fecho de contas desde Agosto de 2011… E imagino a quantidade de<br />
colegas que cada vez mais se revêem neste meu exemplo… Por isso,<br />
cansei-me de estar neste clima de incerteza, sem saber se e quando