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1 Proposições iniciais<br />

VI<br />

Escolástica e história 30<br />

O crescente fortalecimento da história cultural, nos últimos anos, tem contribuído para<br />

incrementar um sensível interesse dos medievalistas pelo estudo da escolástica. Este<br />

grande movimento que foi certamente a principal contribuição da Idade Média à<br />

Filosofia passa aqui a ser visto também como um objeto de estudo importante para<br />

iluminar não apenas o universo cultural da Idade Média, mas também a sua economia,<br />

as suas relações políticas, as relações sociais, ou mesmo a história da cultura material.<br />

Atravessando todo o período de expansão feudal e adentrando o período da crise<br />

medieval nos séculos XIV e XV, a escolástica sinaliza com seus próprios<br />

desenvolvimentos as transformações histórico-sociais que se operaram nas várias<br />

fases da Idade Média e nos vários âmbitos da vida do homem medieval.<br />

Frequentemente, e disto os historiadores se apercebem com clareza cada vez maior,<br />

os rumos do pensamento escolástico se veem interferidos por questões de ordem<br />

econômica, política e social; e, com a mesma frequência, é possível também<br />

comprovar, este mesmo pensamento escolástico mostra-se interferente no mundo que<br />

o produziu transformando-o, fornecendo-lhe instrumentos para a mudança, ofertandolhe<br />

limites e aberturas que ajudaram a redefinir os caminhos disponíveis para os<br />

homens medievais.<br />

O presente ensaio buscará trazer para primeiro plano um pouco da reflexão<br />

historiográfica que se tem desenvolvido em torno da complexa interação entre a<br />

escolástica e a história que a produziu. Neste sentido, começaremos por delimitar com<br />

maior clareza os parâmetros temporais dentro dos quais examinaremos o universo<br />

escolástico.<br />

Em que pese que algumas sínteses produzidas no âmbito da história da Igreja e da<br />

história da Filosofia considerem a escolástica num arco mais amplo, dentro do qual são<br />

identificadas várias fases que remontam a períodos mais recuados, estaremos nos<br />

referindo aqui – para uma reflexão historiográfica da escolástica que se mostre<br />

diretamente relacionada a uma série de aspectos típicos do período feudal – à<br />

escolástica que se desenvolve a partir de fins do século XII, que atinge o seu apogeu<br />

no século XIII, e que entra em uma fase já transformada a partir de 1270 no contexto<br />

do surgimento de novas correntes que já desfiguram o sistema inicial.<br />

Antes de iniciarmos uma pequena revisão historiográfica e uma exposição de fontes<br />

primárias importantes para o estudo da escolástica, consideremos alguns elementos<br />

essenciais que ajudarão a delimitar melhor o nosso objeto de reflexão. A escolástica<br />

guarda antes de qualquer coisa íntimas relações com a universidade: não apenas os

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