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Os Homens Que Nao Am..

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— E um barco?<br />

— Naquele dia havia exatamente treze barcos em Hedebyön. A maioria já havia<br />

deixado o mar. No porto de recreio, apenas dois estavam na água. Havia sete barcos,<br />

cinco dos quais já trazidos para a praia. Abaixo do presbitério, havia um bote<br />

recolhido em terra e um na água. Todos esses barcos foram verificados e se achavam<br />

exatamente em seus respectivos lugares. Se ela tivesse feito a travessia a remo, teria<br />

sido obrigada a deixar a embarcação do outro lado.<br />

Henrik Vanger levantou um quarto dedo.<br />

— Só resta uma possibilidade verossímil, a de que Harriet desapareceu contra a<br />

sua vontade. Alguém lhe fez mal e deu sumiço no corpo.<br />

Lisbeth Salander passou a manhã de Natal lendo o controvertido livro de Mikael<br />

Blomkvist sobre jornalismo econômico. O livro tinha duzentas e dez páginas e<br />

chamava-se <strong>Os</strong> templários, com o subtítulo O jornalismo econômico em questão. A<br />

capa, de design muito moderno, assinada por Christer Malm, representava a Bolsa de<br />

Estocolmo. Christer trabalhara no Photoshop e o observador levava algum tempo para<br />

perceber que o prédio flutuava livremente no ar. Não havia fundo. Difícil imaginar<br />

uma capa mais explícita e eficaz para dar o tom do que viria a seguir.<br />

Salander constatou que Blomkvist tinha um estilo excelente. O livro era escrito<br />

de maneira direta e envolvente, e mesmo pessoas que não conheciam os meandros do<br />

jornalismo econômico podiam ler e tirar proveito. O tom era mordaz e sarcástico, mas<br />

sobretudo convincente.<br />

O primeiro capítulo era uma espécie de declaração de guerra em que Blomkvist<br />

falava sem papas na língua. <strong>Os</strong> analistas econômicos suecos haviam se tornado, nos<br />

últimos anos, um grupo de lacaios incompetentes, que se julgavam importantes e não<br />

possuíam o menor pensamento crítico. Mikael chegava a essa conclusão depois de<br />

mostrar que os jornalistas econômicos se contentavam o tempo todo, e sem a menor<br />

objeção, em reproduzir as afirmações transmitidas por dirigentes de empresas e<br />

especuladores da Bolsa — mesmo quando essas afirmações eram claramente<br />

falaciosas e errôneas. Esses jornalistas, portanto, ou eram ingênuos e crédulos que<br />

deviam ser demitidos de seus cargos, ou, pior, gente que traía deliberadamente sua<br />

missão jornalística por não proceder a exames críticos e por não fornecer ao público<br />

uma informação correta. Blomkvist escrevia que muitas vezes se envergonhava de ser<br />

qualificado como jornalista econômico, pois se arriscava a ser confundido com<br />

pessoas que ele não considerava nem mesmo jornalistas.<br />

Blomkvist comparava as contribuições dos analistas econômicos com o trabalho

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