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Marx cometeu algumas derrapagens fundamentais porque não<br />
havia uma ciência termodinâmica consolidada na sua época; ele a<br />
definiu de modo errôneo: como força do trabalho. Na realidade é<br />
o trabalho que resulta da energia. Tudo o oposto, portanto, porque<br />
a energia é a capacidade para produzir trabalho. O trabalho é que<br />
depende da energia. Sem energia não há trabalho, nenhum tipo de<br />
trabalho, nem o trabalho humano nem o trabalho da máquina, nem<br />
o trabalho da natureza. Então, toda essa história de que o trabalho<br />
gera energia não faz sentido, pois ela é a razão do trabalho.<br />
Eu e Giba (Gilberto Vasconcellos) estamos fazendo um livro<br />
sobre essa derrapagem do Marx, e aí é que começam as coisas a ficar<br />
confusas, porque não está se respeitando a ciência. É claro que Marx<br />
não era um físico, um cientista, mas não havia ciência consolidada<br />
na época. Mas isso se consolidou, e os marxistas continuam<br />
insistindo no que Marx falou. Até em respeito a Marx, essas coisas<br />
teriam que ser reajustadas, daí a razão de Gilberto Vasconcellos e eu<br />
fazermos o livro.<br />
A energia se chamou força do trabalho. A força nada tem a ver<br />
com energia, não tem nada a ver. É outra coisa. É do trabalho,<br />
como se viesse do trabalho, quer dizer: a energia é que produz todo<br />
tipo de trabalho, inclusive o trabalho humano, dos músculos e do<br />
cérebro. Se nós não ingerirmos alimento, nós não somos capazes de<br />
produzir nada. Se você passar um mês sem comer, você não se levanta<br />
da cama; quanto mais, é claro, no ato do trabalho, aquela energia<br />
é consumida e precisa de novos alimentos. Então, é uma coisa<br />
absolutamente trivial, e essa coisa não está na essência da teoria marxista,<br />
porque, na época em que Marx a desenvolveu, não havia uma<br />
ciência termodinâmica consolidada.<br />
Houve, até, no início desse século, um prêmio da Academia de<br />
Ciências da França para quem provasse que os princípios da termodinâmica<br />
eram verdadeiros. O princípio não é uma coisa desenvolvida<br />
pelo homem, o princípio é algo que existe, você constata em<br />
todas as experiências, aquele princípio é básico, é a sustentação de tudo,<br />
não tem o que discutir, não tem o que demonstrar, ele é como um<br />
pilar, absoluto, criação de quem seja, criação das leis da natureza.<br />
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