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ECOLOGIA DE LEBRE-IBÉRICA (Lepus sranatensis) NUM ...

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RESUMO<br />

Resumo<br />

A Lebre-ibérica (<strong>Lepus</strong> granatensis) é a única espécie de lebre descrita para Portugal. A<br />

sua posição nos ecossistemas reveste-se de grande importância pois possui como predadores<br />

algumas espécies com estatuto de conservação. Por outro lado, é uma espécie cinegética<br />

bastante procurada pelos caçadores.<br />

A serra da Estrela é o mais alto conjunto montanhoso de Portugal Continental,<br />

conferindo-lhe a sua localização geográfica e orografia características particulares. Por outro<br />

lado, a gestão adequada das populações de lebre passa pelo conhecimento de aspectos relativos<br />

à sua distribuição e ecologia. No entanto, a informação existente referente a ecossistemas de<br />

montanha é muito incipiente, existindo apenas um breve estudo realizado sobre a distribuição e<br />

abundância da Lebre-ibérica no Parque Natural da Serra da Estrela. Deste modo, torna-se<br />

fundamental o aprofundamento dos conhecimentos sobre a ecologia desta espécie.<br />

Este estudo teve, assim, como objectivos a determinação da distribuição e abundância de<br />

Lebre-ibérica e a sua variação ao longo de um período anual, em dois locais com características<br />

ecológicas distintas, denominadas Santinha e Ensemil, bem como a análise da variação do seu<br />

regime alimentar. Para tal foram aplicados dois métodos de censo: um método directo, a<br />

contagem de indivíduos, e um método indirecto, a contagem de excrementos. As contagens de<br />

indivíduos realizaram-se em diferentes épocas do ano, em transectos nocturnos, com o auxílio de<br />

um foco. As contagens de excrementos foram efectuadas mensalmente, durante um ano, em 24<br />

transectos lineares (50m x im) localizados em 12 locais distribuídos espacialmente por cada uma<br />

das áreas de estudo. O regime alimentar de Lebre-ibérica foi determinado através da análise<br />

microhistológica de excrementos. Para tal, foi elaborada uma colecção de referência das<br />

epidermes de todas as espécies de plantas recolhidas nas duas áreas de estudo.<br />

As abundâncias relativas de lebre apresentaram variação ao longo do ano. Esta variação, no<br />

Ensemil, poderá estar relacionada com os efeitos da actividade cinegética. As densidades relativas,<br />

estimadas no Outono de 2001, foram de 9,5 lebres/100ha na Santinha e 12,9 lebres/100ha no<br />

Ensemil. No entanto, o valor obtido para a Santinha nesta altura, não corresponde ao período em que<br />

foi observado um número máximo de lebres. Assim, as densidades relativas calculadas através do<br />

modelo binomial sugerem que esta área de estudo poderá ter abundâncias de lebres ligeiramente<br />

superiores ao Ensemil (Santinha: 9,5 a 18,8 lebres/100ha; Ensemil: 3,3 a 17,0 lebres/100ha).<br />

A densidade média de excrementos apresentou variação significativa ao longo do ano e<br />

entre áreas de estudo. Contudo, a análise dos dados sugere que esta variação não é apenas<br />

devida a diferenças na abundância de indivíduos mas também ao uso diferencial do espaço.<br />

O regime alimentar da Lebre-ibérica na Serra da Estrela é bastante diversificado,<br />

constituindo as gramíneas a base da sua dieta (frequências relativas sempre iguais ou superiores<br />

a 50% nas duas áreas de estudo). No Verão observa-se uma substituição do consumo de gramíneas<br />

por outras espécies de herbáceas e, também, de arbustos, bem como uma maior ingestão de<br />

partes reprodutivas das plantas. Os resultados sugerem que a dieta de Lebre-ibérica é<br />

semelhante à observada em outras espécies de lebre ocorrentes na Europa.<br />

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