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Demodicose canina Canine demodicosis - Faculdade de Medicina ...

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Leitão JPA e Leitão JPA RPCV (2008) 103 (567-568) 135-149<br />

cura <strong>de</strong> 81% (38/47) nos cães com DC não tratados<br />

anteriormente com amitraz e <strong>de</strong> 75% (18/24) nos<br />

casos refractários ao tratamento quinzenal ou semanal<br />

(Griffin et al., 1993; Nesbitt e Ackerman, 1998). A<br />

duração média do tratamento foi <strong>de</strong> 3,7 meses e não<br />

foi observada toxicida<strong>de</strong> grave (Mathet et al., 1996;<br />

Nesbitt e Ackerman, 1998).<br />

Acredita-se que até 20% dos casos não atingem raspagens<br />

negativas ou recidivam quando o tratamento é<br />

suspenso (Scott et al., 2001). Alguns casos requerem<br />

tratamentos a cada 2 a 4 semanas por toda a vida para<br />

controlar a população <strong>de</strong> ácaros e manter o animal<br />

assintomático (Griffin et al., 1993).<br />

Um estudo <strong>de</strong> Christophe Hugnet et al. (2001)<br />

avaliou a eficácia da aplicação semanal <strong>de</strong> solução <strong>de</strong><br />

amitraz a 1,25% (peso/volume) associada à administração<br />

<strong>de</strong> antídotos (atipamezol e yohimbina) no<br />

tratamento da DCG. Este estudo mostrou uma<br />

percentagem <strong>de</strong> cura <strong>de</strong> 100% em 8 cães com DC com<br />

ida<strong>de</strong>s compreendidas entre os 4 meses e os 12 anos,<br />

previamente resistentes a múltiplos tratamentos <strong>de</strong><br />

amitraz. O número médio <strong>de</strong> banhos necessário para a<br />

cura parasitológica foi <strong>de</strong> 3 (2-5). O seguimento a<br />

longo prazo permitiu registar a ausência <strong>de</strong> recidiva 6<br />

a 36 meses após o último banho e por 12 ou mais<br />

meses em seis cães. É essencial testar este protocolo<br />

num número elevado <strong>de</strong> cães com DCG antes <strong>de</strong> ser<br />

recomendado (Hugnet et al., 2001).<br />

A OD e a PD po<strong>de</strong>m ser especialmente resistentes<br />

aos tratamentos com a solução aquosa. Vários autores<br />

recomendam a aplicação <strong>de</strong> amitraz em diluições<br />

(volume/volume) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1:9 até 1:60 em parafina<br />

líquida ou propilenoglicol duas a três vezes por<br />

semana nas extremida<strong>de</strong>s podais e no interior dos<br />

condutos auditivos (Knottenbelt, 1994; Rho<strong>de</strong>s et al.,<br />

2004). No caso <strong>de</strong> OD isolada, alguns autores sugerem<br />

a utilização <strong>de</strong> uma solução ótica ceruminolítica<br />

antes <strong>de</strong> recorrer ao amitraz já que o potencial para<br />

ototoxicida<strong>de</strong> ainda não foi suficientemente estudado.<br />

Protocolos similares são sugeridos para lesões<br />

localizadas, <strong>de</strong> forma diária ou em dias alternados<br />

(Nesbitt e Ackerman, 1998).<br />

Vários autores recomendam que a primeira<br />

aplicação do tratamento tópico seja realizada na<br />

clínica veterinária, não só pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

bom tratamento preparatório mas também como<br />

forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração para o dono. A vigilância do<br />

animal por um período <strong>de</strong> 12 a 24 horas permite<br />

reconhecer rapidamente efeitos adversos do<br />

tratamento (Griffin et al., 1993; Scott et al., 2001).<br />

Os efeitos secundários mais comuns são sedação<br />

transitória (po<strong>de</strong> durar 12 a 24 horas, sobretudo após<br />

o primeiro tratamento) e prurido <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />

variável nas primeiras aplicações. O aparente agravamento<br />

dos sinais clínicos não <strong>de</strong>ve conduzir à<br />

interrupção do tratamento. À solução aquosa <strong>de</strong><br />

amitraz <strong>de</strong>ve adicionar-se um emoliente e hidratante<br />

para minimizar o efeito secante. Irritação cutânea,<br />

144<br />

letargia e midríase são menos frequentes e ten<strong>de</strong>m a<br />

reduzir com os tratamentos seguintes. Outros efeitos<br />

secundários incluem reacções alérgicas (urticária e<br />

e<strong>de</strong>ma), vómito, diarreia, hiperglicémia, hipotermia,<br />

vasoconstrição, bradicárdia, convulsões e morte<br />

aguda. Deve aplicar-se uma pomada oftálmica nos<br />

olhos dos animais para proteger da acção irritante dos<br />

champôs e do amitraz (Booth e McDonald, 1998;<br />

Adams, 2001; Rho<strong>de</strong>s et al., 2004).<br />

Cachorros com menos <strong>de</strong> 4 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, cães<br />

geriátricos ou <strong>de</strong>bilitados e raças miniatura são mais<br />

sujeitos ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> reacções adversas.<br />

Nestes casos, o tratamento <strong>de</strong>ve iniciar-se com<br />

soluções mais diluídas [ex: 0,0125% (peso/volume)],<br />

reduzir o tempo <strong>de</strong> contacto com a solução ou tratar<br />

apenas meta<strong>de</strong> do corpo <strong>de</strong> cada vez. A concentração,<br />

o tempo <strong>de</strong> contacto e a extensão da superfície<br />

corporal tratada são gradualmente aumentados se os<br />

primeiros tratamentos são bem tolerados (Griffin et<br />

al., 1993; Booth e McDonald, 1998). O amitraz está<br />

contra-indicado em cães <strong>de</strong> raça Chihuahua, em cães<br />

diabéticos e também em fêmeas gestantes (por não<br />

haver estudos <strong>de</strong> avaliação dos efeitos reprodutivos)<br />

(Booth e McDonald, 1998; Tennant, 2005).<br />

Ocasionalmente, os efeitos secundários tornam-se<br />

progressivamente mais severos com os tratamentos<br />

(Scott et al., 2001). A administração <strong>de</strong> yohimbina<br />

(0,1 mg/kg IV) ou atipamezol (0,2 mg/kg IM) está<br />

indicada para reduzir ou reverter as reacções adversas<br />

importantes. A atropina beneficia alguns animais mas<br />

po<strong>de</strong> induzir arritmias cardíacas e potenciar a<br />

hipomotilida<strong>de</strong> gastrointestinal (Booth e McDonald,<br />

1998; Nesbitt e Ackerman, 1998). Se se preten<strong>de</strong><br />

manter o tratamento com amitraz após reacções<br />

adversas intensas, o uso profiláctico <strong>de</strong> yohimbina<br />

(30 µg/kg SC 15 a 30 minutos antes <strong>de</strong> cada aplicação,<br />

seguido <strong>de</strong> 10 µg/kg SC cada 3 horas, segundo<br />

necessário, após o banho) está recomendado (Scott<br />

et al., 2001).<br />

Os tratamentos com amitraz <strong>de</strong>vem ser realizados<br />

em local bem ventilado e com uso <strong>de</strong> protecção pelo<br />

tratador (luvas, máscara e avental). Deve ser evitado o<br />

contacto com os animais logo após o tratamento<br />

(Booth e McDonald, 1998). O amitraz é suspeito <strong>de</strong><br />

ser um agente carcinogénico para seres humanos.<br />

Mulheres grávidas e diabéticos não <strong>de</strong>vem manipular<br />

o medicamento (Pucheu-Haston, 1999; Hillier et al.,<br />

2004). Dermatite <strong>de</strong> contacto, náuseas, vómitos,<br />

cefaleias do tipo enxaquecas, tonturas e episódios<br />

asmatiformes po<strong>de</strong>m afectar o tratador, mesmo que<br />

não haja contacto cutâneo com a solução (toxicida<strong>de</strong><br />

por inalação). Os efeitos são mais prováveis em pessoas<br />

medicadas com inibidores da monoaminoxidase (ex:<br />

anti<strong>de</strong>pressivos tricíclicos, anti-hipertensores e antihistamínicos)<br />

(Griffin et al., 1993). A solução concentrada<br />

<strong>de</strong> amitraz é inflamável até que se dilua em água<br />

pelo que não <strong>de</strong>ve ser manipulada próximo <strong>de</strong> faíscas<br />

ou chamas (Tennant, 2005).

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