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natalidade e educação no pensamento político de ... - pibid/ufsj

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Com vistas na <strong>natalida<strong>de</strong></strong>, esse potencial criador presente em cada homem por seu<br />

nascimento, aliado a seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> começar algo totalmente <strong>no</strong>vo, Arendt atribui à <strong>educação</strong><br />

a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong>sse dom <strong>de</strong> começar. Não é responsabilida<strong>de</strong> da<br />

política a <strong>educação</strong> <strong>de</strong> crianças e jovens. Pois, “a <strong>educação</strong> não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar papel<br />

nenhum na política, pois na política lidamos com aqueles que já estão educados. Quem<br />

quer que queira educar adultos na realida<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> agir como guardião e impedi-los <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> política” 34 .<br />

A <strong>educação</strong> não <strong>de</strong>ve servir à política e tampouco a política se servir da <strong>educação</strong>. A<br />

política <strong>de</strong>ve acolher seres que são, por meio da <strong>educação</strong>, inseridos <strong>no</strong> mundo. Ou seja,<br />

seres adultos e já educados são inseridos na esfera pública <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> entre os homens.<br />

Pois, “<strong>no</strong> âmbito <strong>político</strong> tratamos unicamente com adultos que ultrapassaram a<br />

ida<strong>de</strong> da <strong>educação</strong> propriamente dita, e a política, ou o direito <strong>de</strong> participar da condução dos<br />

negócios públicos, começa precisamente on<strong>de</strong> termina a <strong>educação</strong>” 35 . Em <strong>educação</strong><br />

lidamos com pessoas que não po<strong>de</strong>m ainda ser admitidas na política como seres iguais.<br />

Pessoas essas que encontram-se na esfera social, <strong>no</strong> limiar da esfera pública.<br />

Ao separar a esfera pública do âmbito <strong>no</strong> qual a <strong>educação</strong> está inserida (esfera<br />

social), Arendt enten<strong>de</strong> que falar <strong>de</strong> <strong>educação</strong> na política não soa bem, pois se isso<br />

acontece o real objetivo “é a coerção, sem o uso da força” 36 .<br />

Embora a <strong>educação</strong> faça parte da esfera social, é uma das ativida<strong>de</strong>s mais<br />

importantes presentes na condição humana e necessária à vida em socieda<strong>de</strong>. Socieda<strong>de</strong><br />

essa que é sempre re<strong>no</strong>vada pela constante chegada <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos seres huma<strong>no</strong>s <strong>no</strong> mundo.<br />

O que faz com que, nas palavras <strong>de</strong> Arendt, “a criança, objeto da <strong>educação</strong>, possui para o<br />

educador um duplo aspecto: é <strong>no</strong>va em um mundo que lhe é estranho e se encontra em<br />

processo <strong>de</strong> formação; é um <strong>no</strong>vo ser huma<strong>no</strong> e é um ser huma<strong>no</strong> em formação” 37 .<br />

Para Arendt, é por meio da <strong>educação</strong> que pais e educadores assumem a<br />

responsabilida<strong>de</strong> tanto pela vida e <strong>de</strong>senvolvimento das crianças, como pela continuida<strong>de</strong><br />

do mundo. Dessa maneira, garantimos tanto a proteção às crianças dos perigos do mundo,<br />

bem como garantimos ao mundo proteção para que perdure.<br />

Contudo, Arendt atenta-<strong>no</strong>s para o fato <strong>de</strong> que as crianças são seres huma<strong>no</strong>s em<br />

processo <strong>de</strong> formação que são introduzidas ao mundo por intermédio da escola, mas que a<br />

escola não é o próprio mundo. A escola faz parte do mundo, mas não o representa. A escola<br />

é, segundo a autora, “a instituição que interpomos entre o domínio privado do lar e o mundo<br />

34 Hannah ARENDT, A crise na <strong>educação</strong>, p. 225.<br />

35 I<strong>de</strong>m., Que é autorida<strong>de</strong>?, p.160.<br />

36 I<strong>de</strong>m., A crise na <strong>educação</strong>, p. 225<br />

37 Ibid., p. 234-235.<br />

Natalida<strong>de</strong> e <strong>educação</strong> <strong>no</strong> <strong>pensamento</strong> <strong>político</strong> <strong>de</strong> Hannah Arendt – Esmeraldina A. Ferreira - 2012<br />

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