natalidade e educação no pensamento político de ... - pibid/ufsj
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fadado à ruína pelo tempo, a me<strong>no</strong>s que existam seres huma<strong>no</strong>s <strong>de</strong>terminados a intervir, a<br />
alterar, a criar aquilo que é <strong>no</strong>vo” 44 . Para tanto, <strong>de</strong>ve-se, segundo Arendt,<br />
Educar <strong>de</strong> tal modo que um por-em-or<strong>de</strong>m continue sendo efetivamente possível,<br />
ainda que não possa nunca, é claro, ser assegurado. Nossa esperança está<br />
pen<strong>de</strong>nte sempre do <strong>no</strong>vo que cada geração aporta; precisamente por basearmos<br />
<strong>no</strong>ssa esperança apenas nisso, porém, é que tudo <strong>de</strong>struímos se tentarmos<br />
controlar os <strong>no</strong>vos <strong>de</strong> tal modo que nós, os velhos, possamos ditar sua aparência<br />
futura. 45<br />
Não po<strong>de</strong>mos impedir o jovem <strong>de</strong> livre e espontaneamente agir. Para Arendt, a<br />
<strong>educação</strong> <strong>de</strong>ve ser conservadora, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> conservar o que é <strong>no</strong>vo e revolucionário em<br />
cada criança, bem como o <strong>de</strong> conservar o mundo. Deve possibilitar a inserção do <strong>no</strong>vo em<br />
um mundo velho e <strong>de</strong> todos conhecido.<br />
Falarmos em preservação da <strong>no</strong>vida<strong>de</strong> como objetivo da <strong>educação</strong>, implica em<br />
tentarmos explicitar sua relação com o caráter <strong>de</strong> conservação empregado pela autora. Para<br />
Arendt, a crise mo<strong>de</strong>rna na <strong>educação</strong> trouxe consigo a conseqüente crise da autorida<strong>de</strong>,<br />
conectada à crise da tradição. A crise da tradição consiste na “crise <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa atitu<strong>de</strong> face ao<br />
âmbito do passado” 46 .<br />
No entanto, tradição e passado não são a mesma coisa. Com a perda da tradição<br />
per<strong>de</strong>mos também “o fio que <strong>no</strong>s guiou com segurança através dos vastos domínios do<br />
passado” 47 O professor, por situar-se como mediador entre o <strong>no</strong>vo (criança) e o velho (o<br />
mundo já existente), <strong>de</strong>ve respeito ao passado, pois sua autorida<strong>de</strong> situa-se entre o <strong>no</strong>vo e<br />
o passado. Respeito àquele princípio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o qual algo <strong>no</strong> mundo foi instaurado.<br />
Enfim, o que Arendt visa por em discussão sobre a <strong>educação</strong> é, na relação entre<br />
adultos e crianças,<br />
44<br />
Hannah ARENDT, A crise na <strong>educação</strong>, p. 242.<br />
45<br />
Ibid., p. 243.<br />
46<br />
Ibid., p. 243.<br />
47<br />
I<strong>de</strong>m., Que é autorida<strong>de</strong>?, p. 130.<br />
48 Ibid., p. 247.<br />
<strong>no</strong>ssa atitu<strong>de</strong> face ao fato da <strong>natalida<strong>de</strong></strong>: o fato <strong>de</strong> todos nós virmos ao mundo ao<br />
nascermos e <strong>de</strong> ser o mundo constantemente re<strong>no</strong>vado mediante o nascimento. A<br />
<strong>educação</strong> é o ponto em que <strong>de</strong>cidimos se amamos o mundo o bastante para<br />
assumirmos a responsabilida<strong>de</strong> por ele, e com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria<br />
inevitável não fosse a re<strong>no</strong>vação e a vinda dos <strong>no</strong>vos e dos jovens. 48<br />
Natalida<strong>de</strong> e <strong>educação</strong> <strong>no</strong> <strong>pensamento</strong> <strong>político</strong> <strong>de</strong> Hannah Arendt – Esmeraldina A. Ferreira - 2012<br />
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