Haller Elinar Stach Schunemann - SBHC
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metodológica, mas isso não é o mesmo que determinar a inexistência de uma realidade<br />
supranatural.<br />
Essa necessidade de separar um materialismo metodológico de um ateísmo filosófico,<br />
também é destacado por Ruse (2010). Ele ainda ressalta que mesmo Darwin, tão citado<br />
pelos ateus militantes, como tendo trazido a grande prova que encerra qualquer<br />
possibilidade de crença religosa, não defendia que sua teoria eliminava qualquer sentido<br />
da religião, ou que todos para aceitar sua teoria teriam de se converter ao ateísmo.<br />
Consideramos importante destacar que embora esses autores ateus tenham total direito<br />
de expressar suas convicções filosóficas, o uso da Ciência, por uma parte deles, é feita<br />
com o mesmo objetivo que vários grupos fundamentalistas religiosos tentam utilizar e<br />
desenvolver suas próprias pesquisas científicas para validar suas convicções religiosas<br />
pela Ciência.<br />
Paradoxalmente, podemos perceber que os ateus militantes adotam uma visão de<br />
Ciência dentro de uma visão claramente positivista, negando o próprio avanço da<br />
filosofia da Ciência, que procura entendê-la como um produto histórico e, também,<br />
marcado por interesses e limitações teóricas dos pesquisadores (Fourez, 1995). Ao<br />
brevemente tratarmos desse tema, desejamos ajudar a destacar que a polarização<br />
construída pela temática Criacionismo x Evolucionsimo, se mantém, por um uso<br />
indevido da Ciência. Tanto fundamentalistas religiosos, como ateus militantes, estão<br />
ainda imersos em uma concepção de Ciência que confere a ela uma poder “total” de<br />
legitimar suas crenças. Evidentemente, os criacionistas possuem uma crença religiosa,<br />
enquanto os ateus possuem uma posição filosófica. Nem a Religião, nem a Filosofia são<br />
conhecimentos inúteis ou equivocados por que não estão fundamentados na Ciência. A<br />
necessidade dos fundamentalistas religiosos demonstrar que suas crenças religiosas são<br />
totalmente compatíveis com a “verdadeira ciência” nos parece semelhante, a ação dos<br />
ateus militantes, que consideram que a “verdadeira ciência” só pode levar ao ateísmo.<br />
De alguma forma, o conflito entre Ciência e Religião está na falta de uma melhor<br />
apreciação da Ciência.<br />
A própria compreensão das limitações sócio-históricas do saber científico, nos pode<br />
ajudar a entender e se opor a que a Ciência seja usada indevidamente. O valor da<br />
Ciência está fundamentado justamente em sua flexibilidade e capacidade de alterar seus<br />
paradigmas quando necessários e permitir que várias ações e mudanças possam ser<br />
feitas para melhoria da qualidade de vida do ser humano. Não temos dúvidas que o<br />
conhecimento científico tem uma relação complexa com a religião. Primeiramente, por<br />
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