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Thales Castro - Teoria Das Relações Internacionais - funag

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Introdução<br />

“Argumentar às vezes de maneira original...”<br />

Baltasar Gracián, A arte da prudência, aforismo 245<br />

Em meados do século XVII, com a alma barroca dividida entre o<br />

racionalismo antropocêntrico e a metafísica religiosa, extraímos, à guisa<br />

de introdução, alguns dos principais tópicos de debate da abertura do<br />

livro. 1 Adepto do conceptismo e tido como um dos grandes literatos<br />

espanhóis do período, o padre jesuíta Baltasar Gracián 2 nos brinda com<br />

algumas das mais importantes análises e recomendações sobre a natureza<br />

humana com sua inexorável tendência à politicidade. Não é clara, na<br />

historiografia contemporânea, a relação ou influência direta do florentino<br />

Nicolau Maquiavel nos ensaios d´Arte da prudência. Pode-se, de toda forma,<br />

correlacionar importante nexo de diálogo entre o renascentista Maquiavel<br />

e o seiscentista Gracián sobre a amplitude política da vida em sociedade<br />

na forma de aconselhamentos, embora por razões e tradições escolásticas<br />

bem opostas. 3 Ora, a política contemporânea, bem diferente das visões<br />

platônico-aristotélicas clássicas ou tomistas, perpassa as entranhas desde a<br />

1 O absolutismo que se enraizou e se desenvolveu no contexto do estilo cultural e artístico barroco-rococó do século XVII esteve<br />

posicionado entre o momentum do renascimento humanista à época das grandes navegações com os empreendimentos<br />

ultramarinos (séc. XVI) e a iluminação enciclopedista com as revoluções norte-americana e francesa (séc. XVIII). O processo<br />

histórico do absolutismo representa momento ímpar para as <strong>Relações</strong> <strong>Internacionais</strong> em razão do apogeu do poder do<br />

Estado e do amadurecimento das principais instituições políticas no Ocidente. Nesse sentido, o estilo literário barroco de<br />

Gracián com suas antíteses e paradoxos é, portanto, emblemático nas palavras iniciais desta narrativa.<br />

2 GRACIáN, Baltasar. A arte da prudência. São Paulo, martin Claret, 2005. pp. 118-119.<br />

3 Na metáfora clássica de maquiavel da força bruta versus a sagacidade política presente na lição de que o príncipe deve<br />

ter a força do leão e a astúcia da raposa, há uma clara correspondência em Gracián no aforismo 220: “Não podendo<br />

vestir a pele do leão, vista a da raposa.” mAQuIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo, Paz e Terra, 1996. pp. 105-107. Para<br />

maiores detalhes, vide a inteireza do capítulo XVIII, de maquiavel, intitulado: “Os príncipes e a palavra dada – Quomodo<br />

fides a princibus sit servanda.”<br />

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