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A VIAGEM DE IBN AMMÂR DE SÃO BRÁS A SILVES - Campo ...

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A viagem de Ibn Ammâr, de São Brás a Silves<br />

Mesmo que existissem esses vestígios, convenientemente datados, tal como sucede por vezes<br />

para as vias romanas, eles não seriam suficientes, devido ao carácter aleatório e pontual da sua<br />

sobrevivência fóssil, que levanta questões suplementares sobre o seu abandono precoce, dado<br />

o padrão geral da reutilização milenária dos eixos mais importantes, pelo menos até meados<br />

do séc. XVIII.<br />

As fontes corográficas árabes medievais também não servem para reconstituir a rede viária<br />

então existente na nossa zona de estudo. De um modo geral elas não descrevem estradas mas<br />

apenas a topologia das principais ligações geopolíticas entre os lugares centrais mais notáveis<br />

da época em que foram escritas.<br />

As distâncias nelas indicadas, independentemente dos seus erros, traduzem uma topografia de<br />

poder e de articulação territorial, que só indirectamente terá a ver com a rede de caminhos<br />

existentes. O único itinerário do Algarve que chegou até nós (em três versões, duas de Idrîsî e<br />

uma de al-Maghribi 11 ) é um roteiro naval pelos portos do Sudoeste, que não se pode<br />

relacionar com nenhum sistema viário terrestre.<br />

Algumas escassas fontes medievais indicam, directa ou implicitamente, trajectos concretos<br />

que se podem decalcar em topografias posteriores, revelando os percursos efectivos de<br />

estradas coevas. É o caso de passagens bem conhecidas da "Crónica da Conquista do<br />

Algarve", que, no nosso território de estudo entre São Brás de Alportel e Silves, refere a<br />

existência de uma estrada entre Loulé e Desbarato, que passaria implicitamente por São<br />

Brás 12 .<br />

Corografia histórica<br />

Sendo a parte fóssil (arqueológica) da rede viária antiga insignificante, as reconstituições<br />

fundamentam-se essencialmente na parte que se manteve a uso em épocas posteriores, sob a<br />

forma de estradas mais modernas sobrepostas ou de caminhos milenários em que as vias<br />

antigas se tornaram ou ainda de vestígios topográficos da decomposição e fossilização<br />

posterior desses caminhos.<br />

A esse palimpsesto de sobreposições viárias associa-se outro palimpsesto de vestígios<br />

corográficos coevos das ocupações territoriais sucessivas: povoamento, exploração de<br />

recursos, sítios simbólicos e nomes de lugar.<br />

11 Ibn Said al-Maghribi: Kitâb bast al-ard fî-l-tûl wa-l-ard in REI (2005) e Idrisi, IV.1<br />

12 AGOSTINHO (1792): 244-245<br />

<strong>Campo</strong> Arqueológico de Tavira 2006- www.arqueotavira.com 21

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