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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PENDURA ESSA - IFCS

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próprio conceito de botequim, o que levantou um primeiro problema em relação ao<br />

projeto: todos sabiam o que é um botequim, mas poucos conseguiam definir, com<br />

exatidão conclusiva, quais as suas características. Longe do rigor da academia, a<br />

equipe editorial estabeleceu que para figurar nas páginas do Rio Botequim, o bar<br />

teria que servir comida caseira, farta e barata; oferecer especialidades como petis-<br />

cos típicos da cozinha desses estabelecimentos; possuir ambiente informal; ter de-<br />

coração e arquitetura típicas; e, sobretudo, ser um lugar onde fosse possível consu-<br />

mir apenas bebidas alcoólicas.<br />

Na pesquisa para o Rio Botequim encontramos variados bares e botequins<br />

com essas características, alguns muito diferentes da imagem típica do velho “pé-<br />

sujo” 5 , “bunda-de-fora” 6 , “cospe-grosso” 7 , “birosca” 8 , “tasca”, “boteco” entre outras<br />

expressões. Alguns botequins eram bastantes populares, já outros, freqüentados por<br />

camadas médias da população. Porém, todos com um certo grau de informalidade<br />

em comparação, por exemplo, aos restaurantes e às casas de pasto, e com, pelo<br />

menos, um dos critérios acima descritos. Também surgiu a noção de bar de passa-<br />

gem em contraposição ao bar de proximidade, o primeiro com uma clientela flutuante<br />

e o segundo com fregueses fixos, muitos dos quais moradores dos arredores do<br />

botequim 9 .<br />

Para tentar entender melhor o que seria afinal o botequim, nos voltamos para<br />

as suas origens, o que nos levou a realizar uma pesquisa lexicográfica da palavra 10 .<br />

Isto nos deu outras pistas. Segundo os dicionários, o termo botequim parece derivar<br />

do diminutivo de botica, botiquinha, “quando esta palavra ainda significava loja em<br />

geral” 11 , variando de farmácia de manipulação à armazém de secos e molhados. A<br />

existência de botequins centenários, sobretudo no Centro da cidade e bairros da<br />

zona Norte, que ainda funcionam misturados a uma espécie de armazém, foi para<br />

5 A expressão “pé-sujo” teria a ver com o costume, hoje raro, de se jogar serragem no chão do<br />

botequim, esta sujaria a sola do sapato dos clientes. Outra possível origem do termo teria a ver com<br />

a condição social do cliente de botequim: pobre a ponto de não ter sapatos e andar descalço.<br />

7 Refere-se aos botequins que têm bancos fixos em frente ao balcão.<br />

6 A expressão tem a ver com a idéia do botequim freqüentado por uma clientela pobre, que não tem<br />

boas maneiras e cospe no chão.<br />

8 Birosca é o botequim situado dentro das favelas.<br />

9 Veremos adiante que a interação entre clientes e proprietários nos dois tipos de bares é bastante<br />

diversa.<br />

10 Ver anexo 2. O quadro apresenta uma pesquisa realizada a partir do Novo Diconário Aurélio da<br />

Língua Portuguesa, a partir dos termos “botequim” e “bodega”.<br />

11 Novo Dicionário Aurélio. 2ª edição. Rio de Janeiro, RJ. Editora Nova Fronteira. 1986.<br />

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