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Untitled - Unicamp

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avaliação estigmatizar de reacionários ou conservadores os autores<br />

que elogiam a cultura da cana-de-açúcar no Nordeste, como é o<br />

caso de um Luís da Câmara Cascudo, para quem a indústria açucareira,<br />

de todas as indústrias do mundo, foi a mais popular: é que<br />

a cana-de-açúcar é imediatamente utilizada, tal qual ela é plantada,<br />

ao contrário do café, do algodão, da carnaúba, que precisam antes<br />

passar por um processo para chegar à utilização. No caso do canavial<br />

basta a faca amolada segundo Luís da Câmara Cascudo: “Tendo<br />

faca amolada é fácil adquirir e usar a cana-de-açúcar. Por isso ela<br />

é mais popular e venceu o mel de abelha, em qualquer país do mundo”.<br />

O açúcar, e não o pau brasil, fixou a população à terra. A ocupação<br />

territorial se deu por causa da cana-de-açúcar. Culturalmente<br />

foi o canavial que transformou o escravo africano, sudanês e banto,<br />

em negro brasileiro. O primeiro sabor, segundo Luís da Câmara<br />

Cascudo, a cana-de-açúcar veio para o Brasil depois de 1500, portanto<br />

o índio não a conhecia. O engenho de açúcar deu o bumbameu-boi<br />

e o maracatu. Voltaremos neste século XXI evidentemente<br />

com outras bases sociais, ao canavial, à cana-de-açúcar, à sacarose<br />

de onde provém o álcool-combustível. O que foi, voltará. A primeira<br />

energia extraída da lenha, da madeira, do vegetal, a biomassa,<br />

será a última, depois de a humanidade ter percorrido as etapas<br />

fósseis do carvão de pedra e do petróleo. A última e para sempre.<br />

O que está em vias de acontecer no relacionamento entre o hemisfério<br />

frio e temperado com as regiões intertropicais é uma espécie<br />

de acirramento hiperbólico do colonialismo na fase do ocaso<br />

dos combustíveis fósseis. É que neste século XXI, do ponto de<br />

vista energético, a periferia do capitalismo é o centro, principalmente<br />

se designarmos por periferia a região geográfica dos trópicos.<br />

A história do trabalhismo nacionalista, consoante os depoimentos<br />

de Getúlio, Jango, Darcy e Brizola, é a denúncia da rapinagem<br />

colonial e imperialista, a qual é realizada pela superexploração<br />

do trabalho e pela drenagem das matérias-primas e dos recursos<br />

naturais, de modo que com o processo espoliativo nacional<br />

contribuímos à prosperidade das nações hegemônicas, porém<br />

não fomos vitais e imprescindíveis para elas como se descortina<br />

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