Folhetim 09 - Galera da Física
Folhetim 09 - Galera da Física
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FOLHE<br />
FOLHE<br />
18 FOLHE TIM<br />
TIM<br />
NOVEMBRO DE 1999<br />
atualização sem ser um pós-graduação?<br />
Arru<strong>da</strong>: Se o interessado não quiser<br />
sair com o título de especialista<br />
ele pode optar por duas disciplinas:<br />
Instrumentação e Metodologia<br />
do Ensino de <strong>Física</strong>. Se desejar<br />
uma formação mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
opta pelas 4 disciplinas. Dessa<br />
forma, podemos atender a vários<br />
interesses.<br />
A partir desse curso de especialização,<br />
estamos com a idéia de<br />
implementar o ensino à distância.<br />
No ensino à distância, o aluno vivenciará<br />
dois momentos: o momento em<br />
que ele comparece à universi<strong>da</strong>de e<br />
cumpre um determinado número de<br />
horas e, outro momento, em que ele<br />
se comunica via Internet com os professores<br />
<strong>da</strong>s disciplinas para a execução<br />
de trabalhos.<br />
A idéia é bastante interessante,<br />
permitindo aos professores afastados<br />
<strong>da</strong> academia e dos grandes<br />
centros produtores de conhecimento<br />
manterem-se atualizados. É<br />
uma grande contribuição para o<br />
ensino <strong>da</strong> <strong>Física</strong>.<br />
<strong>Folhetim</strong>: Como foi a opção do<br />
CAP/UERJ pela coleção “<strong>Física</strong><br />
para o 2 o Grau”?<br />
Cristina: Foi uma idéia feliz. O trabalho<br />
do Luiz e do Marcelo já vem<br />
com uma carta de credenciamento,<br />
pois passa pela análise de uma universi<strong>da</strong>de<br />
como a UFF. A coleção<br />
traz uma visão diferencia<strong>da</strong>. O vestibular<br />
está mu<strong>da</strong>ndo de uma maneira<br />
bastante significativa, para melhor.<br />
As universi<strong>da</strong>des estão cobrando o<br />
ensino aplicável ao cotidiano.<br />
A proposta do Luiz e do Marcelo<br />
vem exatamente na linha de<br />
trabalhar o conceito, o aspecto<br />
fenomenológico, e trazer idéias sobre<br />
o surgimento <strong>da</strong> <strong>Física</strong>. Gosto<br />
muito do capítulo 9, A Evolução<br />
<strong>da</strong>s Idéias, no livro de Mecânica.<br />
Você situa o aluno. Muitos ain<strong>da</strong><br />
chegam ao 3 o ano acreditando que<br />
para a existência de veloci<strong>da</strong>de é<br />
necessária a existência de força,<br />
com uma visão ain<strong>da</strong> aristotélica.<br />
Marcos: A gente brigou muito<br />
para mu<strong>da</strong>r o livro de <strong>Física</strong>. Nós,<br />
aqui, lutamos para ser um campo<br />
de experimentação. O CAP é uma<br />
instituição com 42 anos. Dá um<br />
certo trabalho mu<strong>da</strong>r alguma coisa.<br />
A equipe de <strong>Física</strong> discutiu<br />
muito a questão <strong>da</strong> adoção.<br />
A coleção dá a possibili<strong>da</strong>de de<br />
explorar o aluno com o conhecimento<br />
que ele está trazendo para a<br />
sala de aula. O livro coloca algumas<br />
perguntas e diz: tente responder<br />
<strong>da</strong> maneira como você pensa.<br />
Isso é importante. O aluno se sente<br />
valorizado e pensa: Pô, eu sei<br />
alguma coisa, eu sei um pouco de<br />
<strong>Física</strong>. É claro que nisso tudo tem<br />
o papel do professor em organizar<br />
as idéias do aluno.<br />
Trabalhar com a coleção não é<br />
fácil. A começar pelo professor. É<br />
mais fácil pegar a apostila do vestibular<br />
e entupir o aluno com um<br />
montão de fórmulas. Mas isso impossibilita<br />
o aluno de questionar.<br />
<strong>Folhetim</strong>: Por falar em vestibular,<br />
o CAP/UERJ tem um ótimo<br />
índice de aprovação...<br />
Cristina: O vestibular é uma neurose.<br />
A neurose é reforça<strong>da</strong> pela<br />
ansie<strong>da</strong>de dos pais. O aprendizado<br />
e o domínio do conteúdo têm<br />
que perpassar o ingresso à universi<strong>da</strong>de.<br />
O aluno deve aprender a<br />
ser um ci<strong>da</strong>dão. Quando o aluno é<br />
ensinado a pensar, ele dá conta dessa<br />
passagem ritualesca para o 3 o<br />
grau. O ingresso na universi<strong>da</strong>de não<br />
é um bicho-de-sete-cabeças.<br />
<strong>Folhetim</strong>: Não é um bicho-desete-cabeças<br />
para os alunos que<br />
estu<strong>da</strong>m no CAP/UERJ ou em<br />
outros bons colégios. Fora disso,<br />
a reali<strong>da</strong>de do Brasil é outra.<br />
Cristina: E aí, como é que a gente<br />
faz? Eu me preocupo muito com<br />
isso. O papel <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de é justamente<br />
o de se preocupar com a<br />
quali<strong>da</strong>de do ensino de 2 o grau. A<br />
questão é séria. O compromisso <strong>da</strong><br />
universi<strong>da</strong>de, através <strong>da</strong> educação<br />
continua<strong>da</strong>, é resgatar o professor<br />
<strong>da</strong> rede pública. A universi<strong>da</strong>de<br />
tem o compromisso político com<br />
os cursos de licenciatura.<br />
<strong>Folhetim</strong>: Como vocês reagiram<br />
ao aparecimento do <strong>Folhetim</strong>?<br />
Cristina: É prazerosa a forma jocosa<br />
como é trabalhado o conhecimento.<br />
Isso traz uma leveza. A<br />
entrevista é uma maneira de aproximar<br />
os profissionais ligados à<br />
educação. Isso fortalece a nossa<br />
luta. Nós, que lutamos por uma<br />
mu<strong>da</strong>nça de mentali<strong>da</strong>de, somos<br />
muito solitários.<br />
<strong>Folhetim</strong>: O que o <strong>Folhetim</strong> não<br />
perguntou, mas vocês gostariam<br />
falar?<br />
Cristina: Eu quero lembrar uma<br />
citação do Carlos Drummond de<br />
Andrade, referen<strong>da</strong>ndo o tempo.<br />
Ela foi lembra<strong>da</strong> por uma turma de<br />
formandos <strong>da</strong> qual fui paraninfa:<br />
“Quem teve a idéia de cortar o tempo<br />
em fatias, ao qual deu o nome<br />
de ano, foi certamente um indivíduo<br />
genial. Pois conseguiu, por<br />
decorrência, industrializar a esperança”.<br />
Eu estou esperançosa numa<br />
mu<strong>da</strong>nça de mentali<strong>da</strong>de do professor<br />
que está saindo <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong>des;<br />
<strong>da</strong>s instituições governamentais;<br />
e dos jovens. As instituições<br />
precisam descobrir a importância<br />
<strong>da</strong> educação. Os jovens<br />
acreditarem nas oportuni<strong>da</strong>des<br />
com o domínio do conhecimento.<br />
Arru<strong>da</strong>: É fun<strong>da</strong>mental to<strong>da</strong> essa<br />
discussão para mostrar a importância<br />
<strong>da</strong> <strong>Física</strong> na formação do nosso<br />
ci<strong>da</strong>dão. Mostrar o aspecto <strong>da</strong><br />
relevância social não só do ensino<br />
<strong>da</strong> <strong>Física</strong> como, também, <strong>da</strong> ciência<br />
física. Devemos, desde cedo,<br />
<strong>da</strong>r ao jovem ci<strong>da</strong>dão o conhecimento<br />
do que é ciência e tecnologia.<br />
Mostrar às pessoas que estão<br />
envolvi<strong>da</strong>s na gestão <strong>da</strong> educação,<br />
particularmente do ensino de 1 o e 2 o<br />
graus, que a <strong>Física</strong> tem o seu devido