19.04.2013 Views

A Morte do Imortal

A Morte do Imortal

A Morte do Imortal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

es-antigravitacionais que suportavam o seu peso a quase três quilóme-<br />

tros dum estéril solo rochoso, apenas apto à urbanização massiva.<br />

O homem, de cabelo em uma alta crista azulada que lhe caia verde<br />

até ao fim das costas, continuava a sua rápida caminhada a pé entre<br />

aquelas duas Urbis. Era Daimon.<br />

Ao entrar num <strong>do</strong>s complexos, curvou acelera<strong>do</strong> para uma rua secun-<br />

dária. A fraca luz exterior atribuía, a to<strong>do</strong> aquele cenário, um tom<br />

cinzento-negro. Aquela via-pedestre estava quase absolutamente desér-<br />

tica, à excepção de alguns corpos dispersos e a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s nos fumos<br />

soporíferos que se escapavam entre as desgastadas fendas abertas no<br />

liso passeio. Uns sons, mu<strong>do</strong>s de pesadas máquinas, vibravam sob os<br />

seus pés. Daimon afundava-se apressadamente na negativamente famosa<br />

«Zona»(área urbana localizada na 1092ª Urbi, <strong>do</strong> Sector A, da 3ª Regi-<br />

ão-continental <strong>do</strong> Norte, da Terra; e inicialmente reservada para os<br />

«desadapta<strong>do</strong>s-sociais», ou seja, indivíduos que haviam agi<strong>do</strong>, ou cujos<br />

seus antepassa<strong>do</strong>s haviam agi<strong>do</strong>, criminalmente contra a administração-<br />

planetária de algum Sig, e «renega<strong>do</strong> eternamente o seu “Direito Natu-<br />

ral de Reabilitação e Reintegração Social”»). A via-pedestre havia-se<br />

multiplica<strong>do</strong> em várias ramificações, e sub-ramificações, que se esti-<br />

cavam em todas as direcções horizontais e verticais, envolven<strong>do</strong>, num<br />

labiríntico novelo-de-caminhos, toda a Zona.<br />

Daimon continuava o seu rápi<strong>do</strong> trajecto, embora, aquele típico<br />

escaldantemente abafa<strong>do</strong> cheiro a gases e podridão, lhe queimasse as<br />

nuas narinas; apressa<strong>do</strong>, nem havia coloca<strong>do</strong> a sua «máscara-de-<br />

protecção-respiratória»(«Mascp-aR»; as Mascp-aRes eram distribuídas<br />

anualmente por to<strong>do</strong>s os habitantes-oficiais da Zona, o que significava<br />

que uma relativamente grande fatia ilegal da sua população, composta<br />

por migrantes-urbanos que não obtiveram a autorização-legal para o<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!