Demodicose canina Canine demodicosis - Faculdade de Medicina ...
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Leitão JPA e Leitão JPA RPCV (2008) 103 (567-568) 135-149<br />
normal não são sensíveis à neurotoxicida<strong>de</strong> da ivermectina.<br />
A ivermectina está por isso contra-indicada<br />
nos homozigóticos para o gene MDR1 mutante já que<br />
po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver reacções adversas graves mesmo<br />
com doses únicas muito baixas (0,1 mg/kg) (Mealey et<br />
al., 2001, 2002). Nos heterozigóticos, o seu uso <strong>de</strong>ve<br />
ser muito pru<strong>de</strong>nte. A sensibilida<strong>de</strong> acrescida está<br />
também <strong>de</strong>scrita no Bobtail (Nesbitt e Ackerman,<br />
1998). A sensibilida<strong>de</strong> a outras avermectinas em<br />
Collies e noutras raças <strong>de</strong> cães pastores também foi<br />
referida (Tranquilli et al., 1991; Plumb, 2002). Sem o<br />
acesso a este tipo <strong>de</strong> informação, o uso das avermectinas<br />
nas raças sensíveis i<strong>de</strong>ntificadas reveste-se <strong>de</strong> um<br />
risco importante, facto que <strong>de</strong>ve ser compreendido e<br />
aceite pelo proprietário. Dados preliminares <strong>de</strong> um<br />
estudo sobre a administração <strong>de</strong> ivermectina (0,45-0,6<br />
mg/kg) em dias alternados sugerem que o tratamento<br />
diário po<strong>de</strong> não ser necessário. A associação do tratamento<br />
tópico semanal com amitraz à administração<br />
oral diária <strong>de</strong> ivermectina po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar neurotoxicida<strong>de</strong><br />
grave (Scott et al., 2001; Rho<strong>de</strong>s et al.,<br />
2004).<br />
Milbemicina oxima<br />
A milbemicina oxima usada na dose <strong>de</strong> 0,5-2<br />
mg/kg/dia PO, mostra percentagens <strong>de</strong> cura <strong>de</strong> 15% a<br />
92% (Nesbitt e Ackerman, 1998; Scott et al., 2001).<br />
As doses mais elevadas estão associadas com as<br />
melhores percentagens <strong>de</strong> cura. O tratamento dura em<br />
média 3 meses (Nesbitt e Ackerman, 1998). Este<br />
protocolo parece ser bem tolerado nas raças sensíveis<br />
à ivermectina (Garfield e Reedy, 1992; Hill, 2002). As<br />
reacções adversas (estupor, ataxia e tremores transitórios)<br />
são raras e <strong>de</strong>saparecem com a interrupção do<br />
tratamento (Paradis, 2000).<br />
Moxi<strong>de</strong>ctina<br />
Existe pouca informação sobre o uso da moxi<strong>de</strong>ctina.<br />
Administrada na dose <strong>de</strong> 0,2-0,4 mg/kg/dia PO,<br />
mostra percentagens <strong>de</strong> cura entre 88% e 100%<br />
Figura 17 - O mesmo cão da figura 10, 87 dias após o início do tratamento.<br />
Note-se a melhoria significativa (original).<br />
146<br />
(González et al., 1998). A duração do tratamento varia<br />
<strong>de</strong> 2 a 5 meses (Lopez, 1998). As reacções adversas<br />
(anorexia, letargia, tremores, ataxia e estupor) são<br />
raras e passageiras (Paradis, 2000). Está também<br />
disponível sob a forma <strong>de</strong> spot on com 2,5%<br />
(peso/volume) <strong>de</strong> moxi<strong>de</strong>ctina para o controlo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>modicose (causada por D. canis), na dose <strong>de</strong> 0,1<br />
ml/kg preconizando 2 a 4 aplicações a cada 4<br />
semanas, mas não especificando qual a forma da<br />
doença (Bayer, 2003). Apesar do fabricante reportar<br />
uma redução <strong>de</strong> 97,84% no número <strong>de</strong> ácaros nos cães<br />
tratados com este regime, no final do estudo foram<br />
encontrados ácaros num número significativo <strong>de</strong> cães<br />
(Bayer, 2003). Muitos autores acreditam que a moxi<strong>de</strong>ctina<br />
neste regime não é eficaz para o tratamento<br />
da DCG, recomendado mais estudos para avaliar a<br />
eficácia <strong>de</strong> regimes não autorizados (Bonagura e<br />
Twedt, 2009).<br />
Doramectina<br />
Há relatos <strong>de</strong> que a doramectina na dose <strong>de</strong> 0,6<br />
mg/kg SC uma vez por semana é eficaz na DC com<br />
percentagens <strong>de</strong> cura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 85%. As reacções<br />
adversas (midríase, letargia, cegueira e coma) são<br />
raras (Medleau e Hnilica, 2006; Bonagura e Twedt,<br />
2009).<br />
Em todos os trabalhos publicados, a percentagem <strong>de</strong><br />
cura clínica exce<strong>de</strong> a verda<strong>de</strong>ira percentagem <strong>de</strong> cura,<br />
com recidivas em 10% a 45% dos casos. As recidivas<br />
po<strong>de</strong>m surgir em qualquer altura mas são mais<br />
observadas nos primeiros 3 meses após o fim do<br />
tratamento, possivelmente por tratamento insuficiente.<br />
Se a recidiva surge nos primeiros 3 meses, o<br />
tratamento mais vigoroso (dose e/ou frequência) com<br />
o mesmo fármaco po<strong>de</strong> levar à cura. Se o segundo<br />
tratamento falha ou se a primeira recidiva ocorre 9 ou<br />
mais meses após o fim do tratamento, provavelmente<br />
tratamentos adicionais com o mesmo fármaco não<br />
conduzem à cura. Fármacos alternativos <strong>de</strong>vem ser<br />
usados.<br />
Com os tratamentos actuais nem todos os cães com<br />
DC alcançam a cura. Nestes casos, o dono po<strong>de</strong><br />
escolher entre o tratamento crónico <strong>de</strong> manutenção e a<br />
eutanásia. Os autores acompanham dois casos em<br />
tratamento com ivermectina em dias alternados (0,6<br />
mg/kg) há cerca <strong>de</strong> 3 anos sem que tenham manifestado<br />
sinais <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>. Outros autores relatam alguns<br />
casos <strong>de</strong> tratamento oral cada 2 a 3 dias com<br />
ivermectina ou milbemicina oxima por períodos <strong>de</strong> 4<br />
ou mais anos, igualmente sem efeitos secundários<br />
(Scott et al., 2001).<br />
Imunoestimulantes<br />
O uso <strong>de</strong> imunoestimulantes inespecíficos para<br />
melhorar a resposta ao tratamento específico <strong>de</strong> DC é<br />
advogado por alguns. Um medicamento imunológico