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BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

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30.31<br />

no Brasil Viver Portugal, vivenciá-la, amá-la, mas ao mesmo<br />

tempo imbuir-se de inquietação por tentar buscar um<br />

novo, que não sabiam bem o que era, nem o que encontrar,<br />

este foi o espírito português que navegou, navegou e teve<br />

diante de seus olhos um mundo exuberante tropical: a Terra<br />

de Santa Cruz, que depois foi chamada de Brasil.<br />

A Mata Atlântica na costa brasileira cobria uma extensão considerável,<br />

indo do nordeste ao sul. Suas árvores imensas fechavam<br />

a penetração para o interior do continente e seus habitantes desconfia<strong>dos</strong><br />

e arredios observavam a chegada de gente estranha,<br />

vestida com muitas roupas.<br />

Os índios pouco a pouco foram se chegando, através de mímicas,<br />

a única linguagem que encontraram para se comunicar, pois as<br />

línguas eram incompreensíveis. O português buscava a aculturação<br />

indígena, enquanto os índios recuavam. Foram os jesuítas<br />

as únicas pessoas que conseguiram unir aquela gente tão diferente:<br />

o europeu português aos índios.<br />

O percurso para a colonização brasileira foi muito lento. Muitas dificuldades<br />

se fizeram presentes. Ora foi o relevo acidentado, ora foi a<br />

floresta litorânea, ora foram os índios bravios. Vencer aqueles obstáculos<br />

era imprescindível. Vieram as capitânias hereditárias (1534)<br />

e a fundação das primeiras vilas: São Vicente por Martim Afonso de<br />

Sousa (1532), Igaraçu e Olinda por Duarte Coelho (1535).<br />

A primeira influência urbana portuguesa foi a implantação da<br />

cidade de Salvador, em 1549. A cidade estabeleceu-se à promontório<br />

(70 metros) acima do nível do mar. Obedecia as recomendações<br />

da carta de D. João III quanto a implantação, possuir boa<br />

aeração e ter a presença de água com facilidade. O urbanismo<br />

português se transportou para Salvador, com um traçado com<br />

alguma regularidade, introduziu Largos, determinou a posição<br />

das Igrejas e do Colégio <strong>dos</strong> meninos, assim chamado o Colégio<br />

<strong>dos</strong> Jesuítas e fez as muralhas de uma maneira singela: de pau-apique,<br />

protegendo a cidade.<br />

O traçado urbano somente tornou-se mais regular por ocasião do<br />

período do Domínio Espanhol (1580-1640). No Brasil as cidades<br />

que foram criadas neste período foram: Felipéia da Paraíba (atual<br />

João Pessoa) fundada em 1585 e São Luís do Maranhão traçada<br />

em 1615 por Francisco Frias de Mesquita. Posteriormente, destacam-se<br />

as obras de urbanização realizadas no Recife por Maurício<br />

de Nassau (1637-1643) em aterros, construções de pontes, canais,<br />

fortes e na transformação do porto de Olinda em cidade.<br />

Internacionalização da Arquitectura<br />

PORTUGUESA<br />

A intervenção portuguesa em cidades brasileiras foi marcada<br />

também pela presença de um espaço livre à frente de construções<br />

religiosas importantes como em Salvador, diante do Colégio<br />

<strong>dos</strong> Jesuítas no século XVI, fora <strong>dos</strong> muros da cidade, dando<br />

origem a uma Praça denominada de “Terreiro de Jesus”, atual<br />

Praça XV de Novembro. Outro exemplo de espaço urbano colonial<br />

é o Pátio de São Pedro, diante da Catedral de São Pedro <strong>dos</strong><br />

Clérigos no Recife (após 1728).<br />

A preferência das implantações das igrejas era por locais altos, às<br />

vezes precedidas por escadas, como até hoje há o Mosteiro de São<br />

Bento no Rio de Janeiro, criando uma paisagem cenográfica.<br />

A urbanização brasileira foi toda planejada por Portugal. Por<br />

ocasião das capitanias hereditárias foi criada, estrategicamente,<br />

para o Brasil, uma vantajosa zona produtora de açúcar para exportação.<br />

O Engenho de açúcar foi a base da ocupação do território<br />

da Colônia Brasileira. Todavia, era preciso expandir a colonização<br />

para as terras litorâneas e garantir o Império mercantil<br />

português. Consequentemente, foram criadas diversas vilas. São<br />

Vicente foi a principal, mas era preciso passar pelo Rio de Janeiro<br />

e se estender até ao estuário do Rio da Prata. Este foi o motivo<br />

que fizeram as fundações de Cananéia, Paranaguá, São Francisco<br />

do Sul, Desterro (atual Florianópolis), Laguna e Rio Grande e<br />

para o norte de São Vicente, as vilas de São Sebastião, Ubatuba,<br />

Angra <strong>dos</strong> Reis e Parati.<br />

Outras expansões para a ocupação do solo foram realizadas. Por<br />

exemplo: ao longo do caminho que levava o gado do Rio Grande<br />

do Sul para São Paulo. Tornou-se este caminho, mais tarde, um<br />

fator ordenador urbano.<br />

O acontecimento mais forte do século XVIII foi a descoberta do<br />

ouro em Minas Gerais. Este fato concreto gerou duas grandes<br />

vertentes de urbanização para ocupação efetiva da terra: a primeira<br />

em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e a segunda, a colonização<br />

pombalina da Amazonia, que fizeram prosperar Belém<br />

e São Luís.<br />

A urbanização<br />

brasileira foi toda<br />

planejada por<br />

Portugal

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