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Mil Platôs. Vol 3

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et des clans", in L'Homme, janeiro 1964, p. 98-102. E Jaulin, Cens du soi, gens de 1'autre,<br />

10-18 (prefácio, p. 20).<br />

De uma maneira mais alegre, a pintura utilizou-se de todos os recursos<br />

do Cristo-rosto. Serviu-se da máquina abstrata de rostidade, muro brancoburaco<br />

negro, em todos os sentidos para produzir com o rosto do Cristo<br />

todas as unidades de rosto, mas também todas as variações de desviança.<br />

Há um júbilo da pintura a esse respeito, da Idade Média ao Renascimento,<br />

como uma liberdade desenfreada. Não apenas o Cristo preside à<br />

rostificação de todo o corpo (seu próprio corpo), à paisagificação de todos<br />

os meios (seus próprios meios), mas compõe todos os rostos elementares, e<br />

dispõe de todos os desvios: Cristo-atleta de mercado, Cristo-maneirista<br />

pederasta, Cristo-negro, ou pelo menos Virgem negra à margem do muro.<br />

As maiores loucuras aparecem na tela, através do código católico. Um<br />

único exemplo dentre tantos outros: sobre o fundo branco de paisagem, e<br />

buraco azul-escuro do céu, o Cristo crucificado, tornado máquina pipa,<br />

envia, por meio de raios, estigmas a São Francisco; os estigmas operam a<br />

rostificação do corpo do santo, à imagem do de Cristo; mas igualmente os<br />

raios que trazem os estigmas ao santo são os fios pelos quais este<br />

movimenta a pipa divina. É sob o signo da cruz que se soube triturar o rosto<br />

em todos os sentidos, bem como os processos de rostificação.<br />

A teoria da informação apresenta um conjunto homogêneo de<br />

mensagens significantes totalmente prontas que já são tomadas como<br />

elementos em correlações biunívocas, ou cujos elementos são organizados<br />

de uma mensagem a outra de acordo com essas correlações. Em segundo<br />

lugar, a tiragem de uma combinação depende de um certo número de<br />

escolhas binárias subjetivas que aumentam proporcionalmente ao número<br />

de elementos. Mas a questão é: toda essa biunivocização, toda essa<br />

binarização (que não depende apenas, como se diz, de uma maior facilidade<br />

para o cálculo) já supõem a apresentação de um muro ou de uma tela, a<br />

instalação de um buraco central ordenador, sem os quais nenhuma<br />

mensagem seria discernível, nenhuma escolha efetuável. É preciso que o<br />

sistema buraco negro-muro branco quadricule todo o espaço, delineie suas<br />

arborescências ou suas dicotomias, para que o significante e a subjetividade<br />

possam apenas tornar concebível a possibilidade das suas. A semiótica<br />

mista de significância e de subjetivação necessita singularmente ser<br />

protegida contra qualquer intrusão de fora. É preciso mesmo que não haja<br />

mais exterior: nenhuma máquina nômade, nenhuma polivocidade primitiva<br />

deve surgir, com suas combinações de substâncias de expressão<br />

heterogêneas. É preciso uma única substância de expressão como condição

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