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Cícero Dantas Martins – De Barão a Coronel - Programa de Pós ...

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toda voltada para o mercado externo , permitiu a formação <strong>de</strong> uma estratificação social organizada por<br />

aquele que era o dono e o principal responsável pela fabricação do produto mais disputado pela me-<br />

trópole portuguesa.<br />

A partir da divisão <strong>de</strong> trabalho estruturada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um engenho po<strong>de</strong>mos vislumbrar a ori-<br />

gem do po<strong>de</strong>r político, social e econômico que no início foi personificado pelo próprio dono do en-<br />

genho e mais tar<strong>de</strong> se incorporou a figura do coronel . O fazen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos coloniais co-<br />

mandava suas terras como se fosse um senhor feudal , guardando as <strong>de</strong>vidas proporções do tempo<br />

histórico, no qual o termo feudal é usualmente empregado . O grupo <strong>de</strong> plantadores, apesar <strong>de</strong> peque-<br />

no em relação ao contigente populacional , dominava toda a população local. Apesar da socieda<strong>de</strong><br />

colonial brasileira ser pouco estratificada, e muitos historiadores consi<strong>de</strong>rarem apenas dois grupos<br />

sociais relevantes em sua representação, senhores <strong>de</strong> engenho no topo e escravos na base da pirâmi-<br />

<strong>de</strong>, encontramos no meio <strong>de</strong>sta, outros setores <strong>de</strong>ntro da própria estrutura `terra-engenho ', que eram<br />

subordinados também ao senhor <strong>de</strong> engenho.<br />

Logo abaixo da família do proprietário <strong>de</strong> terras existia uma escala gradual <strong>de</strong> trabalhadores:<br />

o feitor, o mestre <strong>de</strong> açúcar e vários outros que <strong>de</strong>sempenhavam funções mais simples , mas todos<br />

eles subordinados ao `potentado'.<br />

Já no Império , além dos trabalhadores ligados diretamente a ele, existiam também aqueles que<br />

faziam parte do circuito <strong>de</strong> dominação através <strong>de</strong> outras relações <strong>de</strong> trabalho . Eram os agricultores<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, agregados, arrendatários e parceiros que apesar <strong>de</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem diretamente do<br />

mando do senhor <strong>de</strong> engenho, a ele estavam subordinados indiretamente, seja pela <strong>de</strong>pendência do<br />

engenho para moer sua cana, ou pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> barganharem um pequeno pedaço <strong>de</strong> terra para<br />

garantirem suas subsistências . Cada vez mais a socieda<strong>de</strong> foi se especializando , novas formas <strong>de</strong> tra-<br />

balho foram surgindo: eram os jornaleiros (forma <strong>de</strong> trabalho assalariado), artesões, fornecedores;<br />

mas todos eles garantidos pelas benesses distribuídas, sempre pelo dono do engenho.<br />

Graças a esse elevado número <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, que tinham suas economias <strong>de</strong> vida ligadas ao<br />

complexo do engenho, o latifundiário passou a condição <strong>de</strong> patriarca -social na medida em que tor-<br />

nou-se gradativamente o gestor das relações daquela socieda<strong>de</strong> que se agrupava em sua volta.<br />

Donos da economia e das relações sociais , logo passaram a gerir, também, o relacionamento<br />

<strong>de</strong> seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes com o po<strong>de</strong>r público . <strong>De</strong>sta maneira se tornaram os seus representantes, agindo<br />

e falando por eles . Justificavam essas prerrogativas através do relacionamento paternal que alimenta-<br />

vam. Segundo Pang, era "esse sistema <strong>de</strong> supremacia política <strong>de</strong> um só homem , cujo po<strong>de</strong>r se basea-<br />

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