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Thales Castro - Teoria Das Relações Internacionais - funag

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ThALES CASTRO<br />

de natureza separatista, irredentista e desmembracionista, com finalidade de<br />

preservação da paz interna e da estabilidade. É mais um meio de consolidar a<br />

orto-ontopraxia, isto é, a boa prática em termos de governança internacional<br />

com base na solidez da paz e da cooperação mútua. 210<br />

2.4 Sobre geopolítica: a relação polis e locus nas <strong>Relações</strong> <strong>Internacionais</strong><br />

A possibilidade de realização das aspirações humanas é possível<br />

na polis grega clássica. É relativamente lugar comum a frase aristotélica de<br />

que o homem é um animal político (politikón zôon); frase essa, amplamente,<br />

divulgada. Em Aristóteles, a polis representava bem mais que o ágora público<br />

que se pressupõe a primeira vista. A polis é fundamento, meio e fim das<br />

conquistas humanas por meio do contato e do convívio sociais. É na interação<br />

social que nos tornamos cada vez mais humano. É por meio da troca social<br />

que viabilizamos o antigo projeto dos gregos e dos romanos com seus ideais<br />

de vida em sociedade e em comunidade. A questão que poderia ser levantada<br />

é onde está essa polis clássica? No interior dos homens que são animais<br />

políticos ou nos espaços de relacionamento no exterior dos seres humanos?<br />

É justo afirmar que a polis grega apresenta indícios bem diferentes<br />

da política contemporânea como ciência que estuda as relações de poder,<br />

ou ainda da política como a arte de maximização dos retornos pessoais de<br />

utilidade em meio à lógica institucional com seus processos, assimetrias<br />

e lutas pela manutenção do poder. Política tem sido enxergada muito por<br />

meio do brocardo pontiagudo de Lasswell quando afirmara que “política<br />

é quem ganha o que, quando e como.” 211<br />

Mas, então o que deu errado com as concepções humanistas da<br />

polis grega com a natureza maquiavélica das entranhas autojustificadas<br />

do poder, pelo poder e para o poder na política? Como se deu esse desvio<br />

de caminho nos ideais tópicos e românticos da herança greco-romana? Há<br />

possibilidade de resgate de tais ideais altruístas?<br />

210 O termo “orto-ontopraxia” fora criado e cunhado em meu primeiro livro Elementos de Política Internacional. Diz respeito<br />

à necessidade de revisão de práticas meramente maquiavélico-hobbesianas que mesclam fins e meios pelos K FPI dos<br />

atores internacionais. há diferença pontual, como teórico, explicar e justificar tais realidades observadas no plano da<br />

política internacional. Dessa forma, advoga-se tal perspectiva de maneira a semear tendências de mudanças no médio/<br />

longo prazo.<br />

211 O cientista político norte-americano Lasswell tem expressivas contribuições para o avanço dos estudos políticos como<br />

substrato da lógica de poder com suas relações com as ciências humanas em geral. Segundo Lasswell, o princípio do jogo<br />

político tem como fundamento a riqueza, o prestigio e a segurança pessoal, advogando a visão piramidal da distribuição<br />

de valores, por meio de uma elite, com base no realismo. Foi autor de obras maiúsculas tais como: Pschopathology and<br />

politics (1928), World politics and personal insecurity (1935), Power and personality (1948), A study of power (1950) e<br />

Power and society: a framework for political enquiry (1952). A obra dele máxima já é claramente revelada no impactante<br />

título da mesma: Política é quem ganha o que, quando e como. LASSWELL, harold. Política: quem ganha o que, quando<br />

e como. Brasília, Editora da unB, 1984. pp. 23-35.<br />

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