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A VIAGEM DE IBN AMMÂR DE SÃO BRÁS A SILVES - Campo ...

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A. Fernandes, A. Khawli, L. Fraga<br />

dakhîra, p. 70). Nela faz-se menção a diversas localidades doadas pelo rei de Niebla e do<br />

Algarve, Ibn Mahfûz, ao soberano de Castela, Afonso X 8 .<br />

É importante notar que Paderna na primeira referência não era classificada como hisn, o que<br />

indica que o seu castelo ainda não existia nessa altura (século XI), facto comprovado pela<br />

arqueologia que lhe atribui uma cronologia mais tardia, nomeadamente do período das<br />

dinastias magrebinas almorávida e almoáda (H. Catarino, 1993, p. 86).<br />

Algoz<br />

Foi o arabista algarvio J. Garcia Domingues que identificou este topónimo com Al-juz ( ),<br />

nome de uma das localidades doadas pelo rei de Niebla aos Cristãos (anónimo, ad-dakhîra, p.<br />

70). No entanto, de uma leitura atenta ao texto árabe, e tomando em consideração que a<br />

doação compreendia unicamente terras importantes da província do Algarve, achamos que<br />

seria melhor ler Al-Juzur () em vez de Al-Juz. Tratar-se-ia então do truncamento da<br />

última letra do topónimo, que significa ilha ou penínsulas, e que daria em português Aljezur.<br />

Quanto ao topónimo Algoz, seria eventualmente derivado de al-Ghuzz (). Este étimo,<br />

assim como o de Al-Aghzâz, era o nome que designava os mercenários de origem turca ao<br />

serviço das dinastias árabes do Oriente islâmico. Na década de oitenta do século XII, um<br />

grupo deles guerreava na Tunísia contra os Almoádas. Em 1187, foram derrotados pelas<br />

tropas do califa almoáda Al-Mançûr (1184-1199) e, depois de exilados para Marrocos como<br />

prisioneiros de guerra, formam um contingente que participou nas lutas contra os Reinos<br />

cristãos do al-Andalus. A sua participação neste território islâmico é atestada em 1191, ano da<br />

conquista de Alcácer e Silves aos Portugueses (Ibn Idârî, pp. 210-212). Seria assim possível<br />

que se estabelecessem como milícia defensiva nos arredores de Silves, ocupando o espaço<br />

que, eventualmente, ficaria com o seu nome sob a forma Algoz.<br />

Silves<br />

A madîna de Xilb foi talvez a cidade do Gharb que mais beneficiou da civilização islâmica<br />

medieval. De facto, de uma pequena urbe sem grande brilho nos períodos romano e visigodo,<br />

Silves, a partir do século X, apresenta-se como uma cidade soberana cheia de dinâmica e de<br />

riquezas. No século das taifas, e consequentemente à sua integração no reino de Sevilha,<br />

alcançou o seu grande apogeu, tornando-se a capital da kûra de Ocsûnoba. Para além da sua<br />

8 - O texto diz o seguinte: “E neste ano (de 645 H/ 1247-48) entregou Ibn Mahfûz aos cristãos a cidade de<br />

Talabîra (melhor Tabîra - Tavira) al-‘Ulâ (melhor al-‘Ulyâ - Loulé), Xilb (Silves), Al-juz (melhor Al-juzur i.é<br />

Aljezur) e Al-Khuzâna (melhor Al-Muzâna, i.é. Messines), Marxûxa (talvez Barxûxa, Porches) e Al-Hurra<br />

(melhor Al-Buhayra, Albufeira). Ver a tradução deste texto em Garcia Domingues, op.cit. p. 232.<br />

16 <strong>Campo</strong> Arqueológico de Tavira 2006- www.arqueotavira.com

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