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O risco e a invenção - UFRJ

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• a atividade perceptiva fornece uma representação do mundo exterior ‘empobrecida’ e<br />

orientada; é uma forma de ‘resumo’ onde só aparece claramente aquilo que interessa ao<br />

indivíduo em função de seu comportamento específico e de suas intenções;<br />

• perceber implica em decisão diante de uma situação marcada por algum grau de<br />

complexidade ou ambiguidade.<br />

No que se refere às complexas atividades mentais envolvidas neste processo, tanto o<br />

‘pensamento visual’ como a materialização concreta de uma representação mental, não devem<br />

ser entendidos como o resultado de uma atitude passiva diante do ‘mundo externo’.<br />

32<br />

IV<br />

De uma maneira geral todos os indivíduos têm capacidade de desenhar e é inegável a<br />

relação do desenho, como materialização de representações, com o ‘pensamento visual’. Assim<br />

sendo, o desenho poderia também ser abordado como o resultado de um aparente ‘curtocircuito’<br />

na sofisticada conexão, exclusivamente humana, do olho com a mão. Uma espécie<br />

de derivação que se dá fora do corpo e que possibilitaria um acesso a processos mentais<br />

complexos. Ou seja, poder-se-ia abordar o desenho como uma materialização, reflexiva ou<br />

até mesmo ressonante, de processos cognitivos.<br />

Ora, uma outra determinante física importante do ser humano resulta da necessidade<br />

existencial por estabilidade e equilíbrio corporal. De alguma maneira esse equilíbrio marca<br />

a estrutura psíquica e tem influência direta na experiência visual que define a apreensão e<br />

apropriação do espaço. Essa, por sua vez, influenciaria o próprio ato de desenhar e avaliar<br />

desenhos. O indivíduo precisa ter os pés assentes em solo estável e com um certo grau de<br />

certeza de que vai permanecer com a espinha ereta para poder iniciar qualquer ação ou<br />

movimento. O construto mental definido pelos eixos ‘frente x atrás’, ‘alto x baixo’ e ‘esquerdo<br />

x direito’, vai se constituir na relação básica do homem com o meio ambiente ao determinar<br />

sua compreensão do espaço e o seu sentido de posição. A internalização psíquica da<br />

verticalidade do corpo contra uma base estável paralela a um horizonte reconhecido resulta<br />

na noção de equilíbrio, provavelmente, a base consciente e a referência mais forte para o<br />

juízo visual. A expressão desse determinante estabilizador — definido pelos eixos vertical e<br />

horizontal que operam na resolução da ‘linguagem’ visual das coisas produzidas pela<br />

inteligência humana — vai representar o equivalente físico dos processos psicológicos que<br />

organizam os estímulos visuais.<br />

Rudolf Arnheim é o autor de um importante, e muito citado, livro onde é bem sucedido na

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