1990 Volume XV, 4, 4º Trimestre - Acta Reumatológica Portuguesa ...
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ARTRITE REACTIVA A FILARIASE 235<br />
As variantes da filaria, geralmente reconhecidos como entidades distintas,<br />
capazes de causar doença no homem (1,2,3,5,13) são as seguintes:<br />
a) — A Wuchereria brancofti, que é transmitida pelos mosquitos Culex,<br />
Aedes e Anopheles, tem uma localização disseminada a toda a região tropical<br />
com especial incidência no Pacífico Oriental, no Vietname e na Tailândia;<br />
b) — A Brugia malaye que é veiculada pelos mosquitos Mansoni e Anopheles,<br />
localiza-se mais frequentemente no Golfo da Guiné e na índia;<br />
c) — A Loaloa é transmitida pelo mosquito Crysops e localiza-se predominantemente<br />
na América do Sul e no Golfo da Guiné;<br />
d) — A Dipetalomena perstans é transmitida pelo mosquito Calicoideo,<br />
localizando-se com maior intensidade nas áreas tropicais de África e da América<br />
do Sul;<br />
e) — A Enchocerca volvulus é transmitida pela mosca Simulium, estando<br />
localizada mais frequentemente nas áreas subtropicais.<br />
O período de incubação que tem sido referido oscila, em média entre os 8 e<br />
os 16 meses (1,2,3).<br />
A filariase apresenta-se clinicamente por dois quadros distintos — a filariase<br />
linfática aguda ou crónica e a filariase oculta (2).<br />
A filariase linfática aguda, é caracterizada pela presença de edemas, linfangite,<br />
linfadenite e febre com calafrios, e pela ocorrência de nódulos, ao nível das<br />
mamas, dos testículos e tecido celular subcutâneo, resultantes da reacção<br />
granulomatosa provocada pelas microfilarias adultas ou pelas suas larvas. As<br />
manifestações oculares da doença em alguns casos, podem levar à amaurose<br />
(2,5).<br />
Na filariase linfática crónica, as manifestações clínicas, que surgem em<br />
média, 10 ou 15 anos, após a exposição ao agente infectante, são essencialmente<br />
o hidrocelo, a elefantíase, o linfedema e a quiluria (2).<br />
Os indivíduos recém chegados às áreas endémicas, como aconteceu com os<br />
soldados americanos que durante a segunda guerra mundial estiveram nas<br />
Ilhas do Pacífico, apresentam as manifestações agudas da filariase linfática,<br />
não se conseguindo isolar o agente no sangue periférico (2). Foi este o quadro<br />
que ocorreu com o doente que descrevemos.<br />
A filariase oculta (2) caracteriza-se por quadros clínicos diferentes, consoante<br />
os órgãos atingidos. É atribuída a uma reacção de hipersensibilidade aos<br />
antigénios das filarias. O caso mais típico é o pulmão eosinofílico tropical (2,3),<br />
caracterizado por tosse paroxística nocturna, velocidade de sedimentação<br />
elevada, sinais radiológicos de infiltrado bronco-alveolar difuso, títulos elevados<br />
de antigénio da filaria e boa resposta à terapêutica com dietilcarbamazina.<br />
Este quadro pode ser acompanhado de febre moderada e por hiperestesias<br />
cutâneas.<br />
As manifestações articulares da filariase, são essencialmente de três tipos<br />
(1,5). As artrites sépticas primárias, com identificação do agente ou dos seus<br />
antigénios, nas articulações. As artrites sépticas secundárias, resultantes de uma<br />
sobreinfecção a partir de um abcesso de filaria fistulizado; são no geral<br />
monoartrites, que atingem com maior frequência os joelhos. As artrites<br />
reactivas, anteriormente chamadas reumatismos parasitários, em que, como no<br />
ACTA REUMATOLÓGICA PORTUGUESA