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1990 Volume XV, 4, 4º Trimestre - Acta Reumatológica Portuguesa ...

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ARTRITES REACTIVAS: CASUÍSTICA DA CONSULTA DE REUMATOLOGIA 191<br />

remontam ao início deste século quando em 1916 Hans Reiter na Alemanha<br />

(1) e Fiessinger e Leroy em França (2) descreveram em militares durante a I<br />

Guerra Mundial um quadro clínico de Artrite Asséptica e de Conjuntivite não<br />

purulenta surgindo após um episódio disentérico prévio.<br />

Um avanço importante na individualização deste síndroma, foi proporcionado<br />

por Bauer e Engleman que consideraram o S.R. uma entidade distinta<br />

da Artrite Reumatóide e enfatizaram a possível implicação de um agente infeccioso<br />

no desencadear das queixas (3).<br />

Em 1973 Aho introduziu o termo "Artrite Reactiva (ARe), actualmente<br />

aceite pela maioria dos investigadores como sinónimo de S.R., para identificar<br />

um grupo de artrites assépticas desencadeadas após um conflito infeccioso<br />

extra articular por um agente etiologicamente identificado ou serologicamente<br />

suspeitado (4).<br />

A classificação nosológica das ARe tem sido alvo de um intenso debate<br />

entre os defensores de um conceito mais alargado pretendendo englobar todos<br />

os reumatismos inflamatórios associados com uma infecção extra articular, e<br />

os defensores do conceito restritivo que apenas consideram como ARe as artrites<br />

assépticas após infecção urogenital ou intestinal em indivíduos geneticamente<br />

predispostos portadores do HLA B27 (5).<br />

Os mecanismos patogénicos responsáveis pelo aparecimento das queixas,<br />

não são bem conhecidos apesar das evidências que associam as ARe a uma<br />

grande variedade de agentes infecciosos de natureza bacteriana que parece partilharem<br />

a capacidade de interferir com o sistema imune do hospedeiro induzindo<br />

a produção de anticorpos específicos e a formação de imunocomplexos<br />

circulantes de modo excessivo e desajustado (6).<br />

Nos últimos anos realizaram-se descobertas importantes nas áreas da microbiologia,<br />

da biologia molecular e da imunologia cujos resultados poderão num<br />

futuro próximo possibilitar uma melhor compreensão e caracterização dos<br />

mecanismos responsáveis pela associação da infecção com a artrite (6,7).<br />

Os autores apresentam os resultados de 23 doentes com o diagnóstico de<br />

ARe seguidos na Consulta de Reumatologia do H. S. Maria entre 1980 e 1989,<br />

e tecem algumas considerações acerca da clínica e da terapêutica desta<br />

entidade.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram estudados 23 doentes ambulatórios da Consulta de Reumatologia do<br />

Hospital de Santa Maria com o diagnóstico de Artrite Reactiva (ARe), realizado<br />

com base na presença em cada doente de quatro ou mais dos critérios de<br />

diagnóstico propostos por Amor em 1983 (10) e que são: 1) Artrite asséptica<br />

com uma das seguintes características-Oligoartrite assimétrica; lombalgias,<br />

talalgias e dedos em salsicha; Histologia da sinovial característica: inflamação<br />

perivascular sem hipertrofia sinoviocitária; 2) diarreia precedendo a artrite<br />

num período inferior a um mês; 3) conjuntivite acompanhando ou precedendo<br />

a artrite num período inferior a um mês; 4) lesões mucosas características<br />

(bucais, balanite) ou cutâneas e ungueais psoriasiformes; 6). Terreno genético<br />

ACTA REUMATOLÓGICA PORTUGUESA

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