ensino subliminar: o uso de métodos subliminares em sala ... - UFTM
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ENSINO SUBLIMINAR: O USO DE MÉTODOS SUBLIMINARES EM SALA<br />
DE AULA<br />
Subliminal Teaching: The Use of Subliminal Methods in the classroom<br />
Osvaldo Lazaro Salerno 1<br />
Orientador: Prof. Mr Lucas Felix <strong>de</strong> Oliveira 2<br />
RESUMO: O presente trabalho apresenta uma abordag<strong>em</strong> do <strong>uso</strong> <strong>de</strong> recursos <strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong><br />
contexto <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração da<br />
mente inconsciente potencializando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> dos alunos inibindo possíveis<br />
barreiras psicológicas, além <strong>de</strong> agir como agente motivacional <strong>de</strong>ntro do processo. Para tal foi<br />
realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo <strong>de</strong> averiguar a viabilida<strong>de</strong> do método<br />
<strong>subliminar</strong> b<strong>em</strong> como das tecnologias que po<strong>de</strong>m ser aplicadas nesse contexto.<br />
PALAVRAS CHAVES: Subliminar, Ensino, Inconsciente, Psicologia.<br />
ABSTRACT: The present work presents an approach of the use of subliminal resources in the<br />
classroom context, with the purpose of <strong>de</strong>monstrating the possibility of exploring the<br />
subconscious mind potentializing the capacity of the stu<strong>de</strong>nts' learning, putting an end to any<br />
psychological barriers and acting as a motivational agent insi<strong>de</strong> this process. For doing this, a<br />
bibliographical research was accomplished with the objective of discovering the viability of the<br />
subliminal method as well as of the technologies that can be applied in that context.<br />
KEY WORDS: Subliminal, Teaching, Subconscious, Psychology.<br />
______________________<br />
1 Trabalho <strong>de</strong> Conclusão do Curso <strong>de</strong> Especialização <strong>em</strong> Docência na Educação Superior pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
do Triângulo Mineiro (<strong>UFTM</strong>), Uberaba - MG. E-mail: osvaldolazarosalerno@msn.com<br />
*Licenciado <strong>em</strong> Química pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba (UNIUBE).<br />
Discente do curso <strong>de</strong> Especialização <strong>em</strong> Docência na Educação Superior pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Triângulo<br />
Mineiro (<strong>UFTM</strong>).<br />
2 Professor Orientador: Lucas Felix <strong>de</strong> Oliveira.<br />
** Graduado <strong>em</strong> Psicologia e Licenciatura pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba (UNIUBE), Pós-Graduação <strong>em</strong><br />
Administração do Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto. Mestre <strong>em</strong> Ciências e Valores Humanos<br />
pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba.
INTRODUÇÃO<br />
Este artigo é resultado <strong>de</strong> uma pesquisa bibliográfica que aborda o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> recursos<br />
<strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> ambiente <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula. Parte da expectativa <strong>de</strong> se criar um novo mo<strong>de</strong>lo<br />
didático que explore a percepção <strong>subliminar</strong>, com intuito <strong>de</strong> trazer algumas contribuições para<br />
melhorar a qualida<strong>de</strong> do <strong>ensino</strong> utilizando a mente inconsciente como auxiliadora do processo<br />
<strong>ensino</strong>-aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Dentro <strong>de</strong>ssa t<strong>em</strong>ática analisa o funcionamento da percepção <strong>subliminar</strong>, quais recursos<br />
tecnológicos po<strong>de</strong>m ser usados <strong>em</strong> aula e os possíveis benefícios que esse novo mo<strong>de</strong>lo didático<br />
po<strong>de</strong> trazer para os alunos.<br />
Para essa finalida<strong>de</strong> foram pesquisados livros, sites e artigos com intuito <strong>de</strong> verificar o<br />
que outros autores já relataram sobre esse assunto. Em geral faz uma transposição <strong>de</strong> outras áreas<br />
do saber como Psicologia, Propaganda e Publicida<strong>de</strong> que já se favorec<strong>em</strong> com teorias que usam a<br />
mente inconsciente para finalida<strong>de</strong>s distintas direcionando esses estudos para a prática educativa.<br />
O estudo <strong>em</strong> questão se justifica pela necessida<strong>de</strong> cotidiana <strong>de</strong>ntro das escolas <strong>de</strong> se<br />
promover um ambiente que possibilite ao máximo a aprendizag<strong>em</strong> dos alunos.<br />
É notório que o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> mensagens <strong>subliminar</strong>es <strong>de</strong>senvolvidas por especialistas <strong>em</strong><br />
publicida<strong>de</strong> gera uma tendência comportamental nas pessoas que acabam sendo influenciadas a<br />
adquirir <strong>de</strong>terminado produto. A inquietação que ocorre ao estudar esse tipo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>a é “Por que<br />
não usar esses estudos para favorecer a aprendizag<strong>em</strong>?”.<br />
Em um contexto <strong>de</strong> constantes transformações <strong>de</strong>correntes das novas tecnologias <strong>de</strong><br />
informação, a educação cada vez mais se beneficia <strong>de</strong> novos recursos <strong>em</strong> um ambiente no qual<br />
ocorre a minimização das distâncias através <strong>de</strong> novas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> como Ensino a<br />
distância (EAD), teleconferências, entre outros, que r<strong>em</strong>ete a um fenômeno <strong>de</strong> globalização<br />
educacional.<br />
Nesse novo cenário cada vez mais dinâmico, os estudos focados <strong>em</strong> promover melhoras<br />
na qualida<strong>de</strong> do <strong>ensino</strong> ten<strong>de</strong>m a assumir os mais diversificados rumos diante das novas<br />
abordagens e probl<strong>em</strong>as apresentados nesse contexto. Tendências mudam <strong>de</strong> acordo com a<br />
probl<strong>em</strong>ática apresentada, b<strong>em</strong> como novas pesquisas traz<strong>em</strong> avanços no processo <strong>ensino</strong>-<br />
aprendizag<strong>em</strong>.<br />
2
Tais estudos proporcionam melhor compreensão dos paradigmas que norteiam o meio<br />
educativo. Dentre as diversas ciências auxiliadoras da educação ressalta-se a psicologia que é o<br />
estudo <strong>de</strong> todas as manifestações humanas compreendidas pelo intelecto ou razão. Vários foram<br />
os pesquisadores <strong>de</strong>ssa área que <strong>de</strong>ram contribuições significativas e <strong>de</strong> impacto que são<br />
utilizadas até o presente momento para se compreen<strong>de</strong>r os aspectos constituintes da<br />
aprendizag<strong>em</strong>. Dentre esses <strong>de</strong>stacam-se por seus trabalhos Skinner, Piaget, Rogers, Vygotsky e<br />
Gardner.<br />
ABORDAGEM SUBLIMINAR<br />
O funcionamento da mente também v<strong>em</strong> sendo priorizado <strong>em</strong> outras áreas do<br />
conhecimento. Dentre essas é possível citar a neurociência e até mesmo setores como <strong>de</strong><br />
publicida<strong>de</strong> e propaganda que se favorec<strong>em</strong> com pesquisas relacionadas ao comportamento<br />
humano, tendo <strong>em</strong> vista a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao mercado que gira <strong>em</strong> torno do consumo.<br />
Para melhor compreen<strong>de</strong>r como a mente processa informações é preciso analisar o<br />
mecanismo pelo qual ocorre a coleta <strong>de</strong> informações e como essas são racionalizadas pela mente.<br />
A percepção humana é a função cerebral que atribui significado aos estímulos sensoriais<br />
que por sua vez são interpretados por mecanismos <strong>de</strong> associação dos quais variam <strong>de</strong> acordo com<br />
a vivência e padrões internos <strong>de</strong> cada individuo.<br />
Day (1979) apresenta um capítulo <strong>de</strong>stinado a <strong>de</strong>screver a percepção e a aprendizag<strong>em</strong>.<br />
D<strong>em</strong>onstra que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança os seres humanos são dotados da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distinção das<br />
percepções e que à medida que ocorre o amadurecimento cerebral, esses vão ficando cada vez<br />
mais aprimorados. Assim quanto maior é a ida<strong>de</strong> do indivíduo, mais real é o ambiente percebido.<br />
Dentro <strong>de</strong> seus estudos Day (1979) fala da importância dos órgãos sensoriais nas<br />
experiências perceptivas.<br />
Todo conhecimento chegaria ao individuo por meio dos órgãos sensoriais. Em virtu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ssa concepção, intensificaram-se o interesse pela estrutura e funcionamento dos órgãos<br />
sensoriais e a preocupação com a contribuição tanto das experiências passadas como dos<br />
processos inatos para a experiência perceptiva. (DAY, 1979, p.5)<br />
Essa afirmativa r<strong>em</strong>ete a complexida<strong>de</strong> do fenômeno perceptivo no âmbito dos processos<br />
sensoriais e sua diversificada forma <strong>de</strong> estimulação e interpretação.<br />
3
A percepção po<strong>de</strong> ser classificada como consciente ou <strong>subliminar</strong>, sendo a segunda<br />
<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> receber estímulos sensoriais que estão <strong>em</strong> um limiar<br />
abaixo da linha da consciência normal.<br />
sensibilizam.<br />
O limiar é o diferencial entre os estímulos que sensibilizam os sentido e os que não<br />
O site http://martakatv.mvhosted.com/ traz outros conceitos <strong>de</strong> limiar como:<br />
Limiar absoluto: nível mais baixo no qual um indivíduo po<strong>de</strong> experimentar uma sensação.<br />
Limiar relativo: ou d.m.n. (diferença marginal notada): diferença mínima que po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>tectada entre dois estímulos similares. A diferença marginal notada não é um número absoluto,<br />
mas relativo.<br />
Malgarejo (2002, p.24) faz uma analogia do funcionamento da mente com um<br />
computador e explica que os sentidos são fontes <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> informações e que os<br />
órgãos do sentido po<strong>de</strong>m ser comparados a hardwares que coletam informações, que por sua vez<br />
são analisadas por nossa mente que atua como software. Assim a codificação <strong>de</strong>ssas informações<br />
se dá pela percepção.<br />
Quando os órgãos são sensibilizados por um estímulo esse leva a informação por meio <strong>de</strong><br />
sinais elétricos que percorr<strong>em</strong> o cérebro e lá são transformados <strong>em</strong> informação útil.<br />
distintas.<br />
Segundo Puentes (1996, p.48) a mente humana funciona através <strong>de</strong> áreas cerebrais<br />
“A mente funciona através <strong>de</strong> áreas cerebrais distintas, que são: percepção, não-consciente<br />
(aqui estão englobados: subconsciente, inconsciente, inconscientes coletivo etc, aos efeitos <strong>de</strong><br />
resumir e fazer uma divisão mais objetiva), consciente e pré-motora”. (PUENTES, 1996, p.48).<br />
Esse mo<strong>de</strong>lo segmentado mostra que cada região é responsável por diferentes tarefas.<br />
Para o estudo <strong>em</strong> questão <strong>de</strong>stacam-se duas regiões importantes que são a mente<br />
consciente e mente inconsciente.<br />
A primeira é responsável por todas as analises lógicas, racionais. Através da mente<br />
consciente toma-se ciência das coisas que ocorr<strong>em</strong> no <strong>de</strong>correr da vida, é por meio <strong>de</strong>la que se<br />
resolv<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as e se interpreta tudo que acontece. Em geral essa fica <strong>em</strong> prevalência<br />
comandando o t<strong>em</strong>po todo.<br />
Puentes (1996) caracteriza a mente consciente como:<br />
4
Se localiza na zona frontal e faz parte do córtex e sub-córtex cerebral . Sua função é a <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>nar, analisar e discernir toda a informação que recebe do subconsciente, e fazer com<br />
que se cumpram as or<strong>de</strong>ns que lá chegam. O consciente é a mente objetiva, governa o<br />
sist<strong>em</strong>a nervoso e t<strong>em</strong> sua base no cérebro. Governa os músculos voluntários e os<br />
sentidos (paladar, tato, audição, visão e olfato).<br />
É a parte da mente que analisa, sintetiza, <strong>de</strong>duz, raciocina, etc. A m<strong>em</strong>ória do consciente<br />
é imperfeita e nula, porque esquece. (PUENTES, 1996, p.49)<br />
Nessa ótica percebe-se a prevalência <strong>de</strong>ssa região no <strong>de</strong>correr das ativida<strong>de</strong>s cotidianas.<br />
A mente inconsciente é o local on<strong>de</strong> ficam retidas informações antigas como trajetória <strong>de</strong><br />
vida, formação moral, traumas. Também é responsável por características como a criativida<strong>de</strong> e<br />
recordações <strong>de</strong> vidas passadas. Ela também t<strong>em</strong> a função <strong>de</strong> reservatório.<br />
Puentes (1996) <strong>de</strong>screve a mente inconsciente como:<br />
É uma pequena zona que estaria situada <strong>de</strong>baixo do subconsciente, na qual estão<br />
gravados todos os instintos primários do individuo (sexo, perpetuação, <strong>de</strong>fesa, etc), ou<br />
seja, todos os instintos el<strong>em</strong>entares que acompanham o ser humano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua orig<strong>em</strong><br />
selvag<strong>em</strong>, perdido na noite dos t<strong>em</strong>pos. Estas gravações nunca chegam a ser conscientes<br />
à vonta<strong>de</strong>. (PUENTES, 1996, p.50).<br />
Por essa razão muito do que se apren<strong>de</strong> ou se absorve fica retido no inconsciente e não<br />
chega a mente consciente.<br />
Para que não aja uma sobrecarga <strong>de</strong>vido à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações que são absorvidas<br />
pelos órgãos do sentido, a mente faz a separação <strong>de</strong>sses estímulos através <strong>de</strong> um mecanismo<br />
s<strong>em</strong>elhante a um filtro, e <strong>de</strong>fine o que é importante e <strong>de</strong>ve ser interpretado, e o que não é<br />
relevante.<br />
Essa distinção ocorre o t<strong>em</strong>po todo. Uma pessoa ao conversar com outra na rua se<br />
concentra na conversa e não escuta o som dos pássaros, dos carros e <strong>de</strong> outras pessoas. Isso<br />
ocorre porque o foco <strong>de</strong> sua atenção está no diálogo. Esse tipo <strong>de</strong> comportamento é chamado <strong>de</strong><br />
atenção seletiva. Porém, mesmo não percebendo, os órgãos do sentido estão coletando o<br />
estímulo.<br />
No ex<strong>em</strong>plo anterior a pessoa que está conversando escuta os pássaros, mas não toma<br />
consciência disso. Esse estímulo auditivo chega à mente e é filtrado ficando retido no<br />
inconsciente.<br />
A todo instante estímulos sensoriais afetam os indivíduos direta ou indiretamente<br />
influenciando-os <strong>em</strong> sua forma <strong>de</strong> agir e pensar. Por está razão os estudos envolvendo estímulos<br />
<strong>subliminar</strong>es s<strong>em</strong>pre foram motivos <strong>de</strong> controvérsia, polêmica e especulação <strong>de</strong>ntro do campo<br />
cientifico e até mesmo no po<strong>de</strong>r legislativo.<br />
5
Nos Estados Unidos exist<strong>em</strong> legislações específicas que proíb<strong>em</strong> o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> mensagens<br />
<strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> propagandas <strong>de</strong> produtos exibidos por veículos <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> massa. No<br />
Brasil tramita no senado o projeto <strong>de</strong> Lei 4068/08, do <strong>de</strong>putado Walter Brito Neto (PRB-PB) com<br />
a mesma finalida<strong>de</strong>. Isso para se evitar excessos ou induzir <strong>de</strong>terminados comportamentos<br />
consumistas.<br />
Por esse motivo é preciso ter cautela ao abordar um estudo sobre percepção <strong>subliminar</strong> e<br />
<strong>uso</strong> <strong>de</strong> mensagens <strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula, pois este precisa estar muito b<strong>em</strong> amparado por<br />
padrões éticos que regulament<strong>em</strong> seu <strong>uso</strong> da maneira correta e não como simples forma <strong>de</strong><br />
manipulação <strong>de</strong> pessoas.<br />
Em um ambiente escolar exist<strong>em</strong> fatores internos e externos que influenciam a<br />
aprendizag<strong>em</strong>. Dentre os fatores internos po<strong>de</strong>-se citar <strong>em</strong> primeira instância a “Motivação”, que<br />
é <strong>de</strong>finida pelo dicionário Aurélio como:<br />
“Conjunto <strong>de</strong> fatores, os quais ag<strong>em</strong> entre si, e <strong>de</strong>terminam a conduta <strong>de</strong> um individuo”<br />
(DICIONARIO AURELIO, p. 374).<br />
O fator motivacional se estabelece à medida que ocorre a pré-disposição <strong>de</strong> um indivíduo<br />
<strong>em</strong> “querer algo” <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada situação. Assim a motivação consiste <strong>em</strong> um fator interno do<br />
hom<strong>em</strong>.<br />
Vários estudos da área da educação mencionam o valor da motivação como agente que<br />
opera a favor da aprendizag<strong>em</strong>. Tais tendências levam os professores a buscar no seu dia a dia<br />
<strong>de</strong>ntro das <strong>sala</strong>s <strong>de</strong> aula os mais diversificados meios para promover a motivação dos alunos <strong>em</strong><br />
apren<strong>de</strong>r. Contudo n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre consegu<strong>em</strong> êxito <strong>em</strong> seus esforços e acabam por <strong>de</strong>sanimar<br />
atribuindo o fracasso a uma serie <strong>de</strong> outros fatores.<br />
A questão importante a se refletir é: “Como fazer essa motivação surgir?” já que ela é<br />
interna e não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas dos estímulos externos. Muitos especialistas atribu<strong>em</strong> como fator<br />
<strong>de</strong> motivação a contextualização, pois através <strong>de</strong>la é possível criar uma aproximação do que é<br />
estudado <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> teoria com a vida real.<br />
aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Essa ponte entre o saber teórico e o cotidiano facilita <strong>de</strong> maneira significativa a<br />
Outro aspecto <strong>de</strong>terminante no processo se estabelece a partir da experiência que é<br />
individual e inerente a cada um. A experiência se cria e se converte <strong>em</strong> conhecimento <strong>de</strong>ntro da<br />
6
ealida<strong>de</strong> vivenciada pelo aluno que po<strong>de</strong> vir a ser um ponto referencial para o surgimento da<br />
motivação.<br />
É sabido que os seres humanos se interessam por aquilo que conhec<strong>em</strong>. Assim é mais<br />
fácil se sentir motivado por algo que já é do conhecimento do que por um assunto novo.<br />
Day (1979) reforça essa idéia falando do diferencial entre a aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> indivíduos<br />
motivados e não motivados.<br />
Hoje <strong>em</strong> dia, a relação entre aprendizag<strong>em</strong> e motivação se acha b<strong>em</strong> estabelecida,<br />
<strong>em</strong>bora a natureza <strong>de</strong>ssa relação ainda seja motivo <strong>de</strong> controvérsia. O individuo<br />
motivado apren<strong>de</strong> diferent<strong>em</strong>ente do individuo não motivado. Assim como a<br />
aprendizag<strong>em</strong> está envolvida na percepção, assim também é <strong>de</strong> esperar que o estado<br />
motivacional do observador afete sua percepção. Em suma, o que é percebido é, <strong>em</strong><br />
parte, uma função <strong>de</strong> seus motivos. (DAY, 1979, p.91)<br />
Essa análise aponta como a relação motivação-percepção está s<strong>em</strong>pre interligada, e se<br />
torna <strong>de</strong>terminante no <strong>de</strong>senvolvimento da aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Como <strong>em</strong> geral os alunos estão vendo <strong>de</strong>terminado t<strong>em</strong>a pela primeira vez, se não houver<br />
uma conexão do assunto estudado com sua vida cotidiana ou <strong>em</strong> sua profissão, provavelmente<br />
não se sentirão motivados a estudar.<br />
Tanto experiência quanto motivação são fatores que afetam a percepção, e por isso são tão<br />
amplamente mencionados por pesquisadores como gran<strong>de</strong>s facilitadores do processo.<br />
O <strong>uso</strong> <strong>de</strong> recursos <strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong>ria acarretar gran<strong>de</strong>s vantagens<br />
levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração esse aspecto. Isso porque já se sabe que os estímulos <strong>subliminar</strong>es b<strong>em</strong><br />
como as mensagens <strong>subliminar</strong>es afetam nosso inconsciente induzindo <strong>de</strong>terminados<br />
comportamentos.<br />
Malgarejo (2002) mostra a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se utilizar esse recurso para fins construtivos:<br />
Po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os estar, enquanto interagimos com os<br />
meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, <strong>em</strong> contato com alguma técnicas <strong>de</strong><br />
estimulação <strong>subliminar</strong>, que apesar <strong>de</strong> geralmente ser<strong>em</strong> anti-éticas e<br />
ten<strong>de</strong>nciosas os estímulos <strong>subliminar</strong>es po<strong>de</strong>m ser utilizados, se utilizados da<br />
forma correta, para estimular o trabalhador a <strong>de</strong>senvolver melhor sua tarefa,<br />
tornar-se mais produtivo e eficiente. (MALGAREJO, 2002, p.132)<br />
A questão é compreen<strong>de</strong>r essas técnicas <strong>de</strong> estimulação <strong>subliminar</strong> e aproveitá-las como<br />
potencializadores <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula.<br />
Dessa forma se torna possível introduzir estímulos <strong>subliminar</strong>es <strong>de</strong> caráter positivo<br />
objetivando motivar os alunos a estudar.<br />
7
Em uma aula que utilizasse projeção por datashow po<strong>de</strong>ria ser inserido, através <strong>de</strong><br />
programas específicos com função <strong>de</strong> taquicoscópios, mensagens <strong>subliminar</strong>es para motivar os<br />
alunos como:<br />
“EU GOSTO DE ESTUDAR ESSE ASSUNTO”<br />
“EU ME INTERESSO POR ESSE TEMA”<br />
“É INTERESSANTE ESTUDAR ESSA MATÉRIA”.<br />
As sugestões <strong>subliminar</strong>es ao ser<strong>em</strong> captadas por nossos órgãos e não sendo assimiladas a<br />
nível consciente ficam retidas no inconsciente, lá permanec<strong>em</strong> agindo sobre os indivíduos que<br />
acabam por interiorizar essas se sentindo motivados a estudar mais.<br />
Puentes (1996) acredita na efetivida<strong>de</strong> do <strong>uso</strong> do inconsciente para melhorar condutas<br />
através <strong>de</strong> sugestões:<br />
“As sugestões <strong>de</strong>stinadas a capacitá-lo a alcançar metas especificas, entram na mente pré-<br />
consciente ou inconsciente (subconsciente) e permanec<strong>em</strong> ali, ativas, exercendo influências na<br />
conduta e nos sentimentos. (PUENTES, 1996, p.40)”.<br />
esperado.<br />
Isso ocorre porque o inconsciente aceita a sugestão induzindo ao comportamento<br />
Outro fator positivo na aplicação <strong>de</strong> mensagens <strong>subliminar</strong>es v<strong>em</strong> <strong>de</strong> encontro a um<br />
probl<strong>em</strong>a elucidado por vários educadores, o fato <strong>de</strong> certas áreas do conhecimento, sofrer<strong>em</strong><br />
discriminação por possuír<strong>em</strong> uma rotulação <strong>de</strong> matéria difícil ou complicada. Dentre essas<br />
po<strong>de</strong>mos citar a Química, Física e Mat<strong>em</strong>ática que muitas vezes são vistas como as gran<strong>de</strong>s<br />
“vilãs” para os estudantes.<br />
Nesse sentido <strong>em</strong> aulas <strong>de</strong>ssas matérias o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> recursos com mensagens <strong>subliminar</strong>es<br />
po<strong>de</strong>ria oferecer vantagens sendo utilizadas para r<strong>em</strong>over as barreiras psicológicas imposta pelo<br />
rótulo. Mensagens como:<br />
“A QUÍMICA FAZ PARTE DA MINHA VIDA”<br />
“SOU CAPAZ DE APRENDER QUÍMICA”<br />
“APRENDER QUÍMICA É PRAZEROSO”<br />
“QUÍMICA É FÁCIL”<br />
Tornariam essas aulas menos penosas para os alunos, que por sua vez po<strong>de</strong>riam adquirir<br />
uma nova concepção <strong>de</strong>ssas matérias anulando o rótulo já previamente criado.<br />
8
Outro ponto que po<strong>de</strong>ria ser explorado no <strong>uso</strong> <strong>de</strong> mensagens <strong>subliminar</strong>es é o hábito <strong>de</strong><br />
estudo. Em geral pesquisas apontam que a maior parte dos estudantes não t<strong>em</strong> um planejamento<br />
<strong>de</strong> seus estudos e muitas vezes não possu<strong>em</strong> o hábito <strong>de</strong> estudar fora das escolas ou<br />
universida<strong>de</strong>s.<br />
Essa conduta po<strong>de</strong> atrapalhar o <strong>de</strong>senvolvimento dos alunos no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> suas vidas.<br />
Esse fator po<strong>de</strong>ria ser minimizado ao usar mensagens <strong>subliminar</strong>es incentivando os educandos a<br />
estudar<strong>em</strong> e criar<strong>em</strong> o hábito <strong>de</strong> estudar. Para isso po<strong>de</strong>riam ser introduzidas sugestões<br />
<strong>subliminar</strong>es melhorando esse aspecto como, por ex<strong>em</strong>plo:<br />
“DEVO ESTUDAR PARA APRENDER MELHOR”<br />
“É PRECISO ESTUDAR CONSTANTEMENTE”<br />
“ESTUDANDO MINHA VIDA SERÁ MELHOR”<br />
“VOU CRIAR O HÁBITO DE ESTUDAR”<br />
“ESTUDAR É BOM”<br />
Ainda po<strong>de</strong>riam ser formuladas outras sugestões como forma <strong>de</strong> incentivo, para melhorar<br />
a questão da evasão escolar como:<br />
“ESTOU ME SAINDO BEM NOS ESTUDOS”<br />
“VOU CONTINUAR ESTUDANDO”<br />
“DEVO PERSISTIR SEMPRE NOS MEUS OBJETIVOS”<br />
Os ex<strong>em</strong>plos citados evi<strong>de</strong>nciam apenas uma pequena parte dos recursos <strong>subliminar</strong>es: as<br />
“mensagens <strong>subliminar</strong>es escritas” <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> frases que po<strong>de</strong>m ser projetadas por<br />
equipamentos com função <strong>de</strong> taquicoscópio.<br />
Taquicoscópios são aparelhos que projetam imagens <strong>em</strong> alta velocida<strong>de</strong> simultaneamente<br />
a uma projeção convencional, essas imagens po<strong>de</strong>m receber figuras ou mesmo mensagens<br />
escritas, que <strong>de</strong>vido a alta velocida<strong>de</strong> são incapazes <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> assimiladas a nível consciente pelo<br />
sist<strong>em</strong>a visual humano, mas são captadas e levadas ao interior da mente inconsciente.<br />
O site http://www.musicaeadoracao.com.br/efeitos/mensagens_<strong>subliminar</strong>es.htm traz um<br />
artigo <strong>de</strong> Wilson Porto Reis no qual ele <strong>de</strong>screve uma série <strong>de</strong> aplicações <strong>de</strong> mensagens<br />
<strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> experimentos, b<strong>em</strong> como sua aplicação até mesmo <strong>em</strong> quadrinhos infantis.<br />
9
O <strong>de</strong>senvolvedor do programa SILENTIDEA, <strong>de</strong>monstra várias situações positivas nas<br />
quais as mensagens <strong>subliminar</strong>es po<strong>de</strong>m ser atribuídas. Vão da aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> línguas<br />
estrangeiras e aumento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> m<strong>em</strong>orização, até o aumento da auto-estima e mudanças<br />
<strong>de</strong> hábitos e atitu<strong>de</strong>s auto<strong>de</strong>strutivas.<br />
Em reportag<strong>em</strong> da revisa Mundo Estranho (ME) edição <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2008, é <strong>de</strong>scrito<br />
um experimento realizado <strong>em</strong> meados <strong>de</strong> 1957 pelo publicitário americano Jim Vicary que<br />
provou os efeitos das mensagens <strong>subliminar</strong>es utilizando a projeção por um aparelho <strong>de</strong>ssa<br />
natureza durante a exibição do filme férias <strong>de</strong> amor, on<strong>de</strong> foi introduzida uma mensag<strong>em</strong><br />
<strong>subliminar</strong> incentivando o consumo <strong>de</strong> pipoca e Coca-Cola.<br />
O resultado obtido foi um aumento significativo do consumo <strong>de</strong>stes produtos, provando<br />
assim a eficácia <strong>de</strong>sse recurso.<br />
Batista, Rodriges, Brizante et all (2008) comentam outro experimento <strong>de</strong> Cheesman e<br />
Merrikle (1984) no qual eram utilizadas cores e nomes <strong>de</strong> cores, expostas rapidamente <strong>em</strong> tela <strong>de</strong><br />
projeção, mesmo não conseguindo ler o conteúdo ou ver a cor <strong>de</strong>vido a alta velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
exposição, ao ser<strong>em</strong> questionados sobre quais nomes e cores tinham percebido, os voluntários<br />
obtiveram 66% <strong>de</strong> acerto, o que evi<strong>de</strong>ncia o efetivida<strong>de</strong> da percepção <strong>subliminar</strong>.<br />
As mensagens <strong>subliminar</strong>es escritas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seguir certas regras para que sejam mais b<strong>em</strong><br />
aceitas pela mente inconsciente. Dentre alguns aspectos a ser<strong>em</strong> revisados <strong>em</strong> sua construção<br />
<strong>de</strong>stacam-se:<br />
• O <strong>uso</strong> <strong>de</strong> frases afirmativas ou imperativas.<br />
• Construção <strong>em</strong> primeira pessoa do singular.<br />
• Exclusão do termo “NÃO”.<br />
• Evitar frases <strong>de</strong> cunho negativo ou que enfatizam perdas.<br />
• Preferencialmente as palavras <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser escritas <strong>em</strong> caixa alta ou negrito.<br />
Estes pontos <strong>de</strong>stacados se justificam pela forma como a informação chega até a mente. A<br />
mente geralmente possui dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assimilar o não ou frases que <strong>de</strong>not<strong>em</strong> perda. Isso<br />
porque os seres humanos são programados para ganhar e não para per<strong>de</strong>r. Dessa forma o<br />
inconsciente reage melhor quando as mensagens possu<strong>em</strong> caráter afirmativo ou imperativo.<br />
O termo <strong>de</strong> negação “não” também é excluído pela mente inconsciente transformando<br />
uma frase negativa <strong>em</strong> positiva, ex<strong>em</strong>plo: não vou ser preguiçoso, com a exclusão do Não a frase<br />
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se torna “vou ser preguiçoso” mudando toda a lógica da sugestão e por isso <strong>de</strong>ve ser evitado. A<br />
mesma frase po<strong>de</strong>ria ser transcrita <strong>de</strong>sta forma “vou ter disposição para fazer minhas ativida<strong>de</strong>s”.<br />
As frases <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser escritas <strong>em</strong> 1ª pessoa do singular, pois é <strong>de</strong>ssa forma que se conversa<br />
estabelecendo um diálogo interno. Dev<strong>em</strong> ser escritas <strong>em</strong> caixa alta ou negrito para que tenham<br />
ênfase o que chamará a atenção para o que está escrito mesmo que a nível inconsciente.<br />
Exist<strong>em</strong> muitas outras formas <strong>de</strong> se utilizar estímulos <strong>subliminar</strong>es. Ainda mais efetivas<br />
que as mensagens <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> texto, o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> imagens é um fator potencial a ser utilizado.<br />
As imagens possu<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sugestão maior que o texto, isso porque a mente<br />
inconsciente faz comparações analógicas que são processadas mais rapidamente quando se usa<br />
esse tipo <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>. Alguns estudos recentes como, por ex<strong>em</strong>plo, a Programação<br />
Neurolinguística (PNL) r<strong>em</strong>ete a essa perspectiva elucidando que a mente inconsciente trabalha<br />
melhor através da comunicação com imagens e metáforas.<br />
Dentre os principais estudos nessa área <strong>de</strong>stacam-se os <strong>de</strong> Richard Bandler e Milton<br />
Erikson (1927-1977) consi<strong>de</strong>rado o pai da hipnose mo<strong>de</strong>rna e que percebeu a importância da<br />
utilização do inconsciente como provedor <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> conduta.<br />
Outros estudos explicam <strong>de</strong> maneira diferente a efetivida<strong>de</strong> das imagens, através da<br />
ativida<strong>de</strong> cerebral. Calazans (2007) <strong>de</strong>screve um estudo que fala sobre os h<strong>em</strong>isférios cerebrais,<br />
sendo o h<strong>em</strong>isfério esquerdo responsável pela análise digital da informação e o h<strong>em</strong>isfério direito<br />
pela assimilação Analógica.<br />
A informação digital precisa ser racionalizada. Um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> informação digital po<strong>de</strong><br />
ser manifestado por um pedido <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço. Ao pedir um en<strong>de</strong>reço <strong>de</strong> uma<br />
residência a uma pessoa, essa nos fala o nome da rua, bairro e número. Assim para chegar ao<br />
<strong>de</strong>stino é preciso analisar todas as informações, ler as placas das ruas até achar a rua certa, <strong>de</strong>pois<br />
verificar o número.<br />
Essa mesma informação po<strong>de</strong> ser dada <strong>de</strong> maneira analógica, quando alguém dá as<br />
coor<strong>de</strong>nadas do en<strong>de</strong>reço, como: “a segunda rua à direita. É uma casa <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>”.<br />
É importante ressaltar que mesmo tendo funções diferentes, os h<strong>em</strong>isférios cerebrais não<br />
funcionam isoladamente, e por isso não é possível <strong>de</strong>senvolver técnicas visando o impacto <strong>em</strong><br />
apenas um dos h<strong>em</strong>isférios.<br />
Alguns estudos mostram que a informação é mais rapidamente assimilada quando ocorre<br />
<strong>de</strong> maneira analógica. Isso se <strong>de</strong>ve ao fato da mente realizar comparação por processos internos<br />
11
fazendo com que a sinapse ocorra mais rapidamente percorrendo um caminho distinto. Por isso<br />
metáforas e imagens são mais efetivas, se beneficiando da associação e comparação, que r<strong>em</strong>ete<br />
novamente a percepção.<br />
O <strong>uso</strong> <strong>de</strong> imagens <strong>subliminar</strong>es se mostra funcional por diversos fatores psicológicos,<br />
entre esses nota–se algumas tendências dos seres humanos <strong>em</strong> relação à percepção visual.<br />
Pesquisas no campo da Gestalt salientam esses fatores que são:<br />
• Tendência a estruturação: que evi<strong>de</strong>ncia uma tendência <strong>de</strong> agrupar coisas s<strong>em</strong>elhantes;<br />
• Figura-fundo: tendência a se notar uma figura principal que se sobressai ao fundo, não<br />
muito b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finido.<br />
• Pregnância das formas: é um modo <strong>de</strong> organização visual, que se estabelece a partir da<br />
clareza, equilíbrio e unificação dos el<strong>em</strong>entos visuais.<br />
• Constâncias perceptivas: conjunto <strong>de</strong> fatores constituintes da percepção humana e que são<br />
formados na infância.<br />
Os psicólogos al<strong>em</strong>ães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e<br />
Kurt Koffka (1886-1940) <strong>de</strong>monstraram <strong>em</strong> suas pesquisas sobre a Gestalt, que o todo <strong>de</strong> uma<br />
imag<strong>em</strong> é mais complexo do que uma simples somatória das partes o que facilita a introdução <strong>de</strong><br />
outras formas <strong>de</strong> imagens <strong>em</strong> um contexto que po<strong>de</strong> se tornar uniforme e não perceptível.<br />
Por essa razão é possível criar imagens com outras imagens <strong>em</strong>butidas que po<strong>de</strong>m ser<br />
percebíveis ou não. Esse tipo <strong>de</strong> estudo v<strong>em</strong> sendo aperfeiçoado por publicitários e até mesmo<br />
por artistas e po<strong>de</strong> ser aplicado também <strong>em</strong> contexto <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula.<br />
Magron, Machado e Silva (2002) citam alguns aspectos utilizados na construção <strong>de</strong> imagens<br />
com caráter <strong>subliminar</strong> sendo:<br />
• Inversão <strong>de</strong> figura-fundo.<br />
• Embutir imagens <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> imagens.<br />
• Imagens com duplo sentido.<br />
• Uso <strong>de</strong> projeção taquicoscópica.<br />
• Luz <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong>.<br />
• E luz <strong>de</strong> fundo.<br />
Imagens como fonte <strong>de</strong> sugestões <strong>subliminar</strong>es, po<strong>de</strong>m ser agregadas <strong>em</strong> diversos<br />
recursos didáticos apresentados <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula. Assim é possível usar imagens <strong>subliminar</strong>es na<br />
criação <strong>de</strong> Sli<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser reproduzidos <strong>em</strong> datashow, <strong>em</strong> lâminas <strong>de</strong> retroprojetor, <strong>em</strong><br />
12
ORGÃO<br />
SESÓRIO<br />
RECEPTOR<br />
OLHO<br />
painéis, ví<strong>de</strong>os educativos, aulas com utilização <strong>de</strong> computadores, apostilas e até mesmo <strong>em</strong><br />
instrumentos <strong>de</strong> avaliação como provas escritas.<br />
Essas imagens po<strong>de</strong>m ser projetadas por taquicosquópios s<strong>em</strong>elhante às mensagens<br />
<strong>subliminar</strong>es escritas, ou inseridas <strong>em</strong> figuras como sugere a s<strong>em</strong>iótica estudada por Calazans<br />
(2006) através <strong>de</strong> iconesos ou discurso gráfico.<br />
Através <strong>de</strong> materiais impressos é possível inserir iconesos <strong>em</strong> imagens adicionando<br />
significados extras ao conteúdo principal, que po<strong>de</strong> reforçar ainda mais a aprendizag<strong>em</strong> ou<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso a m<strong>em</strong>orização.<br />
O quadro <strong>de</strong>monstrado por Calazans (2006) <strong>de</strong>screve os processos pelos quais po<strong>de</strong>m ser<br />
agregadas as mensagens <strong>subliminar</strong>es.<br />
QUADRO 1: FONTES EMISSORAS DE ESTIMULOS SUBLIMINARES<br />
BASE CÓDIGO DE<br />
FÍSICA<br />
COMUNICAÇÃO<br />
VISUAL<br />
TIPO DE<br />
MENSAGEM<br />
DINÂMICA<br />
TÉCNICA SUBLIMINAR VÉÍCULO<br />
PROJEÇÃO<br />
TAQUICOSCÓPIA<br />
VISÃO PERIFÉRICA<br />
(PISCA/MOVIMENTO)<br />
IMPRESSOS<br />
ICONESOS<br />
DISCURSO<br />
GRÁFICO<br />
CINEMA<br />
13<br />
TELEVISÃO/VIDEO<br />
COMPUTADOR<br />
CINEMA<br />
TELEVISÃO/VIDEO<br />
INTERNET<br />
VITRINE DE LOJA<br />
PALCO DE TEATRO<br />
PALANQUE DE POLÍTICO<br />
NÉON<br />
FOTOGRAFIA<br />
DESENHO/PINTURA<br />
LOGOTIPO<br />
ONOMATOPÉIA (HQ)<br />
JORNAL<br />
REVISTA<br />
LIVRO
OUVIDO<br />
FÍSICA<br />
AUDITIVO<br />
ESTÁTICA<br />
SONORA<br />
VERBAL<br />
AMBIENTE/URBANO PANFLETO<br />
ENGENHARIA DE SOM<br />
SUBLIMINAR<br />
14<br />
OUTDOOR/CARTAZ<br />
PLACA/FACHADA DE LOJA<br />
GRAFITE/PINCHAÇÃO<br />
SUPERMECADO<br />
CONSULTÓRIO/ESCRITÓRIO<br />
CINEMA<br />
FUNDO MUSICAL/JINGLE TELEVISÃO/VÍDEO<br />
FIGURAS DE<br />
LINGUAGEM<br />
IMPERATIVOS<br />
RIMA/REFRÃO<br />
PERGUNTA COM<br />
RESPOSTAEMBUTIDA<br />
VENDA PESSOAL<br />
BOATOS<br />
SLOGANS<br />
RÁDIO<br />
TEATRO<br />
PALANQUE POLÍTICO<br />
PELE FÍSICA TÁTIL - TEXTURA TIPO DE PAPEL DOS<br />
NARIZ QUÍMICA OLFATIVO - ESSENCIAS/FRAGÂNCIAS<br />
FEROMÔNIOS<br />
FALA<br />
IMPRESSOS MATRIAL DAS<br />
EMBALAGENS<br />
TINTA DOS IMPRESSOS<br />
TEATRO<br />
PALANQUE POLÍTICO<br />
LÍNGUA QUÍMICA PALATINO - SABORES ALIMENTOS<br />
PASTA DE DENTES<br />
CIGARROS<br />
FONTE: MENSAGENS SUBLIMINARES MULTIMÍDIA (QUADRO SINÓTICO) CALAZANS (2006)<br />
O caminho realizado pelos estímulos <strong>subliminar</strong>es passa pelos seguintes passos:<br />
• 1º Recepção do estímulo por via dos órgãos do sentido<br />
• 2º Sinal transmitido ao nervo óptico
• 3º Envio para o córtex<br />
• 4º Depen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> estímulo ocorre a passag<strong>em</strong> para o Lobo Parietal ou Lobo<br />
T<strong>em</strong>poral.<br />
• 5º Chegada à mente inconsciente.<br />
• 6º Saturação do conteúdo <strong>subliminar</strong> no inconsciente.<br />
• 7º Ação ou conduta proveniente da sugestão.<br />
Em geral exist<strong>em</strong> várias fontes <strong>em</strong>issoras <strong>de</strong> estímulos ou mensagens <strong>subliminar</strong>es. A<br />
questão é conseguir <strong>de</strong>senvolver técnicas que possibilit<strong>em</strong> estabelecer conexão com a prática<br />
educativa.<br />
Além <strong>de</strong> estímulos <strong>subliminar</strong>es visuais é possível trabalhar com estímulos auditivos,<br />
olfativos e táteis.<br />
Os seres humanos utilizam mais os sentidos da visão e audição por uma questão<br />
evolutiva. Até o presente momento foram citados estímulos <strong>subliminar</strong>es visuais via mensagens<br />
<strong>de</strong> texto escritas e através <strong>de</strong> imagens.<br />
Saindo <strong>de</strong>sse enfoque e passando para a audição, existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />
materiais didáticos se favorecendo da inserção <strong>de</strong> conteúdo <strong>subliminar</strong> a partir <strong>de</strong> sons ou<br />
músicas.<br />
É comum <strong>em</strong> aulas o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> música fundo, ou mesmo <strong>em</strong> aulas <strong>de</strong> português a realização<br />
<strong>de</strong> análises <strong>de</strong> letras musicais. Esses materiais pedagógicos po<strong>de</strong>m receber conteúdos <strong>de</strong><br />
sugestões <strong>subliminar</strong>es implícitas.<br />
Hoje, as novas tecnologias proporcionam a produção <strong>de</strong> materiais didáticos com maior<br />
facilida<strong>de</strong> e menor custo. Exist<strong>em</strong> na Internet diversos programas pagos e gratuitos capazes <strong>de</strong><br />
produzir áudios <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />
Malgarejo (2002, p.122) fala do <strong>uso</strong> <strong>de</strong> programas específicos como Subliminar Record<br />
Syst<strong>em</strong>, capaz <strong>de</strong> gerar áudios com conteúdo <strong>subliminar</strong> e <strong>em</strong> freqüências que induz<strong>em</strong> estados<br />
alterados <strong>de</strong> consciência.<br />
Menos específicos que esse programa, exist<strong>em</strong> editores <strong>de</strong> música, como o programa<br />
Sound Forge, que po<strong>de</strong>m vir a ser utilizados na elaboração <strong>de</strong> áudios com conteúdo <strong>subliminar</strong>.<br />
A criação <strong>de</strong> áudios <strong>subliminar</strong>es parte das seguintes perspectivas:<br />
1ª Mixag<strong>em</strong>: A interposição ou sobreposição do som é geralmente usada na construção <strong>de</strong><br />
mensagens <strong>subliminar</strong>es <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sons ou músicas já existentes.<br />
15
A música principal entra como t<strong>em</strong>a ficando a mensag<strong>em</strong> <strong>subliminar</strong> imperceptível<br />
enquanto fundo.<br />
2ª Construção: É possível utilizar três vias na construção <strong>de</strong>ssas mensagens:<br />
• A primeira e através <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> aumentada.<br />
• A segunda invertendo-se a mensag<strong>em</strong> <strong>em</strong>butida <strong>de</strong> maneira que ela seja ouvida <strong>de</strong> traz<br />
para frente.<br />
• A terceira reduzindo o volume até uma freqüência imperceptível ao ouvido humano.<br />
O conteúdo da sugestão <strong>de</strong>ve seguir o mesmo princípio <strong>de</strong> construção das mensagens<br />
escritas diferenciando-se apenas pelo fato <strong>de</strong> as sugestões ser<strong>em</strong> feitas verbalmente e gravadas<br />
através <strong>de</strong> microfone.<br />
Embora não sendo percebidas conscient<strong>em</strong>ente, as informações contidas nos áudios<br />
<strong>subliminar</strong>es consegu<strong>em</strong> chegar até o inconsciente e lá ag<strong>em</strong> influenciando a conduta. O ouvido<br />
humano consegue perceber freqüências na faixa <strong>de</strong> 15 Hz a 24.000 Hz, ou 24 MHz. Porém, sofre<br />
variação <strong>de</strong> acordo com a ida<strong>de</strong> do indivíduo, sendo que <strong>em</strong> pessoas com mais ida<strong>de</strong> ocorre a<br />
perda da audição <strong>de</strong> certas faixas.<br />
inconsciente.<br />
Freqüências abaixo <strong>de</strong> 15 Hz não são captadas a nível consciente sendo retidas no<br />
Calazans (2006) aponta uma análise sobre a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sons com ritmo <strong>de</strong> 80 ciclos<br />
por segundo capazes <strong>de</strong> produzir estados alterados <strong>de</strong> consciência. A explicação para esse<br />
número se <strong>de</strong>ve a comparação inconsciente com as batidas do coração <strong>de</strong> uma mãe<br />
amamentando. Também fala da potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sons com 72 batidas por segundo que é uma<br />
freqüência s<strong>em</strong>elhante às batidas cardíacas.<br />
Puentes (2001) comenta que <strong>em</strong> alguns seguimentos religiosos são usadas músicas com<br />
ritmos s<strong>em</strong>elhantes a esse ciclo para induzir transes sendo possível uma reprogramação<br />
psicológica do indivíduo através <strong>de</strong> sugestões.<br />
Ao ficar exposto a essa freqüência, o indivíduo se torna mais sensível a sugestões que<br />
po<strong>de</strong>m ser dadas <strong>de</strong> maneira inconsciente ou consciente.<br />
Carreiro (2006) cita ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> transe provocados por ingestão <strong>de</strong> substâncias químicas<br />
como o chá do Santo Daime, mediante as músicas que se baseiam nessa mesma lógica.<br />
No s<strong>em</strong>inário “Subliminares e Cognição Conduta”, Dutkevicz Reis (2001) reforça a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se usar recursos <strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> aulas apoiados pela idéia <strong>de</strong> Faria.<br />
16
“A tecnologia <strong>subliminar</strong> sonora não se limita somente ao cin<strong>em</strong>a, à publicida<strong>de</strong> e aos<br />
shows, mas segundo Faria, presta-se também à aprendizag<strong>em</strong> <strong>subliminar</strong>, já que po<strong>de</strong> ser<br />
utilizada como recurso <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> (CONDUTA, DUTKEVICZ, REIS, ET ALL, 2001, p.9)”.<br />
Essa afirmativa ressalta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se utilizar técnicas <strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> contexto<br />
educacional promovendo melhoras a partir do <strong>uso</strong> do inconsciente.<br />
Apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> menos utilizados, o tato e o olfato constitu<strong>em</strong> fontes a ser<strong>em</strong> explorados<br />
<strong>de</strong> maneira inconsciente <strong>em</strong> aulas, principalmente se voltadas à questão da apatia.<br />
Dentro dos fundamentos da PNL encontramos características relacionadas ao toque.<br />
Segundo esses estudos é possível por meio <strong>de</strong> associações, resgatar acontecimentos ou mesmo<br />
sensações que estão guardadas no interior da mente inconsciente através <strong>de</strong> condicionamentos<br />
criados durante essas l<strong>em</strong>branças.<br />
É natural alguém se l<strong>em</strong>brar <strong>de</strong> uma pessoa ou acontecimento marcante ao ouvir uma<br />
música que tocava na ocasião do acontecimento ou mesmo quando se estava na presença da<br />
pessoa ao qual se t<strong>em</strong> recordação.<br />
Isso porque a música tornou-se uma extensão do acontecimento que gerou um trajeto<br />
através da comunicação elétrica cerebral, ou seja, através <strong>de</strong> uma sinapse. Assim a música se<br />
tornou um gatilho para resgatar a l<strong>em</strong>brança.<br />
Em hipnose acontece o mesmo procedimento sendo <strong>de</strong>nominado signo-sinal ou sinal<br />
hipnogênico do qual acontece, por meio <strong>de</strong> reflexos condicionados, um <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento<br />
instantâneo do estado <strong>de</strong> transe do individuo que não precisa passar novamente por todas as<br />
etapas do processo hipnótico.<br />
Da mesma forma é possível criar esse condicionamento por meio do toque resgatando<br />
uma sensação ou mesmo se criar um condicionamento novo.<br />
Em seu artigo intitulado Âncoras e Estratégias, disponível no site<br />
http://www.<strong>de</strong>scubrapnl.com.br/artigos/ler_artigo.php?art_id=43234015812e0 Rodrigo Zambon,<br />
fala sobre técnicas <strong>de</strong> PNL que visam utilizar representações internas ou externas para resgatar<br />
reação ou estados internos, sendo essas <strong>de</strong>nominadas âncoras.<br />
Zambon (2003) <strong>de</strong>fine ancora como sendo:<br />
“Uma âncora é qualquer estímulo ou representação tanto externa quanto interna, que gera<br />
<strong>de</strong>terminada reação ou estado interno. As âncoras po<strong>de</strong>m ocorrer com naturalida<strong>de</strong> ou ser<strong>em</strong><br />
criadas para fins específicos”. (ZAMBON, 2003)<br />
17
Fazendo uma transposição <strong>de</strong>sses conceitos à prática educativa é possível criar condições<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula para que ocorram essas associações.<br />
É possível trazer a l<strong>em</strong>brança <strong>de</strong> uma boa aula <strong>de</strong> química experimental por meio <strong>de</strong> um<br />
aperto <strong>de</strong> mão. Des<strong>de</strong> que esse tenha ocorrido durante o momento da aula.<br />
Em artigo <strong>de</strong>senvolvido pelo Instituto <strong>de</strong> Neurolinguística Aplicada (INAp), sobre a<br />
utilização da neurolinguística na educação é <strong>de</strong>scrita a importância dos gestos no processo.<br />
O tom <strong>de</strong> voz, os gestos, as frases que usamos, a expressão facial, o contato visual etc<br />
são comunicações <strong>de</strong> pressuposições subjacentes e formam um “conjunto” que<br />
<strong>de</strong>termina como somos percebidos pelas pessoas a qu<strong>em</strong> nos dirigimos. Essa percepção é<br />
processada principalmente pela mente inconsciente.<br />
Ë importante ficarmos atentos porque, <strong>de</strong> alguma maneira, “nós somos a mensag<strong>em</strong>!<br />
(INAP, 2008, p.4)”.<br />
Dentro <strong>de</strong>ssa perspectiva o modo como se age torna-se fundamental durante o processo e<br />
<strong>de</strong>ve ser s<strong>em</strong>pre aproveitado, se favorecendo dos momentos marcantes.<br />
Desenvolver bom relacionamento, criando condições <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> entre professor e aluno<br />
e aproveitar essa relação através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> PNL, fortaleceria <strong>de</strong> maneira significativa o<br />
trabalho docente.<br />
O <strong>uso</strong> da percepção olfativa também po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ntro da proposta <strong>subliminar</strong>.<br />
Exist<strong>em</strong> estudos na área <strong>de</strong> química referentes às substâncias <strong>de</strong>nominadas feromônios que são<br />
responsáveis pela comunicação inconsciente entre seres humanos e animais.<br />
Essas substâncias são captadas por uma estrutura específica situada na cavida<strong>de</strong> nasal<br />
chamada <strong>de</strong> Vomêronasal.<br />
Os feromônios são substâncias <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> hormonal que são exaladas pelos corpos dos<br />
animais como forma <strong>de</strong> comunicação. Nos insetos, como a formiga, essa comunicação é b<strong>em</strong><br />
perceptível através dos rastros (trajeto enfileirado <strong>de</strong> formigas). Através dos feromônios as<br />
formigas são capazes <strong>de</strong> se guiar ou mesmo enviar informações umas às outras.<br />
Nos seres humanos <strong>em</strong> geral os feromônios possu<strong>em</strong> características <strong>de</strong> comunicação<br />
sexual, mas que po<strong>de</strong>m ser utilizada para outros fins como melhorar a questão do relacionamento<br />
interpessoal.<br />
Esse recurso po<strong>de</strong> ser aplicado também na prática docente. Em lojas especializadas <strong>em</strong><br />
perfumes é possível adquirir perfumes à base <strong>de</strong> feromônios ou ativadores <strong>de</strong> feromônios. Assim,<br />
18
um professor que utilize esse perfume <strong>em</strong> ambiente <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> por meio químico<br />
estabelecer melhor relação com seus alunos.<br />
Esse artifício po<strong>de</strong> melhorar a interação professor-aluno criando assim um elo que facilita<br />
o processo <strong>ensino</strong> aprendizag<strong>em</strong>.<br />
Também é possível criar associações olfativas s<strong>em</strong>elhantes às táteis, utilizando cheiros<br />
para trazer recordações <strong>de</strong> aulas e assim rel<strong>em</strong>brar <strong>de</strong>terminados conteúdos.<br />
Essas associações são muito úteis até mesmo para conteúdos que exig<strong>em</strong> m<strong>em</strong>orização.<br />
Muitas instituições <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> <strong>em</strong> especial as que enfatizam a preparação para o vestibular,<br />
utilizam estratégias <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> que se baseiam <strong>em</strong> técnicas <strong>de</strong> m<strong>em</strong>orização como é o caso dos<br />
conhecidos “macetes”, que <strong>em</strong> quase toda sua totalida<strong>de</strong> se baseiam <strong>em</strong> associações.<br />
Assim, ao utilizar associações inconscientes seria possível <strong>de</strong>senvolver técnicas <strong>de</strong><br />
m<strong>em</strong>orização ainda mais efetivas, pois essas ficariam enraizadas no inconsciente po<strong>de</strong>ndo ser<br />
resgatada no momento oportuno pelo aluno.<br />
Todos os recursos <strong>subliminar</strong>es apontados po<strong>de</strong>m ser trabalhados isoladamente ou mesmo<br />
combinados entre si. O fator <strong>de</strong>terminante no caso é o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong>sses estímulos, sua<br />
aplicação <strong>de</strong>ntro dos materiais didáticos <strong>de</strong>senvolvidos e o direcionamento dado pelo profissional<br />
que os manipula.<br />
Outro aspecto positivo é que os recursos <strong>subliminar</strong>es po<strong>de</strong>m ser utilizados <strong>em</strong> novas<br />
modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> com EAD, ou mesmo teleconferências, já que o computador e TV são as<br />
principais vias <strong>de</strong> acesso a essa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>.<br />
Ao analisar todas essas formas <strong>de</strong> abordagens <strong>subliminar</strong>es perceb<strong>em</strong>-se o papel da<br />
percepção no <strong>ensino</strong>, b<strong>em</strong> como a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar esse recurso <strong>de</strong> maneira dirigida e<br />
orientada para o <strong>de</strong>senvolvimento humano.<br />
No contexto atual é possível perceber a aquisição dos conhecimentos <strong>de</strong> engenharia<br />
<strong>subliminar</strong>, <strong>em</strong> geral sigilosos, inseridos principalmente na área <strong>de</strong> comunicação objetivando<br />
<strong>de</strong>senvolver o consumo excessivo, a manipulação <strong>de</strong> pessoas via meios <strong>de</strong> comunicação e<br />
aceitação <strong>de</strong> idéias pré-<strong>de</strong>terminadas.<br />
Conduta, Dutkevicz, Reis, et all (2001) comentam no s<strong>em</strong>inário “Subliminares &<br />
Cognição”, o ponto <strong>de</strong> vista do Prof Dr Fialho do curso <strong>de</strong> Pós Graduação <strong>em</strong> Ergonomia <strong>de</strong><br />
Softwares sobre a utilização dos recursos <strong>subliminar</strong>es <strong>em</strong> aula.<br />
19
Ao aliarmos a pesquisa a respeito das mensagens <strong>subliminar</strong>es à cognição, traz<strong>em</strong>os à<br />
tona uma proposta baseada nos conteúdos estudados <strong>em</strong> Ergonomia Cognitiva,<br />
disciplina ministrada pelo Dr. Francisco Fialho, na Pós-Graduação da EPS, UFSC, com<br />
o intuito <strong>de</strong> “chamar atenção” para o que po<strong>de</strong> ser um probl<strong>em</strong>a, do ponto <strong>de</strong> vista moral<br />
e legal, e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, instrumento <strong>de</strong> aprendizado <strong>em</strong> <strong>sala</strong>s <strong>de</strong> aula; on<strong>de</strong><br />
professores conheçam, domin<strong>em</strong> e regul<strong>em</strong>, com responsabilida<strong>de</strong>, os meios, inclusive<br />
<strong>subliminar</strong>es, capazes <strong>de</strong> enfocar o aluno como um ser não limitado apenas aos<br />
estímulos sonoros e conscientes, mas como ser amplamente capacitado para perceber e<br />
sentir mediante todos seus canais sensitivos <strong>de</strong> ligação com o mundo externo<br />
(CONDUTA, DUTKEVICZ, REIS, ET ALL, 2001, p.2).<br />
Essa análise r<strong>em</strong>ete a reflexão da via <strong>de</strong> mão dupla que po<strong>de</strong> vir a ocorrer com o <strong>uso</strong><br />
<strong>de</strong>sses recursos, o que reforça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver uma prática acompanhada e b<strong>em</strong><br />
orientada.<br />
Freedman (1988) comenta que são usadas diversas técnicas com fins manipuladores, na<br />
transmissão <strong>de</strong> filmes e propagandas, e adverte que essas possam ser usadas no futuro próximo a<br />
partir <strong>de</strong> novos recursos tecnológicos até mesmo para hipnotizar os telespectadores.<br />
“É possível que novos comerciais <strong>de</strong> alta tecnologia possam chegar a hipnotizar os<br />
consumidores. Rápidas mudanças <strong>de</strong> cena, música e som pulsante, frases repetitivas e logotipos<br />
piscantes são algumas <strong>de</strong>stas técnicas (FREEDMAN, 1988, p.1)”.<br />
Essa perspectiva futurista <strong>de</strong> cunho negativo r<strong>em</strong>ete a fatos concretos do <strong>uso</strong><br />
inconseqüente dos recursos <strong>subliminar</strong>es na atualida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> comunicação,<br />
fato reforçado pela atual condição ambiental irregular referente à alta produtivida<strong>de</strong> das<br />
indústrias <strong>em</strong> função do capitalismo.<br />
Calazans (2006) e Malgarejo (2002) também concordam que as técnicas <strong>subliminar</strong>es vêm<br />
sendo utilizadas com essas finalida<strong>de</strong>s, ressaltam a preocupação com esse tipo <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong>, até<br />
mesmo na questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental.<br />
No site http://www.calazans.ppg.br/c008.htm Calazans comenta o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> técnicas<br />
<strong>subliminar</strong>es no <strong>de</strong>senho Pok<strong>em</strong>on que provocou ataques <strong>de</strong> epilepsia <strong>em</strong> algumas crianças.<br />
O próprio criador do programa SILENTIDEA adverte no site<br />
http://www.co<strong>de</strong>lines.com/silenti<strong>de</strong>a/silentbr.htm que o programa não <strong>de</strong>ve ser utilizado por<br />
pessoas que sofram <strong>de</strong> epilepsia, pois os flashs po<strong>de</strong>m afetar o sist<strong>em</strong>a nervoso provocando<br />
ataques.<br />
Outros possíveis inconvenientes po<strong>de</strong>m ocorrer ao utilizar essa metodologia, no caso do<br />
<strong>uso</strong> <strong>de</strong> feromônios, há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que alguns alunos do sexo oposto que sejam mais<br />
20
sensíveis a este estímulo, se sentir<strong>em</strong> atraídos afetiva ou sexualmente pela pessoa que está<br />
manipulando esse recurso, o que po<strong>de</strong> acarretar situações constrangedoras para ambas as partes.<br />
Por esse motivo antes <strong>de</strong> adotar a metodologia <strong>subliminar</strong> é necessário a realização <strong>de</strong><br />
procedimentos experimentais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> através <strong>de</strong> pesquisas mais<br />
aprofundadas para que possam ser coletados dados suficientes sobre todos aspectos <strong>de</strong>ssa prática.<br />
E talvez até mesmo a criação <strong>de</strong> curso específico com código <strong>de</strong> conduta ética, para se evitar<br />
probl<strong>em</strong>as pessoais e legais, b<strong>em</strong> como <strong>uso</strong> in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong>sse conhecimento.<br />
É necessário, para a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>sse método, que o professor conheça seus alunos,<br />
realizando uma avaliação diagnóstica coletiva e individual, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar as<br />
características e necessida<strong>de</strong>s (individuais e coletivas) dos alunos e turmas na elaboração do<br />
material e para que não ocorram probl<strong>em</strong>as provenientes dos recursos utilizados.<br />
O enfoque principal dado neste trabalho foi a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar os recursos<br />
<strong>subliminar</strong>es <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula, como forma <strong>de</strong> facilitar o processo educativo.<br />
A utilização dos mesmos para se obter benefícios próprios, ou manipular pessoas como<br />
v<strong>em</strong> sendo feito por diversos meios <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong>smerec<strong>em</strong> os estudos que po<strong>de</strong>riam ser<br />
utilizados a favor do hom<strong>em</strong> e da construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> melhor.<br />
Segundo a lei <strong>de</strong> diretrizes e bases da educação (LDB), a educação visa o aprimoramento<br />
do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
autonomia intelectual e do pensamento crítico.<br />
De maneira alguma, a proposta apresentada enfatiza a manipulação dos alunos perante a<br />
utilização <strong>de</strong>sses recursos, mas sim, parte do principio que é possível criar condições para que os<br />
educandos consigam se auto-ajudar mediante as técnicas que possibilit<strong>em</strong> a reprogramação para<br />
bons hábitos e elaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida, que é o principio <strong>de</strong> muitas psicoterapias, e que<br />
vão <strong>de</strong> encontro ao aprimoramento da pessoa humana como consta na constituição.<br />
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CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Em tese, a proposta <strong>de</strong> se usar recursos <strong>subliminar</strong>es se mostrou aplicável e viável <strong>de</strong>ntro<br />
do contexto <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula, chegando a conclusão que seria possível através <strong>de</strong>ssa metodologia<br />
promover mudanças nos hábitos e postura dos alunos com a aplicação do estudo <strong>de</strong>senvolvido.<br />
Porém, antes <strong>de</strong> se utilizar esse mo<strong>de</strong>lo didático <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> aula, seria necessário<br />
mais pesquisas que envolvess<strong>em</strong> <strong>em</strong>piricamente esse processo <strong>de</strong>ntro das instituições <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>,<br />
para assim comprovar sua legitimida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como possíveis inconvenientes que <strong>de</strong>corram <strong>de</strong>sta<br />
prática.<br />
Também é importante ressaltar que antes <strong>de</strong> recorrer a essa proposta didática, professores<br />
e profissionais da educação <strong>de</strong>veriam receber treinamento específico a fim <strong>de</strong> realizar avaliações<br />
diagnósticas, evitando efeitos nocivos aos alunos durante a utilização dos estímulos <strong>subliminar</strong>es.<br />
A priori seria necessária também a criação <strong>de</strong> um código <strong>de</strong> ética que norteasse essa<br />
prática para se evitar ab<strong>uso</strong>s ou <strong>uso</strong> in<strong>de</strong>vido, tornando assim um mo<strong>de</strong>lo didático seguro e que<br />
garantisse condições i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>.<br />
É importante frisar que o mo<strong>de</strong>lo proposto nesta pesquisa não é por si só via <strong>de</strong> resolução<br />
dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>scritos, apenas se mostra como auxílio para educadores no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua<br />
prática educativa, po<strong>de</strong>ndo ser associado a outras estratégias <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>.<br />
De maneira geral é preciso ter cuidado ao manusear esse tipo <strong>de</strong> conhecimento, pois o que<br />
se percebe é o <strong>uso</strong> do mesmo <strong>em</strong> diversos setores para influenciar, persuadir ou mesmo<br />
convencer e criar aceitação <strong>de</strong> conduta. Esse não po<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira alguma ser o enfoque dado a<br />
essa metodologia <strong>em</strong> ambiente escolar.<br />
É <strong>de</strong>ver do Estado, instituição <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> e dos educadores e profissionais da educação,<br />
segundo a Lei <strong>de</strong> diretrizes e bases da educação (LDB), garantir a autonomia individual dos<br />
cidadãos.<br />
Por esse motivo essa proposta <strong>de</strong>ve gerar reflexões sobre o t<strong>em</strong>a que lev<strong>em</strong> a caminhos<br />
sustentáveis e seguros que não anul<strong>em</strong> a autonomia e a personalida<strong>de</strong> dos alunos durante o<br />
processo.<br />
Os recursos <strong>subliminar</strong>es po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como ferramentas <strong>de</strong> auxilio a educação<br />
a fim <strong>de</strong> melhorar questões cotidianas inerentes a professores e alunos, contribuindo e garantindo<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento humano.<br />
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