1ª edição - Hospital Sírio Libanês

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Bulimia, emagrecendo a qualquer custo
Dra. Christiane Sobral,
Médica do Núcleo Avançado de Obesidade e Distúrbios Alimentares do HSL
Quem já não ouviu falar sobre bulimia? Seja em programas de
televisão, em notícias de jornais ou numa conversa informal entre
amigos, nos dias de hoje, quando há uma grande valorização
de padrões de beleza relacionados à magreza, todos acabamos
tendo conhecimento de alguma pessoa que apresenta esse distúrbio
alimentar. Pessoas com bulimia normalmente são muito
preocupadas com seu peso e aparência e possuem uma imagem
irreal de si. Acham-se acima do peso, quando na realidade
a maioria está abaixo do peso ideal.
Bulimia é um distúrbio alimentar que pode ser muito grave
e ter várias consequências médicas sérias. É caracterizada pela
ingestão de grande quantidade de alimento num período curto
de tempo, levando a um desejo eminente de logo depois providenciar
uma maneira de eliminar o que foi ingerido, provocando
vômito ou tomando laxantes, de tal forma que o alimento
seja eliminado do organismo rapidamente e absorvida a menor
quantidade possível.
As pessoas que apresentam esse distúrbio também costumam
abusar de diuréticos, remédios para emagrecer ou se
exercitarem compulsivamente, tendo sempre como objetivo
evitar o ganho de peso. A bulimia, por comprometer seriamente
muitos aspectos físicos, muitas vezes leva à necessidade de internação
hospitalar para que distúrbios relacionados a ela sejam
corrigidos, uma vez que podem se tornar tão graves a ponto de
colocar a vida em risco.
Os pacientes podem apresentar desidratação repetidas
vezes, assim como alteração dos níveis de potássio, sódio,
magnésio, anemia por deficiência de ferro e, não raro, arritmias
cardíacas graves. Com o tempo esses distúrbios podem desencadear
problemas crônicos e de grande repercussão na vida da
pessoa. Também pode ocorrer diarréia ou prisão de ventre. O
ácido eliminado por meio do vômito lesa os dentes e a parede
do esôfago, podendo também causar úlceras no estômago ou
na boca e em casos severos até o rompimento da parede estomacal.
As complicações não param ai. Muitas mulheres podem
ter alterações hormonais sérias, levando a irregularidades
menstruais e infertilidade. Com a deficiência de vitaminas e do
aporte calórico-protéico inadequado, desenvolve-se fraqueza
muscular, cansaço e perda da capacidade de realizar atividades
rotineiras.
Os aspectos emocionais também são muito importantes.
O paciente requer acompanhamento psicológico em conjunto,
já que a doença envolve a pessoa como um todo. Frequentemente
sofre de depressão, distúrbios obessesivo-compulsivo
e de ansiedade e outras doenças psiquiátricas. Muitas vezes
há necessidade do uso de medicamentos para o tratamento
desses distúrbios psiquiátricos que acontecem concomitantemente.
Como em todos os problemas que acometem as pessoas
de forma física e emocional, a vida social acaba também seriamente
comprometida. Não há energia suficiente para envolvimento
em eventos sociais e também, com a cabeça muito focada
em comida, não há espaço emocional para outras coisas
que fujam desse tema. Essas pessoas muitas vezes apresentam
autoestima baixa, sentimento de desesperança intenso que culmina
com um isolamento social importante.
O tratamento da bulimia envolve uma abordagem multidisciplinar,
com acompanhamento médico, nutricional, suporte
emocional e social, oferecendo-se um cuidado global para
o paciente e sua família. A identificação precoce desse distúrbio
e o tratamento multidisciplinar proporcionam uma maior
chance de sucesso. Por isso, se você tem ou conhece alguém
com esses sintomas, procure ou indique um centro especializado
o mais precocemente possível, evitando assim complicações
graves.
Expediente
Editoras: Dra. Cláudia Cozer e Dra. Denise Iezzi
Gerência de Comunicação: Katia Camata Ribeiro
Coordenação de Comunicação: Marjorie Sapatel
Edição e Produção: Estela Ladner (Espaço 2 Comunicações) Tel: (11) 3815-3686
Arte: Adriana Cassiano
Jornalista Responsável: Simon Widman (Mtb. 15460)
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Tiragem: 14.000 exemplares