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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PENDURA ESSA - IFCS

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foram acrescentados apêndices que variavam por edição. Nesses capítulos extras<br />

estavam os botequins dos bairros portuários do Rio: Santo Cristo, Gamboa e Saúde;<br />

os bares da Lapa; biroscas de favelas etc.<br />

Além de visitar boa parte desses estabelecimentos, fui responsável pela reda-<br />

ção dos textos do guia. Durante esse processo, comecei a perceber que esses luga-<br />

res tinham uma importância não apenas como identidade cultural da cidade, como o<br />

ex-prefeito buscou ressaltar, mas sobretudo como ponto de encontro onde as pesso-<br />

as atualizavam importantes redes de sociabilidade e construíam um tipo muito mais<br />

íntimo de identidade, com valores como ser homem, trabalhador e questões como<br />

honra, respeito etc, sobretudo nos botequins freqüentados pelas chamadas classes<br />

populares.<br />

Os exemplos disso eram numerosos na pesquisa para o Rio Botequim. Ela,<br />

porém, consistia em um levantamente exploratório sem rigor científico, com genera-<br />

lizações baseadas no talento e sensibilidade dos pesquisadores. Mesmo assim, per-<br />

mitiu que eu transitasse por esse rico universo e despertou em mim o desejo de levar<br />

adiante o desafio de tentar desvendar, para usar um termo emprestado do Rio Bote-<br />

quim, um pedaço da “alma” desses estabelecimentos singulares.<br />

1. 4. Tema, objeto e metodologia<br />

Com os dados do survey do Rio Botequim, me impus o desafio de aprofundar<br />

o tema dentro da academia, entrando para o Programa de Pós-Graduação em Antro-<br />

pologia e Ciência Política (PPGACP), da Universidade Federal Fluminense (UFF).<br />

Delimitei como objeto de pesquisa um botequim de proximidade e as relações de<br />

reciprocidade existentes entre o grupo que o freqüenta no processo cotidiano de<br />

interação social. No trabalho de pesquisa, procurei captar a dinâmica da construção<br />

da realidade na Adeguinha, freqüentando com assiduidade, tomando parte nas con-<br />

versas, me integrando ao convívio diário do grupo de fregueses assíduos, enfim,<br />

realizando o que, na teoria sociológica, chama-se observação participante.<br />

O processo de observar, descrever e interpretar que marca as rotinas do tra-<br />

balho de campo trouxe para mim problemas importantes, pois estava acostumado,<br />

desde a realização do Rio Botequim, a me contentar com um tipo de informação e de<br />

dados, que hoje considero superficiais, e que, no entanto, pareciam satisfazer plena-<br />

mente os objetivos então pretendidos. Subestimei as implicações que esta espécie<br />

de “deformação” profissional iria ter daí em diante no meu trabalho. Foi difícil suplan-<br />

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