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Thales Castro - Teoria Das Relações Internacionais - funag

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ThALES CASTRO<br />

ajustado à determinadas realidades com suas próprias justificativas<br />

morais, como bem aponta o filosofo político e fundador da Universidade<br />

de Berlim, Wilhelm von Humbolt. 141<br />

Tanto o sociologismo, quanto o culturalismo apontam para a<br />

necessidade de maior compreensão quanto à racionalidade da tomada<br />

de decisões dos Estados. Ora, os Estados são entes que tendem à<br />

racionalidade. Contudo, nem sempre conseguem ser racionais, de forma<br />

otimizada, em razão de diversas patologias na mecânica interna política,<br />

econômica, social e histórica. Como tal, são afetados por constrangimentos<br />

dos mais diversos que amoldam ou alteram essa racionalidade decisória<br />

e processual. Considerando a priori o pressuposto de racionalidade, os<br />

Estados – os policymakers estatais – processam e tomam decisões políticas na<br />

arena internacional com base em uma miríade de influências simultâneas<br />

internas e externas, cujo vínculo ou fio condutor denomina-se de eixos<br />

de conexão, ou melhor, linkage. São, assim, vários jogos simultâneos em<br />

múltiplos tabuleiros de xadrez da esfera internacional.<br />

Tendo como base a herança das contribuições de cunho sociológico<br />

e cultural, pode-se afirmar que há duas grandes gerações de debates sobre a<br />

natureza e o funcionamento orgânico do Estado na contemporaneidade. Uma<br />

primeira geração de debates sobre a natureza, os fundamentos e os elementos<br />

do Estado é anterior a Weber e também precede Hegel que entendeu que<br />

o Estado representa o ápice da liberdade humana como síntese do espírito<br />

objetivo. Jean Bodin com os Seis Livros da República, do final do século XVI, já<br />

tratava acerca dos elementos formais do Estado com centralidade para o tema<br />

da formação do Estado nacional e de sua legitimação.<br />

A primeira geração de debates sobre o nascimento estatal, atrelada<br />

aos seus elementos constitutivos, é de cunho formalista e traz, como pano<br />

de fundo, a taxonomia de separar Estados de meras posses territoriais,<br />

departamentos ultramarinos ou regiões administradas por outros Estados<br />

já reconhecidos e integrantes do cenário internacional. Não estão sendo<br />

consideradas, nessa primeira geração, a eficácia e a efetividade de governo,<br />

no âmbito de suas competências. Tampouco é tratada a relação de encaixe<br />

entre Estado e sociedade civil sob o ponto de vista da representatividade<br />

ou ainda do Estado com a nação. 142<br />

141 Livro escrito por humbolt, originalmente, em 1791, The limits of State action trouxe elementos que mostram um significativo<br />

avanço no conceito e nas justificativas do Estado contemporâneo. Seu contexto se situa no surgimento e no florescimento<br />

do romantismo e do esclarecimento (Aufklärung) germânicos em meio a uma era de revolucionarismo. Vai se juntar, em<br />

termos de estatura e de importância, a obras de liberais políticos como Locke e teóricos contratualistas como Rousseau.<br />

Suas teses se aproximam mais do culturalismo político para os conceitos fundamentais do Estado contemporâneo.<br />

humBOLT, Wilhem von. The limits of State action. Indianápolis, Liberty Fund, pp. 21; 39-43.<br />

142 O conceito de morfocomposição de nossa autoria se divide em Estados isocompostos e pluricompostos. Abordará os<br />

encaixes citados, sendo, por seu turno, considerado como debates de segunda geração, isto é, análises mais abrangentes<br />

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