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natalidade e educação no pensamento político de ... - pibid/ufsj

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A tarefa <strong>de</strong> mudar o mundo não é futura, é presente. Não é responsabilida<strong>de</strong> das<br />

crianças, mas dos adultos. O problema não po<strong>de</strong>rá ser resolvido abolindo a autorida<strong>de</strong> dos<br />

adultos e negando sua responsabilida<strong>de</strong> com o mundo.<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> Fátima Simões Francisco,<br />

Todas as pessoas presentes em <strong>de</strong>terminado momento neste mundo, e em<br />

particular <strong>no</strong> mundo <strong>de</strong>safiador em que vive o homem do presente, são chamadas a<br />

“reconhecer” esse mundo, isto é, a compreen<strong>de</strong>r o que vai nele e a respon<strong>de</strong>r pelo<br />

que ocorre nele. 11<br />

E como resposta ao que ocorre <strong>no</strong> mundo, Arendt, que não vê <strong>no</strong> costume social da<br />

segregação algo inconstitucional, diz que:<br />

A segregação é a discriminação imposta pela lei, e a <strong>de</strong>ssegregação não po<strong>de</strong> fazer<br />

mais do que abolir as leis que impõem a discriminação; não po<strong>de</strong> abolir a<br />

discriminação e forçar a igualda<strong>de</strong> sobre a socieda<strong>de</strong>, mas po<strong>de</strong> e na verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />

impor a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do corpo <strong>político</strong>. Pois a igualda<strong>de</strong> não só tem a sua<br />

origem <strong>no</strong> corpo <strong>político</strong>; a sua valida<strong>de</strong> é claramente restrita à esfera política.<br />

Apenas nesse âmbito somos todos iguais. 12<br />

A igualda<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>ve ser garantida a cada indivíduo por ser cidadão e ser <strong>político</strong>,<br />

não abole da socieda<strong>de</strong> a discriminação. Ao contrário, em socieda<strong>de</strong>, a discriminação é seu<br />

princípio inerente. Socieda<strong>de</strong> essa por Arendt caracterizada como sendo,<br />

[...] essa esfera curiosa, um tanto híbrida, entre o <strong>político</strong> e o privado em que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o início da era mo<strong>de</strong>rna, a maioria dos homens tem passado a maior parte da vida.<br />

Pois cada vez que abandonamos as quatro pare<strong>de</strong>s protetoras <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso lar e<br />

cruzamos o limiar do mundo público, entramos primeiro não na esfera política da<br />

igualda<strong>de</strong>, mas na esfera social. 13<br />

E ainda acrescenta que “sem algum tipo <strong>de</strong> discriminação, a socieda<strong>de</strong><br />

simplesmente <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> existir e possibilida<strong>de</strong>s muito importantes <strong>de</strong> livre associação e<br />

formação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong>sapareceriam” 14 .<br />

A questão não é i<strong>de</strong>ntificar e reconhecer a discriminação como um direito social<br />

intrínseco à socieda<strong>de</strong> ou como aboli-la. Mas, sim, “como mantê-la confinada <strong>de</strong>ntro da<br />

11 Preservar e re<strong>no</strong>var o mundo, Educação, v. 4, p. 29.<br />

12 Reflexões sobre Little Rock, p.272.<br />

13 Ibid., p.273.<br />

14 Ibid., p.273.<br />

Natalida<strong>de</strong> e <strong>educação</strong> <strong>no</strong> <strong>pensamento</strong> <strong>político</strong> <strong>de</strong> Hannah Arendt – Esmeraldina A. Ferreira - 2012<br />

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