O risco e a invenção - UFRJ
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Imagem Retinal Primal sketch<br />
• A noção de “primal sketch” conforme proposto por D. Marr.<br />
maneira uma base esquemática do desenho pode ser definida do mesmo modo e tanto é<br />
assim que essa abordagem acabou por influenciar fortemente as chamadas ‘artes visuais’ ao<br />
ser definida como uma ‘psicologia da forma’. Neste sentido, a percepção das unidades figurais<br />
se subordinaria a um fator básico designado como ‘boa-forma’ ou ‘pregnância’. Uma figura<br />
pregnante seria aquela que exprimiria uma característica qualquer, forte o suficiente para<br />
destacar-se, impor-se e ser de fácil evocação. Ao fator básico da boa-forma se associariam<br />
fatores complementares, que foram tratados como ‘leis da percepção’, que vão se constituir<br />
nas condições através das quais tem consumação a forma privilegiada ou pregnante. Esses<br />
fatores complementares seriam: o fechamento, a continuidade, a proximidade e a semelhança.<br />
Entretanto, a abordagem da gestalt não é unânime nem no âmbito da psicologia e nem do<br />
das ‘artes visuais’; sendo assim, o processamento e transformação de estímulo luminoso em<br />
informação visual tem sido objeto de intensas investigações no campo da psicologia e no da<br />
ciência da cognição. A dificuldade está em explicar a seleção exercida por atos do pensamento<br />
naquilo que de fato uma pessoa vê: o que a memória ‘escolhe’ ou prioriza e aquilo que elimina<br />
ou coloca num plano secundário; as situações ambígüas que possibilitam a ilusão ótica; a<br />
organização da luz e sombra, cor, contorno e configuração em padrões compreensíveis, figura<br />
e forma. Um autor como Arheim, que trabalha indistintamente com cognição, psicologia,<br />
arte e arquitetura — entendendo que o pensamento é uma atividade psíquica que abarca os<br />
fenômenos cognitivos de aquisição, produção e desenvolvimento de conhecimento —, vai<br />
tratar a percepção visual como parte de um processo que habilita um ‘pensamento visual’<br />
[visual thinking] — em que ocorreria aquisição, produção e desenvolvimento de uma forma<br />
de ‘conhecimento visual’ — para, de certa forma, escapar da associação com o paradigma<br />
lingüístico que domina algumas áreas na psicologia e na ciência da cognição.<br />
Sob outro enfoque, o psicólogo David Marr, do laboratório de inteligência artificial do MIT,<br />
tendo como objetivo estabelecer um ‘algoritmo’ para um sistema de visão artificial propôs<br />
que a visão humana funcionaria com uma estrutura modular. Em termos computacionais<br />
isso significaria que o ‘programa’ principal denominado visão englobaria uma série de<br />
subrotinas autônomas, que também funcionariam independentemente, transformando<br />
representações bidimensionais (imagem retinal) em informação visual enriquecida. Num<br />
primeiro estágio a imagem retinal é traduzida em uma espécie de esquema ou ‘esboço’<br />
primitivo [primal sketch] que registra as mudanças de intensidade de luz e resulta numa<br />
definição de limites, a seguir ocorreria o que chamou de esquema ou ‘esboço’ 2 1/2 D [2 1/2D<br />
Sketch] baseado nas diferenças de intensidade de luz e no cômputo das distâncias aos limites<br />
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