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Cícero Dantas Martins – De Barão a Coronel - Programa de Pós ...

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lhimento, vez que podiam, sendo proprietários dos bilhetes, cobrar uma quantia bem mais<br />

elevada daquela que adquiriram.<br />

O gado bovino e, secundariamente, o muar e o cavalar, couros e peles, coelhos, quero-<br />

sene e pólvora eram a os principais produtos responsáveis pela receita do município e, por<br />

isso, <strong>de</strong> maior taxação e maior lucrativida<strong>de</strong> para os arrematantes. Segundo <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong><br />

antigo funcionário da prefeitura <strong>de</strong> feira <strong>de</strong> Santana, "um cidadão que chegou em Feira <strong>de</strong><br />

Santana com algum dinheiro conseguiu arrematar imposto sobre o gado e ao <strong>de</strong>ixar a sala<br />

on<strong>de</strong> se realizou o leilão, recebeu um tiro nas costas, morrendo logo em seguida. <strong>De</strong>clarava,<br />

ainda, aquele mesmo cidadão que só pessoas muito entrosadas com a política da região podi-<br />

am entrar no negócio".13 Daí caracterizar-se a arrematação como uma transação <strong>de</strong> "monopó-<br />

lio" por <strong>de</strong>terminado conjunto <strong>de</strong> indivíduos que dominava a política, à época.<br />

Como po<strong>de</strong>mos observar a profissão <strong>de</strong> arrematante era muito <strong>de</strong>licada, pois envolvia<br />

cobranças. Constantemente haviam contendas envolvendo o arrematante e as partes envolvi-<br />

das no processo <strong>de</strong> cobrança. João <strong>Dantas</strong> não escapou as antipatias que o cargo trazia em si.<br />

Em certa ocasião, quando pernoitava em Jeremoabo, em viagem no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ssa mis-<br />

são, foi, certa vez, "maltratado aleivosamente com um tiro <strong>de</strong> espingarda, que quase lhe tirava<br />

a vida, sendo, por isso, autorizado, pela provisão <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1814, a usar <strong>de</strong> armas, ele e<br />

dois pajens". 14<strong>De</strong>sse atentado, atribuído o mandato a pessoa <strong>de</strong> importância em Itapicurú, seu<br />

parente, fez-se o competente processo, con<strong>de</strong>nando-se os autores materiais, "aos quais, entre-<br />

tanto, João d'Antas perdoou".15<br />

O parente acima citado era o capitão-mor do Terço das Or<strong>de</strong>nanças da vila <strong>de</strong> Itapicu-<br />

rú <strong>de</strong> Cima, Luís <strong>de</strong> Almeida Maciel. D. Francisca Xavier <strong>de</strong> Souza <strong>Dantas</strong>, com quem João<br />

<strong>Dantas</strong> se casou, era sua prima em segundo grau e sobrinha das irmãs Joana Vitória <strong>de</strong> Souza<br />

Leite e Maria Vitória <strong>de</strong> Souza respectivamente primeira e segunda esposa <strong>de</strong> Luís <strong>de</strong> Almei-<br />

da. Outro casamento reforçou o laço entre as duas famílias, o filho mais velho <strong>de</strong> Luís <strong>de</strong> Al-<br />

meida, Manuel Álvares Maciel, casou-se com Josefa Ferreira <strong>de</strong> Brito, prima <strong>de</strong> João <strong>Dantas</strong>,<br />

filha <strong>de</strong> uma irmã <strong>de</strong> sua mãe.<br />

As <strong>de</strong>mandas entre Luís <strong>de</strong> Almeida e João <strong>Dantas</strong> não se restringiram apenas aos <strong>de</strong>-<br />

sentendimentos causados pela influência <strong>de</strong> <strong>Dantas</strong> junto a arrematantes, elas se esten<strong>de</strong>ram<br />

por longas anos e tiveram outras motivos que não cabem aqui ser citados.<br />

Além <strong>de</strong> arrematante, João <strong>Dantas</strong> ocupou outros cargos públicos em Itapicurú, inclu-<br />

sive o <strong>de</strong> Juiz ordinário e Juiz <strong>de</strong> órfãos. Esses cargos eram revestidos <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> impor-<br />

tância política e social pois faziam parte da administração da justiça brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os pri-<br />

mórdios da colonização.<br />

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