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IMPRESSO DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA<br />
www.jperegrino.com.br<br />
Livros<br />
Guia Prático de Radiologia – Marcelo<br />
Felisberto<br />
Os códigos ocultos – Os círculos da<br />
sabedoria – Emilio Carrillo<br />
Voz sobre protocolo IP – Paulo Sérgio<br />
Milano Bernal<br />
Página 14<br />
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Informação, Informação, Cultura Cultura e e Livre Livre Expressão<br />
Expressão<br />
Ribeirão Ribeirão Preto - SP Preto - Ano - IV SP - Nº - Ano 41 - Setembro/2003 VIII - Nº 93 - R$ - janeiro/2008<br />
1,00<br />
“Ajuda-nos a ser sempre os esperançosos jardineiros do espírito, que sabem que sem a escuridão<br />
nada renasce, assim como sem a luz nada floresce.” – May Sarton<br />
Afinal, o que é<br />
esoterismo?<br />
Ser esoterista é viver de coração a<br />
coração. É perceber o lado oculto de todas<br />
as coisas; no Universo, nas religiões, nas<br />
filosofias, na Poesia, na Arte, em todos os<br />
reinos da natureza, no homem e em Deus.<br />
Etimologicamente o termo esoterismo<br />
deriva do grego esotérikos, “interno”,<br />
“oculto”, em contraposição a exotérikos<br />
(exotérico), “externo”, “público”. Antigamente,<br />
esotérico era o que se ocultava à<br />
generalidade das pessoas e se revelava<br />
somente aos “iniciados”; ao passo que<br />
exotérico era o que se podia mostrar ao<br />
público.<br />
Modernamente, esoterismo é uma<br />
filosofia ou doutrina que, por sua unidade e<br />
generalidade, transcende todos ...<br />
Página 4<br />
Musicoterapia<br />
promove o bem-estar<br />
Já dissemos em outra ocasião que a<br />
Musicoterapia é uma profissão da área da<br />
saúde. Agora, no inicio do ano, seguem<br />
algumas informações para aqueles que<br />
pretendem ingressar nessa faculdade.<br />
Não é preciso ser exímio concertista para<br />
estudar Musicoterapia. Mas noções de<br />
teoria musical e dos sons que regem o<br />
universo são essenciais para aproveitar bem<br />
o curso e se tornar um profissional de<br />
qualidade. Se souber tocar um instrumento,<br />
melhor. A Musicoterapia é a ciência que<br />
utiliza sons, ritmos e melodias como<br />
ferramentas de apoio no tratamento de<br />
pessoas com problemas psicológicos,<br />
emocionais ou deficiência mental e física. Já<br />
na Grécia Antiga, a música era...<br />
Página 11<br />
1900 – O BONDE ELÉTRICO, UMA REVOLUÇÃO!<br />
Impressões e instruções de Machado de Assis aos usuários do novo bonde<br />
Ocorreu-me compôr certas regras para uso dos que freqüentam os bonds. O desenvolvimento que tem tido<br />
entre nós este meio de locomoção, essencialmente democratico, exige que elle não seja deixado ao puro<br />
capricho dos passageiros. Não posso dar aqui mais do que alguns extractos do meu trabalho; basta saber que<br />
tem nada menos de setenta artigos. Vão apenas dez:<br />
Art. I – DOS ENCATARRHOADOS<br />
Os encatarrhoados podem entrar nos bonds com a condição de não tossirem mais de trez vezes de uma hora<br />
e, no caso de pigarro, quatro. Quando a tosse for tão teimosa que não permita esta limitação, os<br />
encatarrhoados têem dous alvitres: - ou irem a pé, que é bom exercício, ou metterem-se na cama...<br />
Página 15<br />
Curso de Florais de<br />
Bach<br />
Îiam Îiam malpli malpli mortoj<br />
mortoj<br />
Îi tio povas soni sensenta, sed la<br />
informo estas preskaö memoriginda: en îiu<br />
jaro, 9,7 milionoj da infanoj ûis 5 jaroj<br />
mortas en la mondo, laö la lastaj statistikoj<br />
de Unicef. Ûi estas pozitiva informo kiam<br />
oni rigardas malantaöen, laö El País. En<br />
1990 ili estis 13 milionoj. En 1960, 20<br />
milionoj. Se la infana mortokvanto estus<br />
daörita en tiu malûoja ritmo, la proporcio<br />
hodiaö estus de 25 milionoj da mortoj por<br />
jaro.<br />
La metodo por la haltigo estas la<br />
investado en la malriîaj landoj, ne nur de la<br />
regantoj, sed ankaö de privataj grupoj, kiel<br />
Gates Fondaëo. Jen la bonaj rezultoj:<br />
- La plej grandaj antaöeniroj okazis en<br />
Latin-Ameriko, kun redukto de 51% rilate<br />
al 1990. Respubliko....<br />
Página Página 14 14<br />
14<br />
Página 16<br />
Taqui pra ti<br />
Uma piada de português<br />
Quinta-feira, 13 de dezembro. Hora do<br />
almoço. O chofer da camionete chapa<br />
branca, apelidado de ‘Malandro Carioca’,<br />
pára na garagem do hotel. Desce o deputado<br />
Aldo Rebelo (PCdoB-SP), trajando paletó<br />
azul e gravata vermelha. Encontra seu irmão<br />
caçula no restaurante. O garçom traz o menu.<br />
Alisando seu bigode, Aldo pede bife de filé<br />
no capricho, com purê de batata e, de entrada,<br />
salada de maionese com tomate e azeitona.<br />
Enquanto come, discute a guerra da CPMF<br />
e a crise política. No final, toma o<br />
indispensável cafezinho bem brasileiro e vai<br />
embora, depois de fazer um brinde,<br />
festejando a aprovação do projeto de lei<br />
contra os estrangeirismos.<br />
O projeto, de sua autoria,...<br />
Página 13<br />
Grupo de Estudo -<br />
PATHWORK®
2<br />
Editorial<br />
O Jornal traz dois textos que dizem respeito a nossa tão complexa língua<br />
portuguesa. Um deles é de Machado de Assis, escrito em português da época.<br />
Há palavras grafadas de modo muito estranho, porém o texto é excelente como<br />
não poderia deixar de ser em se tratando de um escritor de seu porte; o outro<br />
texto fala de abolirmos de nossa língua as palavras estrangeiras, o que parece ao<br />
seu autor algo impossível, já que ele argumenta que são inúmeros os vocábulos<br />
de influência estrangeira e isso a nada levaria. Pois bem, citei tais coisas para<br />
dizer que importante mesmo deveria ser “escrever e falar bem” e respeitar a<br />
língua no sentido de não vilipendiá-la com erros crassos de português. Eu gostaria<br />
de propor um decreto que proibisse o assassinato da língua. Principalmente o<br />
perpetrado por aqueles que têm condição e acesso à escola, a professores, livros,<br />
dicionários. A palavra menas, por exemplo, deveria causar arrepios a cada vez<br />
que fosse emitida, porém já a escutei várias vezes, brotando horrorosa de um<br />
discurso proferido por alguém que aparece na mídia. Usos abusivos do gerúndio?<br />
Nem se fale. Aliás, isso me lembra um e.mail que circulou na Internet sobre erros<br />
de português, em que se conta que um jogador de futebol, esqueci quem, disse:<br />
Fui, fui e acabei não fondo. Essa estória pode até ser um exagero, pode não ser<br />
verídica, mas se for é lastimável pensar em uma figura pública com tal grau de<br />
ignorância.<br />
Muitos poderão argumentar que alguns jogadores, na verdade muitos deles,<br />
carecem de cultura e vêm de famílias pobres e blá, blá, blá. Porém há que se levar<br />
em conta que é aí que reside o perigo. Não devemos e não podemos nivelar as<br />
coisas por baixo. Se alguém consegue ocupar um lugar privilegiado a despeito de<br />
sua falta de cultura e de conhecimento, isso não significa que deva permanecer<br />
inculto.<br />
Jogadores assassinos da flor inculta e bela devem e podem estudar.<br />
Presidentes, decapitadores de esses, também. E outros e tantos outros que estão<br />
na mídia. Para que o falar mal não se torne um hábito, para que esse mau hábito<br />
não se instale insidiosamente e para que não se diga: se ele pode e se deu bem,<br />
também eu posso.<br />
Feliz Ano Novo a todos.<br />
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz<br />
marizahrfruiz@jperegrino.com.br<br />
Informação<br />
Informação<br />
Cultura Cultura e e Livre Livre Expressão<br />
Expressão<br />
José Roberto Ruiz<br />
(16) 3621 9225 / 9992 3408<br />
e-mail: falecom@jperegrino.com.br<br />
<strong>Peregrino</strong> das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
Cursos – Oficinas -<br />
Palestras – Workshops<br />
Janeiro<br />
18 – Workshop de Constelação<br />
Sistêmica – Jaboticabal / SP -<br />
Informações: (16) 3202 3998 /<br />
9708 0692.<br />
19 – Seminário de Reiki I -<br />
Ribeirão Preto / SP –<br />
Informações: (16) 3630 2236 /<br />
9782 4150.<br />
19 – Workshop de Constelação<br />
Sistêmica – Ribeirão Preto / SP -<br />
Informações: (16) 3021 5490 /<br />
9994 7224 / 3931 6140 / 9994<br />
5605.<br />
20 – Workshop de Constelação<br />
Sistêmica – Mococa / SP -<br />
Informações: (19) 3656 1683 /<br />
9283 7256.<br />
25 – Seminário de Mestrado de<br />
Reiki - Ribeirão Preto / SP –<br />
Informações: (16) 3630 2236 /<br />
9782 4150.<br />
26 – Seminário de Reiki II -<br />
Ribeirão Preto / SP –<br />
Informações: (16) 3630 2236 /<br />
9782 4150.<br />
27 – Workshop de Constelação<br />
Sistêmica – Atibaia / SP -<br />
Informações: (11) 4402 7287 /<br />
9220 3754.<br />
4157.<br />
ENCARTE<br />
Com uma tiragem de 3.000<br />
exemplares, o Jornal <strong>Peregrino</strong><br />
das Letras oferece a opção de<br />
encarte de materiais impressos.<br />
O impresso é de responsabilidade<br />
do anunciante. Para maiores<br />
informações:<br />
(16) 3621 9225 / 9992 3408.<br />
Perfil do Leitor do<br />
<strong>Peregrino</strong> das<br />
Letras<br />
Sexo<br />
Masculino: 35,1%<br />
Feminino: 64,9%<br />
Instrução<br />
Primeiro Grau: 1,5%<br />
Segundo Grau: 15,3%<br />
Superior: 80,2<br />
Não informado: 3%<br />
Faixa Etária<br />
0 – 19: 6,5%<br />
20 a 39: 30,2%<br />
40 a 59: 46,9%<br />
60 a 79: 13,7%<br />
80 e acima: 0,4%<br />
Não informada: 2,3%<br />
Classe Social<br />
A: 27,9%<br />
B: 38,9%<br />
C: 9,9%<br />
Não informada: 23,3%<br />
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Total de Sessões no site<br />
Mês de referência<br />
novembro/2007<br />
(Dados fornecidos pelo nosso<br />
provedor – LOCAWEB)<br />
Mês: 67.863<br />
Média de sessões por dia:<br />
2.262,10.<br />
Acumuladas no Ano: 616.952<br />
Média de sessões por dia:<br />
1.847,16.<br />
As idéias emitidas em artigos, matérias ou anúncios publicitários,<br />
são responsabilidades de seus autores e, não são expressão oficial<br />
do <strong>Peregrino</strong> das Letras, salvo indicação explícita neste sentido.<br />
É expressamente proibida a reprodução parcial ou total desta<br />
publicação sem a prévia autorização.<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
Capa<br />
Foto da capa - Acervo Fotográfico Light<br />
Contatos<br />
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Direção<br />
José Roberto Ruiz - MTb 36.952<br />
jrruiz@jperegrino.com.br<br />
Redatora<br />
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Endereço para correspondência:<br />
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350 A6 - Ribeirão Preto -<br />
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Fotolito e Impressão<br />
Fullgraphics Gráfica e Editora - (16)<br />
3211 5500
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
3<br />
Ser Veterinário<br />
Pensando bem...<br />
Ser Veterinário não é só cuidar de animais.<br />
É, sobretudo amá-los, não ficando somente nos padrões éticos de uma Ciência<br />
Médica.<br />
Ser Veterinário é acreditar na imortalidade da natureza e querer preservá-la<br />
sempre mais bela.<br />
Ser Veterinário é ouvir miados, mugidos, balidos, relinchos e latidos, mas<br />
principalmente entendê-los e amenizá-los.<br />
É gostar de terra molhada, de mato fechado, de luas e chuvas.<br />
Ser Veterinário é não importar se os animais pensam, mas sim se sofrem.<br />
É dedicar parte do seu ser à arte de salvar vidas.<br />
Ser Veterinário é aproximar-se de instintos.<br />
É perder medos.<br />
É ganhar amigos de pêlos e penas, que jamais irão decepcioná-lo.<br />
Ser Veterinário é ter ódio de gaiolas, jaulas e correntes.<br />
É perder um tempo enorme apreciando rebanhos e vôos de gaivotas.<br />
É permanecer descobrindo, através dos animais, a si mesmo.<br />
Ser Veterinário é ser o único capaz de entender rabos abanando, arranhões carinhosos e mordidas de afeto.<br />
É sentir cheiro de pêlo molhado, cheiro de almofada com essência de gato, cheiro de baias, de curral, de<br />
esterco.<br />
Ser Veterinário é ter coragem de penetrar num mundo diferente e ser igual.<br />
É ter capacidade de compreender gratidões mudas, mas sem dúvida alguma, as únicas verdadeiras.<br />
É adivinhar olhares, é lembrar do seu tempo de criança, é querer levar para casa todos os cães vadios sem<br />
dono.<br />
Ser Veterinário é conviver lado a lado com ensinamentos profundos sobre amor e vida.<br />
Bem gelada, a água-de-coco<br />
mata a sede, agrada ao paladar,<br />
hidrata o organismo e afasta o<br />
mal-estar provocado pelo calor.<br />
O que muitas pessoas não sabem<br />
é que ela é tida como um remédio<br />
eficiente, usado no tratamento de<br />
uma série de doenças. Conheça<br />
as maravilhosas propriedades da<br />
água-de-coco e aprenda a usála<br />
em favor de sua saúde.<br />
Popularmente, a água-de-coco<br />
é conhecida como o melhor dos<br />
diuréticos. Esta crença, embora<br />
pareça exagerada, tem sua razão<br />
de ser. Sendo rica em potássio e<br />
outros sais minerais, ela pode ser<br />
capaz de retirar o excesso de água<br />
do organismo sem alterar a taxa de<br />
potássio, como fazem os diuréticos<br />
artificiais. Por isso, a água-de-coco<br />
é também muito usada para baixar<br />
a pressão arterial, eliminar inchaços<br />
Autor desconhecido<br />
Dr. Mussi A. de Lacerda<br />
Médico Veterinário - CRMVSP 3065<br />
Arca de Noé Centro Médico Veterinário<br />
www.arcadenoehv.com.br<br />
A cura pela natureza<br />
O coco e o corpo<br />
nos pés e nas mãos e até para<br />
diminuir o colesterol no sangue. E<br />
como se atribuem qualidades<br />
quase milagrosas a essa água, ela<br />
é utilizada para os problemas de<br />
prisão de ventre, tomando-se 1<br />
copo em jejum até que os intestinos<br />
se normalizem. Para as crianças ela<br />
costuma ser indicada, principalmente<br />
no verão, quando os<br />
casos de desidratação são mais<br />
freqüentes. Por ser hidratante, seu<br />
uso é recomendado para pessoas<br />
que tenham sido vítimas de<br />
queimaduras. Por causa de sua<br />
qualidade de purificadora do<br />
sangue, é comum a sua indicação<br />
para os que passaram muito tempo<br />
tomando remédios fortes, como<br />
antibióticos, antiinflamatórios<br />
(principalmente os corticóides que<br />
fazem o organismo reter água) e<br />
hipotensores. Mas isso não é<br />
tudo: no interior, onde ela é vista<br />
como uma verdadeira panacéia, é<br />
comum o seu uso para reumatismo,<br />
cãibras, problemas de má<br />
circulação do sangue e para acabar<br />
com as verminoses comuns na<br />
infância. Depois de tudo isso, não<br />
custa juntar o prazer de tomar uma<br />
refrescante água-de-coco com a<br />
esperança de, por meio dela, livrarse<br />
de uma série de doenças nem<br />
sempre fáceis de curar.<br />
Fonte: Essencial – Um guia<br />
prático para a saúde e a beleza
4<br />
CURSOS, OFICINAS, PALESTRAS, WORKSHOPS<br />
Página 2<br />
<strong>Peregrino</strong> das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
Ser esoterista é viver de<br />
coração a coração. É perceber o<br />
lado oculto de todas as coisas; no<br />
Universo, nas religiões, nas filosofias,<br />
na Poesia, na Arte, em todos<br />
os reinos da natureza, no homem e<br />
em Deus.<br />
Etimologicamente o termo<br />
esoterismo deriva do grego<br />
esotérikos, “interno”, “oculto”, em<br />
contraposição a exotérikos (exotérico),<br />
“externo”, “público”.<br />
Antigamente, esotérico era o que<br />
se ocultava à generalidade das<br />
pessoas e se revelava somente aos<br />
“iniciados”; ao passo que exotérico<br />
era o que se podia mostrar<br />
ao público.<br />
Modernamente, esoterismo é<br />
uma filosofia ou doutrina que, por<br />
sua unidade e generalidade,<br />
transcende todos os dogmas e<br />
todas as formas, em busca do<br />
sentido mais racional e inteligível<br />
da vida, e de seus fenômenos e<br />
poderes latentes, para esclarecer e<br />
conciliar os múltiplos aspectos da<br />
verdade. Em outras palavras,<br />
esoterismo é o significado mais<br />
profundo das coisas, que geralmente<br />
escapa à percepção<br />
superficial do indivíduo.<br />
Todas as antigas e verdadeiras<br />
religiões, como também numerosas<br />
das antigas escolas ou sistemas de<br />
filosofia, tiveram o seu lado<br />
esotérico, reservado aos “eleitos”,<br />
e o exotérico, destinado à massa<br />
popular.<br />
O Cristianismo primitivo<br />
também oferecia esse duplo<br />
aspecto, pois os ensinamentos de<br />
Cristo se caracterizaram por uma<br />
parte pública e outra secreta, como<br />
o atestam estas palavras a Seus<br />
discípulos: “... a vós é dado<br />
conhecer os mistérios do reino dos<br />
céus, mas a eles não lhes é dado...<br />
Por isso lhes falo em parábolas,<br />
porque eles, vendo, não vêem, e<br />
ouvindo, não ouvem nem compreendem”.<br />
(S. Mat. 13: 11 e 13).<br />
De igual modo se expressaram<br />
os evangelistas S. Marcos e S.<br />
Lucas: “E sem parábola nunca lhes<br />
falava, porém tudo declarava em<br />
particular aos seus discípulos” (S.<br />
Marcos 4:34).<br />
O próprio Universo está constituído<br />
sob duas formas: a visível e<br />
a invisível. Não há sol sem sombra.<br />
Em todas as religiões, a<br />
construção do Universo é apresentada<br />
sob o mesmo ponto de<br />
vista oculto, esotérico; no entanto,<br />
cada religião a reveste de uma<br />
determinada forma, criando, mesmo<br />
entre elas, idéias antagônicas e<br />
muitas vezes desconcertantes,<br />
ininteligíveis ao homem desejoso<br />
de encontrar a verdade.<br />
O Universo é o campo de<br />
manifestação das almas que nele<br />
habitam, todas vivem sob a força e<br />
o calor do “Deus Sol”, o Logos, ou<br />
Verbo dos gregos, Deus, Brama,<br />
Osíris, Alá, etc..., nas várias<br />
religiões. Todas o conhecem<br />
exotericamente, revestido de Sua<br />
gloriosa forma, emanador de vida<br />
e sustentador de formas por ele<br />
criadas.<br />
Há, porém, uma vida oculta em<br />
toda manifestação, só perceptível<br />
a “quem tem olhos para ver e<br />
ouvidos para ouvir”.<br />
Há uma Luz poderosa além da<br />
forma, que comunga com o sol<br />
individual, o deus interno residente<br />
no coração de cada ser humano, e<br />
vive em toda a criação. Há um som<br />
que se espalha por toda a<br />
atmosfera, audível apenas aos que<br />
têm “ouvidos para ouvir”; e uma<br />
nota musical se destaca do<br />
conjunto harmonioso da criação e<br />
encontra eco em cada ser humano,<br />
pois nele vibra internamente a<br />
harmonia universal. Este deus<br />
interior no homem é a sua força<br />
esotérica. É a sua visão real, liberta<br />
de toda forma, a mostrar-lhe o<br />
caminho para a Verdade e para a<br />
Luz. Na manifestação exotérica do<br />
Universo, vemos a beleza de seus<br />
sóis estrelando o céu sobre nossas<br />
cabeças. Admiramos o encanto de<br />
suas águas, extasiamo-nos diante<br />
de suas montanhas, abrimos<br />
nossos pulmões, e a respiração nos<br />
põe em contato com a expiração e<br />
inspiração divinas quando, em<br />
meio das florestas, ouvimos o<br />
cantar dos pássaros e o rumorejar<br />
das águas. Mas, num tremendo<br />
arco-íris de cores resplandecentes<br />
para o verdadeiro azul, todas essas<br />
belezas desaparecem e a parte<br />
esotérica do Universo se manifesta<br />
ao nosso olhar sutil, o olhar<br />
daquele que “tem olhos para ver e<br />
vê”.<br />
No presente estágio de nosso<br />
desenvolvimento, sem dúvida, a<br />
maior parte da natureza é inteiramente<br />
desconhecida da<br />
humanidade porque esta ainda não<br />
desenvolveu senão em proporção<br />
insignificante as faculdades que<br />
possui.<br />
O que vemos no mundo que<br />
nos cerca está longe de representar<br />
tudo o que há para ver, e um<br />
homem que se der ao trabalho de<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
Afinal, o que é esoterismo?<br />
cultivar os sentidos verá que na<br />
medida em que progredir, a vida<br />
para ele se tomará cada vez mais<br />
plena e mais rica.<br />
Como é lindo viver esotericamente.<br />
A palavra esoterismo<br />
tem sido destituída de seu real<br />
significado. Muitos lhe dão o<br />
sinônimo de mentalismo, outros de<br />
magia, e alguns a deturpam, emprestando-lhe<br />
significados, atributos<br />
ou poderes completa-mente<br />
infundados.<br />
Ser esoterista é viver de<br />
coração a coração. É perceber o<br />
lado oculto de todas as coisas; no<br />
Universo, nas religiões, nas<br />
filosofias, na Poesia, na Arte, em<br />
todos os reinos da natureza, no<br />
homem e em Deus. É perceber que<br />
a vida se reveste de uma forma<br />
transitória, porém é eterna: ela vai<br />
transmutando as formas e aperfeiçoando-as<br />
até sua unificação<br />
final com tudo e todos. E saber que<br />
não há separação real entre os dois<br />
pares de opostos; que a vida não é<br />
mais do que um eterno e contínuo<br />
vir-a-ser dentro dos limites do<br />
tempo e do espaço criados pela<br />
forma. É entrar no coração da vida,<br />
é fundir consciências, pois a<br />
consciência é una, separada<br />
somente pelas formas que a<br />
contém.<br />
Tais verdades mostram-nos<br />
que todos os problemas e mistérios<br />
para nós, existem porque vemos<br />
uma parcela insignificante dos<br />
fatos em razão de estar a nossa<br />
visão confinada à parte inferior das<br />
coisas e como fragmentos isolados<br />
e sem conexão em vez de abranger<br />
a totalidade dos aspectos, como<br />
aconteceria se nos erguêssemos<br />
acima delas, situando-nos em uma<br />
posição de onde a perspectiva<br />
tornasse possível a sua compreensão<br />
como um todo.<br />
Podemos ser esoteristas em<br />
nossa vida diária. Se a todos os<br />
momentos procurarmos entender e<br />
sentir a vida que se oculta nas<br />
formas que nos rodeiam, seremos<br />
brandos e não cruéis. Perceberemos<br />
que Deus se manifesta em<br />
toda forma, e que, fundidas nossas<br />
consciências com as dos nossos<br />
irmãos da terra, estaremos dando<br />
um passo além para a realização do<br />
real esoterista, que é trazer o céu<br />
para a terra por meio da verdadeira<br />
harmonia e verdadeira paz.<br />
Alexei Bueno<br />
Texto do Jornal Corpo Mente<br />
Feira de Santana – BA
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
5<br />
A vida encerra alguns segredos<br />
durante a sua evolução. Em alguns<br />
momentos há contrações, que se<br />
traduzem em crises, e em outros, há<br />
momentos de calmaria.<br />
Nos primeiros 21 anos acontece,<br />
gradualmente, a encarnação da<br />
consciência. É a vida dando mostras<br />
de seus milagres, de seu ritmo.<br />
PRIMEIRO SETÊNIO<br />
O ser humano ao nascer tem uma<br />
preponderância da cabeça, em termos<br />
de tamanho em relação ao corpo.<br />
Em casos normais, a criança<br />
exprime vigorosos sinais de vitalidade,<br />
esperneia, chora. Seus reflexos de<br />
sucção e pega, juntamente com outros,<br />
já se manifestam. O funcionamento<br />
rítmico do coração e pulmões se coloca<br />
ativo, e a grande maioria destas ações<br />
já aconteciam intra-útero. A novidade<br />
exclusiva do nascimento é a respiração.<br />
Na respiração observamos um<br />
processo rítmico de dois tempos:<br />
inspirar, onde o ar é levado para dentro<br />
da corporeidade e, expirar, onde o ar é<br />
expelido de dentro do organismo para<br />
fora. Mora nesta função a base que<br />
mantém a intermediação do mundo<br />
versus vida interior, a base de nosso<br />
mundo anímico ou psicológico.<br />
Na Bíblia lemos no Gênesis, 1º<br />
livro de Moisés, 2,7:<br />
“E Deus, o senhor, fez o ser<br />
humano de um torrão de terra e<br />
insuflou-lhe o hálito vivo em suas<br />
narinas. E assim tornou-se o homem<br />
uma alma em movimento.”<br />
Quando a vida abandona o homem,<br />
ele expira o ar de seu interior pela<br />
última vez, desencarnando desta<br />
forma. Na respiração temos lembranças<br />
do marco de início e fim de<br />
vida, vida e morte nos coabitam.<br />
Visto por outro aspecto, no nascimento<br />
temos o marco de aparecimento<br />
do corpo físico. Seu funcionamento<br />
já preexiste no útero materno,<br />
porém ainda não está totalmente<br />
pronto para viver plenamente sua<br />
realização como ser humano e para<br />
concluí-la, levará 21 anos.<br />
O recém-nascido é totalmente<br />
indefeso e dependente, se satisfeito<br />
dorme e assim fica a maior parte do<br />
tempo; se insatisfeito demonstra pelo<br />
choro e pelos movimentos descoordenados.<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
O desenvolvimento físico é<br />
surpreendente, em apenas cinco meses<br />
a criança duplica seu peso. Este<br />
desdobramento só é atingido uma vez<br />
na vida.<br />
Aos poucos a criança vai despertando<br />
para o ambiente e lentamente<br />
aumenta seus momentos de vigília.<br />
Reage ao mundo com o corpo todo,<br />
como se toda ela fosse um órgão<br />
sensório indistinto.<br />
Seus movimentos progridem em<br />
organização da cabeça em direção às<br />
pernas. Inicialmente seu corpo, mãos<br />
e pernas são mundo externo e a criança<br />
brinca com eles, que, de repente, desaparecem.<br />
Existe uma força plasmadora que<br />
age da cabeça em direção aos pés:<br />
primeiro os olhos ganham coordenação,<br />
depois com muito esforço, a cabeça é<br />
sustentada, o tronco vai ganhando<br />
mobilidade até conseguir manter-se<br />
sentado e no final de um ano a criança<br />
alcança a postura ereta, e logo após<br />
consegue andar. Esta conquista apesar<br />
de comum a todos que possuem uma<br />
condição de normalidade, acontece de<br />
modo singular, demonstrando uma<br />
primeira atividade relativa ao potencial<br />
biográfico.<br />
A apreensão do mundo para a<br />
criança se faz através do músculo, do<br />
gesto. A base moral profunda é transmitida<br />
nesta época à criança pela<br />
verdade que está impregnada em<br />
nossos movimentos. Ou seja, a criança<br />
por estar em com uma consciência<br />
externa, consegue entrar em contato<br />
com a verdade do que somos.<br />
Os músculos dos outros “conversam”<br />
com os músculos das crianças<br />
e a este diálogo reverberante dá-se o<br />
nome de imitação, e é esta a fonte de<br />
aprendizado do primeiro setênio.<br />
Quando a mão é liberada deixando<br />
de ser um órgão locomotor, forma-se<br />
no cérebro, paralelamente ao centro da<br />
mão, o centro da fala.<br />
A criança levada pela imitação<br />
coloca-se em contato direto com os<br />
valores espirituais adquiridos pela<br />
humanidade. Pela linguagem se<br />
expressam as vivências do ato criador.<br />
As palavras carregam um espírito que<br />
plasma e configura.<br />
Primeiramente surgem os substantivos,<br />
nomeando as coisas.<br />
Posteriormente os verbos juntam-se a<br />
estes, tornando o mundo não mais só<br />
sentido, mas atuante.<br />
A linguagem será a base onde o<br />
pensar se estrutura, portanto, quanto<br />
mais refinada e bem articulada for a<br />
fala, melhor a base para a dinâmica do<br />
pensamento.<br />
A VIDA E SEUS MILAGRES<br />
O pensar aparece entre o segundo<br />
e o terceiro anos de vida, e tem a<br />
atividade realista de ordenar<br />
percepções. Revela desta forma, a<br />
consciência da própria existência.<br />
Este momento de autoconsciência<br />
é precedido de uma crise de negação,<br />
onde o não é dito para todas as<br />
atividades. Tem duração de algumas<br />
semanas e logo após a criança passa a<br />
se referir em primeira pessoa.<br />
As três principais e imprescindíveis<br />
aquisições para a vida<br />
humana foram feitas: andar, falar e<br />
pensar.<br />
Uma novidade surge após os<br />
quatro anos, nasce a fantasia criativa,<br />
que deverá habitar as brincadeiras e ser<br />
extremamente exercitada com<br />
brinquedos, brincadeiras e contos que<br />
permitam a sua expressão.<br />
Antes o sentir da criança estava<br />
vinculado totalmente ao que o meio<br />
lhe dava, o bem estar por estar<br />
limpinho e alimentado acabava por<br />
trazer-lhe alegria; agora com a entrada<br />
da fantasia criativa, a criança consegue<br />
a partir de seu interior transformar o<br />
meio segundo suas necessidades. O<br />
mundo externo passa por mudanças<br />
para facilitar a atividade lúdica. Por<br />
exemplo, o tapete da sala pode, no<br />
interior da criança, transformar-se no<br />
mais lindo lago ou na mais perigosa<br />
floresta; a mesa pode ser a mais bela<br />
casa, ou a caverna onde ferozes animais<br />
vivem. A fantasia se sobrepõe à<br />
percepção, onde tudo se transforma<br />
segundo seu colorido caleidoscópio<br />
interno, o mundo se torna o maior dos<br />
magos, capaz de mudar a realidade<br />
circundante segundo seu próprio<br />
arbítrio.<br />
Todas as coisas ganham valor<br />
desconhecido para os adultos, o<br />
caquinho de vidro, a caixinha de<br />
fósforo, o chuchu... Podem virar<br />
tesouros, belos tronos, vigorosos<br />
animais, enfim, tudo é mágico.<br />
Justamente por isso que os<br />
brinquedos oferecidos às crianças<br />
devem ser os menos acabados<br />
possíveis, para dar liberdade à<br />
imaginação de mudá-lo segundo a<br />
intenção interna da criança. Entretanto<br />
há uma grande demanda de brinquedos<br />
que impedem a fantasia de florescer e,<br />
desta forma, prejudicam o desenvolvimento<br />
da criança.<br />
Esta fantasia criativa tem elasticidade<br />
para sair da realidade externa<br />
e entrar na interna e, ao mesmo tempo,<br />
de sair da fantasia interna e entrar na<br />
realidade externa. Esta maleabilidade é<br />
o início de uma consciência interna e<br />
externa, que servem de base para o<br />
sentir.<br />
Os contos de fadas são excelentes<br />
alimentos para esta fantasia criativa,<br />
pois falam através de imagens de algo<br />
que reside nas profundas verdades<br />
ligadas ao arquétipo formador.<br />
Aos cinco anos de idade o que há<br />
de mais sério para a criança é o brincar.<br />
Ela é incansável nesta área. Gosta de<br />
tudo que é rítmico, como música, rimas,<br />
contos contados várias vezes, etc.<br />
Nesta fase a criança inicia a sua<br />
vida social e já pode interagir. As<br />
brincadeiras de roda, pique, amarelinha,<br />
pular corda, etc., são tão bemvindas<br />
para ajustar e amadurecer o<br />
sistema nervoso, como o são os<br />
alimentos de boa qualidade para a<br />
corporalidade como um todo.<br />
Fisicamente o tronco é a parte mais<br />
trabalhada e desenvolvida na fase entre<br />
os 3 anos e meio e 5 anos. Há uma<br />
expansão do crescimento desta parte<br />
do corpo.<br />
Mais ou menos aos 5 anos e meio<br />
e 6 anos surge uma modificação na<br />
criança, sua brincadeira antes tão<br />
fluente e incansável passará agora por<br />
momentos de tensão onde ela começa<br />
a estabelecer uma meta, e nessa meta<br />
nem sempre ela está à altura de cumprir<br />
o que programou. Para tanto, ela<br />
solicita ajuda do adulto. Podemos falar<br />
que começa a surgir o início da vontade<br />
intencional.<br />
Esta vivência da própria incapacidade<br />
faz nascer na criança de 5 anos<br />
e meio a 7 anos um início de separação.<br />
Ela que até então tinha uma consciência<br />
que se espelhava no mundo externo,<br />
como se ela fosse tudo, e tudo lhe<br />
pertencesse, começa a se distanciar e<br />
criar um centro. Isto lhe traz um<br />
sentimento de desamparo e solidão,<br />
mas como seu sentimento ainda vive<br />
na fantasia ela não sofre uma crise<br />
profunda como na puberdade. Mas<br />
esta vivência provoca um importante<br />
nascimento no interior da criança, o<br />
nascimento do respeito pelo adulto, o<br />
respeito ilimitado por aquele que<br />
consegue fazer aquilo que a criança não<br />
consegue. Geralmente esta pessoa faz<br />
algo que a criança percebe, por isso<br />
quanto mais prático e efetivo no<br />
mundo, mais claro é para a criança a<br />
importância do adulto.<br />
Nesta fase justamente porque<br />
nasceu o respeito, ela fica predisposta<br />
a aceitar a autoridade.<br />
Fisicamente a criança cresce<br />
longitudinalmente nos membros, ela<br />
fica mais ágil. Algo se modifica em toda<br />
a sua postura física, há mais definição<br />
em suas formas corpóreas e faciais. Sua<br />
maneira de olhar é mais pontual e seu<br />
rosto passa por modificação no início<br />
da troca dos dentes. As famosas<br />
janelinhas ficam a mostra dando espaço<br />
para a dentição definitiva.<br />
Houve na etapa desde o nascimento<br />
até o fim do primeiro setênio<br />
uma profunda transformação. O corpo<br />
que no início só tinha matéria herdada<br />
muito trabalhou e se transformou em<br />
algo próprio, individual. Foram<br />
lançadas as bases para toda a futura<br />
saúde, não só física, mas também<br />
anímica e espiritual.<br />
O gesto foi a vertente pedagógica<br />
deste setênio. Toda cognição passou<br />
pelos músculos e teve a imitação como<br />
uma dádiva que a permitiu desenvolver<br />
sua condição humana de andar, falar e<br />
pensar, e também foram lançadas as<br />
bases do que existe fora no mundo e<br />
do que há dentro no ser, ou seja, as<br />
bases da vida anímica: pensar, sentir e<br />
querer também foram plantados para<br />
posterior evolução e aprimoramento.<br />
Toda uma força plástica pictórica<br />
envolvida na individualização e<br />
formação do organismo da criança fica<br />
com parte dela disponível para<br />
utilização em outro âmbito, a esta força<br />
ou corpo formador dá-se o nome de<br />
corpo etérico. Há então o nascimento<br />
deste corpo etérico, que será a força<br />
disponível ao pensar e à memória.<br />
SEGUNDO SETÊNIO<br />
No segundo setênio o principal<br />
trabalho,assim como no primeiro foi<br />
transformar o corpo herdado em algo<br />
próprio,o segundo setênio tem a<br />
função de criar um espaço interno<br />
único, singular. Um mundo interno<br />
onde as funções da alma de pensar,<br />
sentir e querer possam desempenhar<br />
suas funções.<br />
A criança começa gradualmente a<br />
perceber o mundo e a se inserir nesse<br />
mundo com suas particularidades em<br />
relação a suas preferências. Pode-se<br />
então facilmente perceber qual é a<br />
importância do sentir nessa fase da<br />
vida. É exatamente este o meio a ser<br />
acessado para que os conteúdos da vida<br />
entrem no ser humano. Através do<br />
amor a criança vai incorporando e<br />
valorizando suas aquisições, e<br />
geralmente este amor é ligado a uma<br />
pessoa.<br />
A criança sadia tem uma<br />
predisposição a aceitar a autoridade do<br />
adulto, principalmente quando esta<br />
autoridade é aquela revestida de<br />
coerência. Esta real autoridade é amada,<br />
é querida, é ansiada.<br />
A escola é a principal atividade da<br />
criança no segundo setênio, é onde sua<br />
(continua na página 6)
6<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
Antroposofiando<br />
Se você possui orientação em Antroposofia e, gostaria de participar<br />
deste nosso caderno, telefone para: (16) 3621 9225 / 9992 3408.<br />
<strong>Peregrino</strong> das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
(continuação da página 5)<br />
formação básica está sendo desenvolvida,<br />
e deveria ser acessível a todas<br />
as crianças.<br />
A partir do sétimo ano de idade<br />
surge uma nova forma de pensar. Ainda<br />
não é um pensamento claro, é parecido<br />
com o devaneio do adulto, porém ele<br />
já ocorre em imagens e representações<br />
mentais, o que passa então a ser a base<br />
para a formação de conceitos.<br />
A fala é a grande porta de entrada<br />
para as crianças desta fase, elas se<br />
deleitam ao ouvir os adultos falarem<br />
do mundo. O falar humano entra como<br />
um “encantador”; deveríamos falar<br />
como poetas apaixonados pelo<br />
conteúdo de nossa fala. Os contos para<br />
as crianças de 7 a 9 anos deveriam ser<br />
contados sem abstração, com muita<br />
fantasia, vida e ação.<br />
A criança ainda carrega um pouco<br />
daquela entrega ao ambiente que a fase<br />
anterior proporcionava, porém agora<br />
com outra possibilidade de entendimento,<br />
sua memória está desperta e<br />
pode ser solicitada sem que isto lhe<br />
traga prejuízos.<br />
Entretanto o ideal não é apoiar-se<br />
apenas na memória para o aprendizado,<br />
mas proporcionar condições de<br />
assimilação e transformação dos<br />
conteúdos. Principalmente pelas duas<br />
principais fontes de entrada que são a<br />
visão e a audição. Reproduzir visualmente<br />
o que se ouviu, ou expressar<br />
numa redação o que se absorveu vendo.<br />
Esta transposição de meios de<br />
apreensão são eficazes para o<br />
aprofundamento dos conteúdos<br />
pedagógicos. Desta maneira a memória<br />
é treinada, porém ela consegue acessar<br />
forças criativas do sentimento e da<br />
vontade, desta forma o conteúdo é<br />
reapresentado sem ser uma reprodução<br />
direta, contendo um real e importante<br />
trabalho interno.<br />
A estética também está sendo<br />
formada e a criança deveria sentir que<br />
“O mundo é belo”. Ajudar a formar<br />
este senso estético é uma tarefa dos<br />
adultos.<br />
Aos 9 ou 10 anos de idade iniciase<br />
uma época onde a consciência da<br />
criança amplia-se, ela sai daquele<br />
mundo seguro, onde a confiança no<br />
adulto é plena e irrestrita e começa a<br />
perceber que todos têm falhas. O<br />
mundo perfeito não existe, acabou-se<br />
o mundo paradisíaco. Surge a dura<br />
realidade. É um momento de grande<br />
dor, comparado à expulsão do Paraíso.<br />
Um forte sentimento de solidão surge<br />
na alma humana. As crianças passam<br />
por um momento que na antroposofia<br />
dá-se o nome de Rubicão. O caminho<br />
sem volta, a inexorável roda do tempo<br />
girou e deve-se ir para frente, não há<br />
como retornar à infância.<br />
Este é um momento de crise onde<br />
as crianças se recolhem um pouco.<br />
Ficam arredias, irritadiças. Acaba a fase<br />
da fantasia ilimitada. A vida emocional<br />
passa por uma metamorfose profunda.<br />
O sentir agora é objetivado, algo<br />
parecido ao que já havia ocorrido à<br />
criança aos 7 anos de idade quando isto<br />
ocorreu com o pensar.<br />
Surge o medo do escuro, de ter<br />
alguém escondido no quarto, ou<br />
embaixo da cama. Começa a tentar<br />
livrar-se do medo com evocações<br />
mágicas: nada poderá lhe ocorrer se ela<br />
passar pelo quarto pisando somente<br />
nos ladrilhos brancos, ou qualquer<br />
outra parecida com esta.<br />
A crítica surge contundente até<br />
mesmo para aqueles que até aquele<br />
momento tinham sido venerados, seu<br />
agudo senso de observação faz com<br />
que ela perceba as incoerências<br />
cometidas pelos adultos.<br />
A relação com a morte ganha<br />
enorme dimensão, sendo vivenciada<br />
como um problema, a criança chega a<br />
pensar na morte das pessoas a sua<br />
volta e em alguns casos até em sua<br />
própria morte. Ela sente na verdade<br />
que algo morreu dentro dela, seja sua<br />
ingenuidade para o mundo, seja a<br />
infância que começa a se afastar. Algo<br />
morreu. Algo acabou.<br />
A polaridade EU X MUNDO é<br />
pela primeira vez vivenciada com<br />
surpreendente força.<br />
Pedagogicamente o olhar da criança<br />
deveria ser levado à natureza: os<br />
animais, as plantas, as pedras, ganham<br />
agora importância crescente. A<br />
veneração da criança que antes se<br />
bastava com seres humanos normais,<br />
agora só vai bastar com as ações<br />
sobrenaturais que advêm das histórias<br />
mitológicas, dos grandes feitos.<br />
Depois desta grande crise a criança<br />
vai passar por um momento de<br />
calmaria, para lá pelos doze anos sofrer<br />
novas transformações. Cresce a<br />
diferença entre meninos e meninas que<br />
pela fase de maturação sexual mudam<br />
de corpo. As meninas sempre a frente<br />
dos meninos, ficam exuberantes.<br />
Porém muito de sua energia vital é gasta<br />
neste crescimento, trazendo uma certa<br />
indolência e até uma certa tendência a<br />
anemia.O menino por sua vez tem sua<br />
força vital potencializada,ele necessita<br />
de atividades programadas onde o<br />
físico é ativado para que ele possa<br />
colocar sua energia excedente para fora.<br />
No pensar cada vez mais o jovem<br />
cresce em clareza podendo trazer de<br />
forma crescente a abstração para a vida<br />
do pensamento. Entretanto há<br />
diferença na maneira como meninos e<br />
meninas pensam, pois as forças do<br />
pensamento se apóiam nas forças vitais<br />
e corpos diferentes trazem pos-<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
sibilidades de pontos de vista<br />
diferentes.<br />
TERCEIRO SETÊNIO<br />
Há nesta nova fase um despertar<br />
da personalidade do indivíduo, e esta<br />
passa a ser o eixo em torno do qual<br />
tudo gira. O pensar se encontra<br />
desperto para perceber e conhecer as<br />
leis do mundo as várias matérias<br />
podem ser ministradas com profundidade,<br />
pois a abstração já é uma<br />
conquista, há também o despertar de<br />
um erotismo. Para tanto o mundo devese<br />
fazer muito interessante para que o<br />
jovem mergulhe nele. Do contrário seu<br />
corpo o chamará para as sensações<br />
despertas.<br />
O jovem nesta fase deve ter a<br />
sensação de que “O mundo é<br />
verdadeiro”. O educador para estar<br />
diante do jovem precisa ser aquele que<br />
se encontra muito envolvido com o que<br />
faz e deve ser profundo e apaixonado<br />
em sua linha de interesse pela vida.<br />
Surgem as perguntas: Quem sou?<br />
O que eu quero? De quê sou capaz?<br />
A escolha da profissão é uma das<br />
difíceis tarefas desta época, acontece<br />
o primeiro nó lunar depois dos dezoito<br />
anos (encontro de terra, lua e sol<br />
idênticos ao do nascimento), o que<br />
normalmente norteia as escolhas do<br />
jovem e muitas vezes o reconduz a sua<br />
missão na terra.<br />
Este setênio trabalha principalmente<br />
a vontade, a ação, mesmo no<br />
pensar cresce uma atividade de busca<br />
de mudança, de idealismo.<br />
Há um forte sentimento de busca<br />
ao religar-se, o sentimento de separação<br />
integraliza-se e, portanto surge<br />
a necessidade de por conta própria<br />
religar-se.<br />
Ao terminar o terceiro setênio tem<br />
a individualidade terminada sua<br />
encarnação, a consciência pode fazerse<br />
plena na terra e suas bases corporais<br />
foram todas implantadas, nasceu o<br />
corpo físico no nascimento propriamente<br />
dito, nasceu o corpo etérico<br />
aos sete anos, nasceu o corpo astral<br />
aos quatorze anos, nasceu o EU aos<br />
vinte e um, a individualidade pode<br />
expressar-se em sua totalidade<br />
começando agora os novos níveis de<br />
desenvolvimento.<br />
Marina Fernandes Calache<br />
Pedagogia Curativa, Terapeuta do<br />
Movimento, Visão Ampliada pela<br />
Antroposofia.<br />
Tel.: (16) 3941 3669 / 3620 7800
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO 7<br />
Leite materno: vi na TV uma pesquisadora de Campinas<br />
que chegou a um resultado interessante. Ela pesquisou os<br />
níveis sanguíneos de um grupo de crianças de até 6 meses<br />
e descobriu que a maioria apresenta anemia. Isso se deve<br />
segundo ela, à situação nutricional das crianças. Ela<br />
detectou que apenas vinte por cento das mulheres<br />
amamentam até o período de seis meses pós-parto. O que<br />
ocorre é a introdução de alimentos sólidos no lugar do leite<br />
materno. E a pesquisadora ligou a anemia à má-qualidade<br />
dos alimentos dizendo que os pais deveriam melhorar a<br />
qualidade das comidas oferecidas na troca do leite materno.<br />
Achei uma pena o que vi e ouvi. A pesquisadora deveria<br />
concluir que não se deve dar alimentos sólidos às crianças<br />
antes dos seis meses de idade, mas somente,<br />
exclusivamente, leite materno. Aos seis meses ocorre o<br />
fenômeno do nascimento dos dentes. A natureza aponta<br />
que agora é hora de começar a comer. Antes dos seis meses<br />
dar alimentos é transgressão que leva a distúrbios, tais como os detectados pela pesquisa.<br />
Corroborando a observação do fenômeno, bioquimicamente se constata que aos seis meses<br />
de idade as reservas de ferro que as crianças trazem de sua vida intra-uterina, decaem. O que<br />
significa que será necessário buscar uma fonte externa.<br />
Leite em pó: quando eu era estudante de medicina, havia uma instituição pública em Juiz de<br />
Fora, que fazia atendimento de puericultura, que é o acompanhamento pediátrico do<br />
desenvolvimento infantil normal. Lá se dava leite em pó para as mães desfavorecidas<br />
economicamente. Alguns anos depois saiu uma reportagem na mídia de como a Nestlé<br />
estava sendo acusada na Ásia de manipular por vários anos as pessoas para o uso do leite<br />
em pó como sendo o ideal para o consumo infantil. Formei-me em medicina em 1989. Estamos<br />
em 2007. E o que observo é que o leite Nam, da Nestlé (tinha que ser ela), é o campeão de uso<br />
das crianças antes dos seis meses de idade... E é claro que é passado aos pediatras que esse<br />
é o leite ideal para as crianças! Fico consternado como muitos pediatras embarcam nessa<br />
conduta, que favorece a indústria e baqueia o tão essencial aleitamento materno.<br />
Leite de caixinha: desde o início da década de 1990, nos cursos de medicina antroposófica,<br />
questionamos a forma da industrialização do leite. Há muito se sabe, e eu por isso vivia<br />
tocando nesse assunto nas várias palestras que faço sobre alimentação saudável, sobre o<br />
Leite Longa Vida. Longa vida (?) porque é um leite que sobrevive por muito tempo sem<br />
maiores cuidados adicionais. Obviamente que um produto que mostra a capacidade de<br />
evitar que cresçam bactérias e fungos, seres elementares, mas muito espalhados na natureza,<br />
não poderia servir ao consumo. Ele é umas das porcarias alimentares da nossa sociedade e<br />
para se manter por longa data só pode ser um alimento morto mesmo. Assim é um bom<br />
alimento para as múmias, mantendo-as conservadas. Esse estardalhaço da mídia sobre o<br />
uso da tecnoquímica para o leite de caixinha condiz com o sensacionalismo habitual. Quem<br />
quiser continuar a consumir comodidade com baixo preço (e péssima qualidade), que continue<br />
a tomar leite de caixinha.<br />
Natal: época de muito Papai Noel e pouco Cristo. Nota-se um esforço das pessoas em se<br />
tornarem mais gentis, cordatas, sorridentes. Porque será que todos não fazem esse esforço<br />
o ano inteiro? As redes de TV estão levando luzes para uma nova moda: a de se “adotar” as<br />
cartas de Papai Noel que chegam aos correios trazendo solicitações de doações e presentes.<br />
Há um zum-zum-zum em torno disso para um exercício de solidariedade. Assim muita gente<br />
exercita essa solidariedade temporária para diminuir seus sentimentos de culpa, já que o<br />
mais comum é que a maioria das pessoas passe o ano olhando para os seus próprios<br />
umbigos.<br />
Mais do mesmo. Em 2008, teremos eleição para prefeito. Observando os possíveis candidatos<br />
de Ribeirão Preto e suas possibilidades de êxito, imagino que na essência nada mudará.<br />
Faltam pessoas mais capacitadas por aqui. Essa pobreza humana, também é a nossa<br />
nacionalmente falando.<br />
Biotecnociência: a evolução tecnológica na manipulação genética é uma crescente. As<br />
células primordiais, célula-tronco, as que dão origem às demais, as que se especializam,<br />
podem ser criadas, através de manipulação genética. Ou seja, agora se domina a possibilidade<br />
de transformar uma célula diferenciada para um estágio anterior, básico. A impressão é que<br />
não haverá barreiras para as amplas possibilidades de manipulação dos genes. É possível a<br />
gente fazer uma simples imaginação de diversas misturas de seres (animais, vegetais,<br />
humanos) e que se torne realidade. E também que se possa manipular através desses<br />
instrumentos os desígnios naturais de algumas enfermidades. O porém de tudo isso é que<br />
a humanidade ainda não desenvolveu a moralidade necessária para querer bancar ser deus.<br />
Situações escabrosas já estão acontecendo na mesma proporção da degeneração humanista<br />
da medicina.<br />
Venezuela: tem me ocorrido o pensamento de que o ruim pode piorar, de acordo com a<br />
maneira com que se age. Hugo Chávez tem clara postura autoritária. A Venezuela, pelo que<br />
se tem visto, vai piorar.<br />
Pensamentos<br />
Bolívia: Evo Morales e a Bolívia... É um processo de contaminação com o mesmo autoritarismo.<br />
Bancos: uma consultoria revela que os bancos pagam 127 % de suas despesas “somente”<br />
com a cobrança das tarifas. Obra de Fernando Henrique Cardoso que em sua gestão liberou<br />
as tarifas bancárias. Como Lula recebeu a maior contribuição financeira de sua campanha<br />
via “doação” das instituições bancárias, significa que tudo vai ficar na mesma. Fernando<br />
Henrique Cardoso e Lula são atores diferentes, com retóricas diferentes, todavia de uma<br />
mesma linha de atuação. A recente mudança de atuação do governo federal para a tarifação<br />
bancária é apenas cosmética.<br />
Sistema Único de Saúde: é proposto para o atendimento de todos, oferecendo os mais altos<br />
recursos tecnológicos da tecno-ciência, contudo de difícil acesso. Sendo brasileiro é claro,<br />
esse sistema de caráter “socialista” é gerido por uma estrutura governamental de caráter<br />
“capitalista”.<br />
Um gênio: Tião Viana – pelo amor de todos os deuses, não é o político - recebeu o Prêmio<br />
Empreendedor Social 2007. Quem quer refletir sobre Pedagogia, deve ater-se à obra desse<br />
homem, que dá mostras de que é um ser humano livre e genial.<br />
Liberdade: Rudolf Steiner propõe que a esfera cultural da sociedade, onde também se insere<br />
a Pedagogia, deve ser o terreno da plena liberdade. Ou seja, criatividade sem amarras, em<br />
plena diversidade, com estímulo à pluralidade e mantida em sentido amplo pela sociedade.<br />
A esfera da espiritualidade mostra que quaisquer imposições nela geram distúrbios. Assim<br />
dá para enxergar-se o descompasso da pedagogia convencional ligada a resultados<br />
financeiros que vendem cursos e diplomas e crianças manipuladas – no pior sentido da<br />
palavra – para terem uma profissão rentável financeiramente num futuro distante. As escolasempresas<br />
são indicadores desse absurdo. A pedagogia convencional é uma estrutura de<br />
destruição de seres humanos.<br />
Depressão: à minha frente, em meu consultório, sentam-se diversas pessoas que têm<br />
profissões economicamente rentáveis. Todavia, apesar de terem uma boa condição financeira,<br />
elas estão deprimidas porque não se relacionam com sua missão pessoal de vida, com sua<br />
identidade. Mais ou menos como se falassem: estou rico por fora e sou pobre por dentro.<br />
Bomba relógio: os EUA são os padrões de consumo sonhado no planeta (e todos querem<br />
imitá-los). O seu alto consumo é incompatível com a disponibilidade dos assim chamados<br />
recursos naturais. Somado ao fato de que os norte-americanos têm uma dívida pública<br />
enorme, ou seja, suas despesas são maiores que as despesas, em algum momento teremos<br />
uma explosiva bomba de abrangência mundial: mistura de hecatombe ambiental e econômica.<br />
Novela: leio no jornal que a “novela das oito” colocou cenas de nudez para aumentar sua<br />
audiência. Uma vez li uma entrevista de seu autor que comprovou pela tecnologia de medição<br />
de audiência, que em todas as vezes que ele usou o recurso de colocar cenas de nudez e<br />
violência, a novela passou a ser mais assistida. Isso mostra um exercício de milhares de<br />
pessoas, empresa e consumidores, com os fins de entretenimento através do uso do que há<br />
de sombrio dentro de nós. Que triste.<br />
O belo: Ribeirão preto tem algo de muito belo, muitos ipês plantados em vias públicas. Os de<br />
flores brancas são tão lindos quanto efêmero o seu florescer. Beleza também é alimento. E<br />
mais: os paralelepípedos da Avenida Nove de Julho complementam a beleza de suas<br />
sibipurunas centrais. Se algum dia asfaltarem esse local teremos um crime estético.<br />
Comportamento: a cidade que tem belos ipês nas ruas contrasta essa beleza com a feiúra da<br />
atitude da população no trânsito dirigindo seus carros. Aqui as pessoas quase não dão seta<br />
para indicarem conversões e o pior: param no meio da rua para fazerem embarque e<br />
desembarque, obrigando quem esteja atrás a esperar. Ser mal-educado é péssimo. Ser maleducado<br />
ostensivamente é terrível.<br />
Clima: sendo um mineiro morando aqui há 11 anos, percebo que o clima da região vem se<br />
firmando para uma determinada configuração. Uma metade do ano é caracterizada por muita<br />
secura no tempo. Na outra metade temos chuvas irregulares. Possivelmente isso implica<br />
também naquilo que observo que a cada ano mais pessoas estão ficando com alergias<br />
respiratórias, por exemplo, a Rinite.<br />
CPMF: a FIESP foi contra a permanência desse imposto porque ele é de difícil sonegação.<br />
Não adianta usar a retórica de que é um imposto deturpado, que nasceu para financiar o<br />
sistema da saúde e sua arrecadação é desviada para outros fins. Afora essa deturpação<br />
governamental de usar do desvio da função desse imposto, já que ele tem eficiência de<br />
arrecadação, a FIESP deveria lutar pela permanência da CPMF e pedir ao Lula que diminuísse<br />
outros impostos. Sobra demagogia.<br />
Dr. Paulo Neves Júnior<br />
Clínica Médica e Reumatologia Antroposóficas. Consultor Biográfico<br />
Tel.: (16) 3421 6323
8<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
<strong>Peregrino</strong> das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
Viagem Pedagógica do 6º. Ano<br />
Depoimento de um Pai - João Barros Valim<br />
Quando na reunião de classe,<br />
foi anunciada a viagem pedagógica<br />
do 6º. Ano, uma mistura de<br />
entusiasmo e senso de responsabilidade<br />
se instalou em minha<br />
alma! O entusiasmo estava ligado<br />
à possibilidade de minha filha,<br />
Fernanda, participar de uma<br />
experiência única, que tenho<br />
certeza ela nunca esquecerá! A<br />
preocupação, que agora percebo<br />
ter sido sem sentido, estava ligada<br />
com a possibilidade de minha filha,<br />
com necessidades especiais,<br />
passar quatro dias fora de casa!<br />
Mas logo na reunião, quando<br />
o Dr. Paulo César Gentile, carinhosamente<br />
ofereceu seu sítio,<br />
próximo a Serra da Canastra, para<br />
acomodar a turma, o entusiasmo foi<br />
superando a preocupação! Minha<br />
participação na viagem começou<br />
com um mês de antecedência,<br />
quando eu, o Professor Luis e o<br />
Dr. Gentile, com a ajuda do Marquinho<br />
fomos ao sítio cuidar de<br />
algumas providências para<br />
acomodar os alunos! Foi uma<br />
viagem muito agradável em que<br />
pude perceber, com muita alegria,<br />
que poderíamos contar com o<br />
apoio da comunidade local, em<br />
função de um profundo respeito e<br />
admiração recíproca pelo Dr.<br />
Gentile, que não mediu esforços<br />
antes, durante e depois para que a<br />
viagem pudesse acontecer e que<br />
fosse financeiramente acessível a<br />
todos.<br />
Os preparativos para a viagem<br />
contaram ainda com a dedicação<br />
de outros pais de alunos da classe<br />
que trabalharam muito, cuidando<br />
de todos os detalhes para que tudo<br />
acontecesse de maneira suave e<br />
proveitosa. Contamos ainda com<br />
o excelente trabalho da Marluce,<br />
esposa do Prof. Luis, cuja<br />
participação calma, carinhosa e ao<br />
mesmo tempo firme, antes e durante<br />
a viagem, foi de extrema importância<br />
para o seu sucesso. Assim,<br />
com a ajuda da população local,<br />
com destaque para a colaboração<br />
do Jander, um funcionário do sítio,<br />
que foi muito importante durante<br />
nossa estadia lá, os alunos do 6º.<br />
Ano se acomodaram durante<br />
quatro dias, em duas casas, sob a<br />
excelente organização do Prof. Luis<br />
e da Marluce, onde tiveram uma<br />
vivência pedagógica, relacionada<br />
com os temas que fazem parte do<br />
currículo, como mineralogia,<br />
botânica e astronomia. No período<br />
que estive com a turma tive a<br />
felicidade de constatar a grande<br />
dedicação e capacidade do Prof.<br />
Luis, para desenvolver nos alunos<br />
um aprendizado ético, com<br />
profundo respeito à natureza, à<br />
população local e principalmente<br />
às individualidades, sempre<br />
estimulando o interesse das<br />
crianças em aprender. Pude<br />
perceber a felicidade dos alunos,<br />
na observação das estrelas,<br />
durante uma aula de astronomia,<br />
ministrada pelo professor, que<br />
realmente me deixou muito<br />
emocionado, não só pela<br />
profundidade do conteúdo<br />
desenvolvido, mas também pela<br />
forma com que foi conduzida (o<br />
brilho não era só das estrelas!)! A<br />
atividade em trilhas com o objetivo<br />
de aprender botânica também foi<br />
uma vivência de altíssimo nível<br />
pedagógico, que terminou com um<br />
revigorante banho de cachoeira,<br />
onde foi possível confirmar a<br />
solidariedade dos meninos, já<br />
demonstrada pelas meninas, nos<br />
cuidados com a Fernanda. Aqui<br />
não posso deixar de lembrar, que<br />
esta turma do 6º. ano teve o<br />
privilégio de iniciar o seu<br />
aprendizado com a professora<br />
Maria Regina, que com todo seu<br />
embasamento antroposófico,<br />
plantou ali sementes muito<br />
valiosas, que germinaram e que<br />
graças a todos os Anjos que<br />
protegem esta comunidade escolar,<br />
continuam sendo cultivadas, com<br />
grande dedicação e capacidade<br />
pelo Prof. Luis. No último dia o<br />
professor levou os alunos para que<br />
cada um plantasse uma arvore em<br />
volta de uma nascente de água no<br />
sítio, como retribuição a tudo que<br />
tinham recebido naqueles dias,<br />
explicando a importância da<br />
preservação da natureza. Após<br />
mais um banho na cachoeira e o<br />
almoço nos preparamos para<br />
retornar, com a alma alimentada por<br />
uma vivência pedagógica única!<br />
Por fim, não tenho palavras para<br />
agradecer a Deus, a oportunidade<br />
de ter encontrado a pedagogia<br />
Waldorf, todos os professores que<br />
têm colaborado na formação de<br />
minha filha e o Prof. Luis e sua<br />
esposa!<br />
VIDA<br />
Mario Quintana<br />
Quando se vê, já são seis<br />
horas!<br />
Quando se vê, já é sexta-feira...<br />
Quando se vê, já terminou o<br />
ano...<br />
Quando se vê, passaram-se 50<br />
anos!<br />
Agora é tarde demais para ser<br />
reprovado...<br />
Se me fosse dado, um dia, outra<br />
oportunidade,<br />
eu nem olhava o relógio.<br />
Seguiria sempre em frente e iria<br />
jogando, pelo<br />
caminho, a casca dourada e<br />
inútil das horas...<br />
Dessa forma eu digo:<br />
Não deixe de fazer algo que<br />
goste devido à falta<br />
de tempo, a única falta que<br />
terá, será desse tempo<br />
que infelizmente não voltará<br />
mais.
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO 9<br />
REENCONTRO DE EX-ALUNOS WALDORF<br />
Conquista! As comemorações de marcos importantes da nossa vida, além de nos mostrar as<br />
etapas que passamos, nos fazem colocá-la em perspectiva e realmente sentir a satisfação de<br />
termos conquistado tanto, não o acúmulo de bens e sim de realizações.<br />
O Reencontro de Ex-Alunos da Escola Waldorf João Guimarães Rosa (na época Escola<br />
Convívio) foi uma oportunidade para os que participaram buscarem, lá no fundo de suas<br />
memórias, vivências que para alguns pareciam adormecidas, mas que a comemoração trouxe<br />
à tona novamente. Comprovando que comemorar é bom para sentirmos que vivemos, não<br />
que a vida passou por nós.<br />
“A Waldorf foi uma parte grande e especial de minha vida, que não se esvai como muitas<br />
coisas, fica e para sempre. Depois de tantos anos, com essa reunião que fizemos, fica mais<br />
nítido como somos uma família.<br />
Devo muito à pedagogia Waldorf pelo que aprendi para minha profissão e para minha vida.<br />
Acredito que quando aprendemos a ser um bom Ser Humano e a ter amigos, não há maiores<br />
dificuldades no mundo.”<br />
Juliana de Camargo Cerdeira<br />
“A Waldorf foi uma escola especial pra mim. Lá tudo sempre foi diferente,<br />
a maneira de ver as coisas, de começar a vida, de se comportar, pra tudo<br />
tinham uma explicação, por exemplo, se o aluno era muito agitado, ele<br />
tinha que se sentar na parte mais escura da sala, com menos luz, se era<br />
mais quieto, se sentava perto da janela. Tudo era estudado por eles para<br />
que cada aluno fosse tratado da melhor maneira. Tenho recordações e<br />
experiências que sei que muitas pessoas de escolas tradicionais não<br />
tiveram, e tenho muito orgulho disso. Que escola faria uma turma se<br />
reencontrar depois de 13 anos, e se divertirem com lembranças que marcaram a vida de<br />
todos?! Lembrar os nomes de todos colegas da sala, lembrar dos poemas que recitávamos,<br />
lembrar as músicas da Festa da Lanterna, das aulas de aquarela, marcenaria, jardinagem,<br />
lembrar das viagens e acampamentos...”poxa” vida....que saudades!!”<br />
Heloísa Ferreira<br />
“A Escola Waldorf foi uma escola que me levou a perceber a importância da cultura e do SER<br />
HUMANO. Antes dela eu estava numa tradicional religiosa da cidade que tinha várias<br />
regras, corredores, horários, gente te olhando a toda hora e tudo mais. As regras da Waldorf<br />
eram para nos “forçar” a recitar uma poesia, cantar músicas alegres pra nos preparar para o<br />
dia, decorar enfeites para celebrar a primavera, brincar na grama, aprender na prática a teoria<br />
matemática, etc. “Poxa” vida isso não é regra! É um prazer. Aprendíamos brincando.<br />
Dentre outras coisas tudo o que se fazia lá era integrativo e alegre. Pra mim, por exemplo, a<br />
Educação Física foi de muita importância, tanto que minha profissão hoje em dia é essa -<br />
Profissional de Educação Física. Eu lembro das gincanas que fazíamos onde as mães e os<br />
pais também participavam. Nossa, como era divertido. A equipe amarela tinha que levar<br />
frutas amarelas para a mesa da gincana e a vermelha, frutas vermelhas e assim por diante. E<br />
as brincadeiras não eram daquelas básicas de atividade física, tínhamos que pensar - às<br />
vezes o que tínhamos aprendido na sala de aula, ia pra gincana. Tudo se ligava como num<br />
novelo. Uma coisa levava a outra. Acho que é por isso que até hoje (domingo), quando a<br />
nossa turma se encontrou, achávamos que tínhamos este elo entre nós. Parecia, ao ver<br />
todos grandes, que o tempo passou, mas que não fazia muito tempo que estávamos longe.<br />
Pelo menos pra mim, a felicidade de reencontrar foi muito grande. Adorei. Foi um prazer, uma<br />
sensação ótima!”<br />
Mariana Sampaio Garcia<br />
“Estudar na Escola Waldorf foi uma experiência que marcou minha infância porque lá aprendi<br />
a dar valor às delícias dessa fase como brincar com a terra, cantar para alegrar o dia, catar<br />
cajá-manga, goiaba e jatobá sob as árvores. Plantar uma horta e colher os frutos do nosso<br />
esforço, modelar a argila e a madeira, bordar, tricotar. Tantas atividades que nos fizeram mais<br />
unidos, pois sem perceber estávamos tecendo não só o pano, mas a amizade. Este reencontro<br />
foi prestigiado por todos que estavam por perto, porque esses laços que criamos durante<br />
nossas atividades, sejam didáticos ou de recreação, duraram até hoje. Aprender Matemática<br />
fazendo uma receita, aprender Ciências cuidando de animais e hortas, foram privilégios que<br />
tivemos. Enquanto nos lembramos disso, outras pessoas da nossa idade se lembram de<br />
novelas e jogos de videogame. Hoje sou Bióloga e tenho certeza de que meu amor pela<br />
natureza e pela liberdade vieram dos anos na Escola. Vou me lembrar sempre de tudo e de<br />
todos com muito amor e alegria, nosso reencontro foi muito bom, espero que se repita<br />
muitas e muitas vezes, porque nem pareceu que estivemos separados.”<br />
Mariana Pardi<br />
Encontro de Ex-Alunos formados em 1995.
10<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
Minha filha mais velha tem<br />
dez anos e aos sete anos<br />
mostrou grande interesse em<br />
fazer aulas de balé, aos oito<br />
anos foi matriculada e aos nove<br />
anos foi sua primeira apresentação<br />
de final de ano.<br />
Eram duas noites de apresentação,<br />
com uma dedicação<br />
e disciplina, por parte das<br />
bailarinas, que me deixou<br />
impressionada. O espírito de<br />
corpo, a interação do grupo, a<br />
cooperação entre elas para<br />
minimizar as poucas falhas.<br />
Tudo fazia parte de um grande<br />
e belo espetáculo. Porém ao<br />
final do espetáculo, na porta de<br />
saída das bailarinas, encontramos<br />
um aglomerado de<br />
pais impacientes, irados ofendendo-se<br />
mutuamente e agre-<br />
<strong>Peregrino</strong> das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
Respeitando a mim e ao próximo<br />
dindo as próprias crianças com<br />
pisões e empurrões. Algo<br />
totalmente diferente do que<br />
vivenciamos no interior do<br />
teatro. Eu e outra mãe decidimos<br />
voltar mais cedo no dia<br />
seguinte e organizar um<br />
corredor de fila única para que<br />
os pais ordenadamente buscassem<br />
suas filhas sem grandes<br />
transtornos. A experiência foi<br />
positiva e aprovada por muitos<br />
pais que já há alguns anos se<br />
estressavam ao passar por<br />
aquele tumulto. A própria<br />
escola se encarregou de deixar<br />
pronto o corredor para se fazer<br />
a fila única, fitas plásticas<br />
listradas, delicadas, fáceis de<br />
serem arrebentadas, que<br />
estavam ali só para nos lembrar<br />
de manter a calma, a ordem e<br />
o respeito pela vez do outro.<br />
As meninas se apresentaram<br />
em dois dias. No primeiro<br />
dia, tudo transcorreu<br />
bem. Ao final do espetáculo fui<br />
para os fundos do teatro e<br />
entrei na fila que me pareceu<br />
bem rápida, num instante já<br />
estava com minha filha indo<br />
para casa. Na noite seguinte ao<br />
fim do espetáculo, fui para o<br />
meu lugar na fila, com uns<br />
quinze ou mais pais na minha<br />
frente e com muito sono. Na<br />
minha frente, uma jovem mãe,<br />
feliz com a alegria que a filhinha<br />
de sete anos demonstrava ao<br />
participar do espetáculo de<br />
balé. Atrás de mim, um avô,<br />
reclamando sem parar de como<br />
aquilo era extenuante para sua<br />
neta. Ouvimos então os risos e<br />
gritos felizes das meninas<br />
chegando ao portão e a fila<br />
começou a andar.<br />
Neste momento eu percebi<br />
um homem grisalho aparentando<br />
uns cinqüenta anos<br />
que chegando com um semblante<br />
pesado e um olhar<br />
furioso, arrancou a primeira<br />
linha de fitas que demarcavam<br />
a fila única.<br />
Dei mais uns quatro passos<br />
e lá veio o sujeito arrancando<br />
a segunda linha de fitas. Não<br />
notei nenhuma reação nas<br />
outras pessoas, até que tirei as<br />
fitas das mãos dele e disse em<br />
voz alta e trêmula de indignação<br />
que ele só conseguiria causar<br />
tumulto e desordem com<br />
aquela atitude. Segundo ele,<br />
suas razões para tal ato, era que<br />
estava cansado e sua filha (ou<br />
neta, já não me lembro) estava<br />
ali há doze horas. Nesse<br />
momento todos perceberam o<br />
que acontecia e enquanto eu lhe<br />
gritava em voz rouca que a sua<br />
não era a única criança a estar<br />
ali tantas horas e que ele só<br />
demonstrou egoísmo e total<br />
desrespeito a todas as pessoas<br />
ali presentes, a fila se refez e o<br />
homem foi se afastando, resmungando<br />
e jogando-me todas<br />
as pragas possíveis. Muitos<br />
dos que presenciaram a cena<br />
lamentável, apoiaram e concordaram<br />
com minha atitude,<br />
menos um outro pai que ficava<br />
repetindo que aquela fila era<br />
inútil e só estava atrasando a<br />
vida das pessoas. Apesar de<br />
ter baixa estatura, o fogo que<br />
inflamava meu peito me dava<br />
forças de um Hércules e já ia<br />
responder ao enorme cidadão<br />
quando vi que junto dele estava<br />
a única bailarina da escola<br />
portadora de síndrome de<br />
down. Nesse instante fiquei<br />
desarmada, pois se um espírito<br />
doce, capaz de se sacrificar<br />
encarnando num corpo cheio<br />
de restrições, não estava tendo<br />
êxito em inspirar sentimentos<br />
de cooperação, amor ao<br />
próximo e respeito pela vida<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
alheia naquele homem, minhas<br />
palavras não teriam o menor<br />
significado. Calei-me então em<br />
respeito a essa menina.<br />
Enquanto as pessoas<br />
comentavam entre si o ocorrido<br />
e a fila ia andando, pensei, por<br />
que só eu me manifestei, por<br />
que ninguém me ajudou. Seria<br />
tão mais fácil se todos,<br />
educadamente mostrassem<br />
àquele senhor o erro da sua<br />
atitude, onde o maior prejudicado<br />
seria sua própria<br />
criança e também todas as<br />
outras na sua natural delicadeza<br />
e fragilidade.<br />
No espetáculo daquela<br />
noite e da noite anterior, as<br />
jovens bailarinas nos mostraram<br />
através da dança, os<br />
danos causados ao planeta<br />
Terra, devido ao desmatamento<br />
sem controle, ao lixo descartado<br />
em local inapropriado<br />
e ao aquecimento global.<br />
Danos causados pelo egoísmo,<br />
pela ganância e pelo imediatismo<br />
presentes na raça<br />
humana. Na parte final do<br />
espetáculo, elas nos mostram<br />
um caminho que pode ser<br />
seguido. A reciclagem do lixo,<br />
o reflorestamento, o não<br />
desperdício. Essas são atitudes<br />
externas, devemos estimular<br />
também as atitudes internas<br />
como o respeito a qualquer ser<br />
vivo, seja planta, animal ou<br />
humano. Um pensamento de<br />
longo prazo e não mais<br />
imediatista, uma preocupação<br />
com as futuras gerações. Um<br />
trabalho de formiguinha, que<br />
depende da conscientização de<br />
todos ou pelo menos da grande<br />
maioria, já que alguns, como<br />
aqueles dois pais, não vêem,<br />
não ouvem, não percebem, não<br />
acreditam nos sinais.<br />
A todos um feliz 2008,<br />
muita saúde e paz.<br />
Dra. Zélia Beatriz Ligório<br />
Fonseca<br />
Pediatra – Prática Médica<br />
Antroposófica
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO 11<br />
Considerações sobre os Contos de Fada<br />
A criança vive os contos de fada<br />
desde o momento em que começa a dizer<br />
eu até aproximadamente os sete anos,<br />
podendo contá-las, dependendo da<br />
história e de seu próprio desenvolvimento,<br />
até por volta dos nove anos.<br />
Neste período ela não separa a si<br />
mesma da realidade circundante – sua<br />
consciência “eu-mundo” é integrada.<br />
Durante essa fase, ela vivencia lenta e<br />
gradativamente a separação, ou seja,<br />
adquire a noção de sujeito – ela própria<br />
– e objeto – o mundo.<br />
Confiante no mundo, a criança se entrega a ele e vive na ação. Seus<br />
sentidos poucos especializados recebem, sem crítica, as impressões que<br />
possibilitarão o desenvolvimento de sua capacidade de percepção. Ela<br />
vive a realidade de si mesma e do mundo de forma una, profunda e total.<br />
De início há uma vivência inconsciente, principalmente a da luta entre<br />
as forças da matéria (impulso natural ou libido) e as forças da forma<br />
(impulso individual e formativo) que atuam em seu corpo físico. Essa<br />
atuação, às vezes de maneira calma, outras vezes turbulenta, orientam<br />
seu desenvolvimento corpóreo segundo leis de crescimento, maturação,<br />
equilíbrio, proporção e harmonia. Há um predomínio das energias vitais,<br />
denominadas “corpo etérico”, cujo objetivo é o desenvolvimento físico.<br />
Nessa fase, a criança constrói uma imagem de si mesma e do mundo.<br />
Essas representações são exteriorizadas por meio do desenho e da<br />
modelagem, expressando a atividade de seu próprio corpo em crescimento<br />
ou a realidade externa como ela a percebe.<br />
O trabalho educativo nesse período, objetiva proporcionar conteúdos<br />
para especializar, sensibilizando seu corpo de percepção, e desenvolver<br />
sua habilidade motora – um lado do processo. O outro lado, tão importante<br />
quanto o primeiro, é o desenvolvimento da linguagem e da imaginação<br />
por meio dos contos de fada, preferencialmente os coletados pelos Irmãos<br />
Grimm, em virtude de sua maior fidedignidade à tradição oral. Os contos<br />
de fada são narrados com a certeza de que nada tem a ver com a questão<br />
da percepção sensorial. Como um pequeno Adão, a criança inicia seu<br />
reconhecimento do mundo a partir da força da palavra, nomeando a si e<br />
às coisas do mundo, mas o nome (signo) e o ser (significado) estão<br />
integrados, da mesma forma como a própria criança com o mundo. A<br />
palavra com significado pleno, o logos,forma a própria linguagem da<br />
criança, bem como a base ético-moral, hábitos e costumes, sua confiança<br />
no mundo.<br />
Para qualquer criança, ouvir contos de fada seria como um retorno a<br />
um país de origem, país em que se situa o berço da humanidade. Os<br />
conteúdos dos contos de fada são próprios para os pequenos. Sua<br />
importância está na condição de sementes que, lançadas na alma,<br />
produzirão sentimentos, idéias, ideais. Ao se tornarem adultas,<br />
enfrentando as dúvidas e dificuldades da vida, tais pessoas poderão<br />
resgatar, conscientemente ou não, a força de suas verdades. A vivência<br />
dessas histórias contadas, a própria energia dos símbolos, o momento<br />
mágico, a intimidade da relação adulto-criança, a confiança depositada<br />
no educador e, portanto, no mundo, representam um tesouro que se<br />
transformará em qualidades para atuar e compreender o mundo e a si<br />
mesmo.<br />
Extraído do livro O Fio de Ariadne – Um caminho para a narração de<br />
Histórias<br />
Sueli Pecci Passerini<br />
Editora Antroposófica<br />
Lílian de Almeida P. B. Sá<br />
Pedagoga e Psicopedagoga<br />
Formação em Pedagogia Waldorf, Arte-Educação e Socioterapia<br />
lilianbsa@yahoo.com.br<br />
Já dissemos em outra ocasião<br />
que a Musicoterapia é uma<br />
profissão da área da saúde. Agora,<br />
no inicio do ano, seguem algumas<br />
informações para aqueles que<br />
pretendem ingressar nessa<br />
faculdade.<br />
Não é preciso ser exímio<br />
concertista para estudar Musicoterapia.<br />
Mas noções de teoria<br />
musical e dos sons que regem o<br />
universo são essenciais para<br />
aproveitar bem o curso e se tornar<br />
um profissional de qualidade. Se<br />
souber tocar um instrumento,<br />
melhor. A Musicoterapia é a ciência<br />
que utiliza sons, ritmos e melodias<br />
como ferramentas de apoio no<br />
tratamento de pessoas com<br />
problemas psicológicos, emocionais<br />
ou deficiência mental e<br />
física. Já na Grécia Antiga, a música<br />
era usada para eliminar fobias e<br />
angústias, mas sua prática como<br />
terapia é recente no Brasil.<br />
Começou nos anos 60, no<br />
Conservatório Musical do Rio de<br />
Janeiro, uma década depois de<br />
aparecer nos Estados Unidos e na<br />
Europa.<br />
Esses países continuam à frente<br />
no mundo da Musicoterapia. O uso<br />
de técnicas musicais para diminuir<br />
o estresse de funcionários e,<br />
conseqüentemente, melhorar o<br />
desempenho, é bastante comum<br />
nos países desenvolvidos, enquanto<br />
no Brasil só agora as<br />
empresas começam a descobrir<br />
esses profissionais. Eles dominam<br />
técnicas capazes de controlar o<br />
ritmo respiratório e cardíaco,<br />
estimular a memória e a percepção.<br />
Pode fazer tanto trabalhos<br />
preventivos – no caso de idosos e<br />
gestantes que queiram relaxar ou<br />
melhorar a organização mental–<br />
como de reabilitação, campo onde<br />
estão as melhores chances. Nas<br />
instituições públicas esse<br />
profissional tem sido requisitado<br />
para tratar da recuperação de<br />
dependentes de álcool e de drogas,<br />
estimular e integrar crianças de rua.<br />
Musicoterapia promove o bem-estar<br />
A Musicoterapia também pode<br />
ser usada como tratamento de<br />
saúde em portadores de deficiências<br />
como autismo e síndrome<br />
de Down – esses pacientes<br />
melhoram sua qualidade de vida<br />
quando submetidos à terapia da<br />
música. Outra aplicação de<br />
sucesso tem sido a recuperação de<br />
pacientes em UTIs, apesar dessa<br />
atuação ainda ser rara no Brasil. É<br />
possível, até, aplicar a ciência como<br />
auxiliar na área educacional,<br />
voltada para crianças ou jovens<br />
com dificuldade de aprendizagem,<br />
concentração ou barreiras na<br />
escrita ou leitura.<br />
Em geral, esse profissional<br />
trabalha em equipes multidisciplinares<br />
integradas por psicólogos,<br />
médicos, fisioterapeutas e<br />
assistentes sociais. Por isso, é<br />
interessante montar uma clínica<br />
com profissionais de diversas<br />
áreas. Para ganhar clientela, a dica<br />
é visitar colégios especiais para<br />
deficientes ou que utilizem<br />
métodos pedagógicos alternativos.<br />
No Hospital das Clínicas de<br />
Ribeirão Preto, há projetos-piloto<br />
sobre o uso de Musicoterapia no<br />
tratamento de aidéticos e de<br />
portadores de câncer. Cristiane<br />
Amorosino, coordenadora da<br />
clínica-escola da Universidade de<br />
Ribeirão Preto (Unaerp), afirma que<br />
o mercado está melhorando e<br />
exemplifica: “Entre 36 alunos da<br />
minha turma, formada em 1991, só<br />
eu continuo na profissão. No<br />
entanto, todos os vinte alunos da<br />
Unaerp que se formaram em 1999<br />
estão trabalhando.”<br />
Existem cerca de 1,5 mil<br />
profissionais de Musicoterapia no<br />
Brasil, concentrados em São Paulo,<br />
Rio de Janeiro e Paraná. No curso,<br />
o estudante tem aulas de harmonia,<br />
ritmo, percepção, musicalização,<br />
além de aprender a tocar algum<br />
instrumento e a cantar. Recebe<br />
também noções de fonoaudiologia,<br />
neurologia, psicologia e psiquiatria.<br />
Atividades que estimulem a<br />
criatividade e a expressão corporal<br />
fazem parte do currículo que prevê,<br />
ainda, estágio realizado em geral em<br />
instituições de saúde.<br />
Duração média do curso:<br />
quatro anos<br />
Aproveito para desejar a todos<br />
um ótimo e próspero Ano Novo.<br />
Elisabeth Martha Tesheiner<br />
Musicoterapeuta, Terapeuta<br />
Corporal, Educadora Musical<br />
Visão Ampliada pela<br />
Antroposofia<br />
elisabethm47t@gmail.com<br />
Tels.: (16) 3877 7813 / 9725<br />
1503<br />
www.profissaosaudeblog.blogspot.com
12<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
ANTROPOSOFIANDO<br />
Viver em uma sociedade<br />
onde as diferenças sociais são<br />
tão alarmantes faz-nos refletir,<br />
diariamente, sobre o nosso<br />
papel social. O homem possui<br />
muitas qualidades admiráveis: a<br />
inteligência, a capacidade de<br />
amor, solidariedade, fraternidade,<br />
dentre outras que o<br />
caracterizam como humano.<br />
Infelizmente, muitas vezes<br />
outros aspectos ficam exacerbados<br />
e, quando isso<br />
ocorre, temos um resultado<br />
negativo tanto no que se refere<br />
ao desenvolvimento individual<br />
como no social.<br />
Na época moderna surge o<br />
pensamento baseado nas<br />
ciências naturais, através do<br />
qual tudo é observado<br />
isoladamente, os acontecimentos<br />
passam a ser vistos<br />
como fenômenos desco-<br />
<strong>Peregrino</strong> das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
2008 – ANO DO COMPROMISSO SOCIAL<br />
nectados entre si, explicados<br />
por leis mecânicas causais. Essa<br />
forma de pensar é utilizada na<br />
vida econômica moderna,<br />
apesar de inadequada para<br />
esse campo de atuação. Suas<br />
conseqüências surgem a partir<br />
de modelos do passado e que<br />
são reduplicados na atualidade.<br />
Bos (1980) em seus seminários<br />
sobre “Desafios para uma<br />
pedagogia social” (1986)<br />
explicou que as hierarquias<br />
empresariais de diretor,<br />
gerente, chefe, superior,<br />
operários foi instituída no Egito<br />
antigo e, mais tarde, na<br />
organização dos exércitos e na<br />
igreja. Atualmente, verificamos<br />
que as relações de mercado são<br />
estabelecidas de acordo com<br />
esses princípios e as ações das<br />
pessoas são dirigidas exclusivamente<br />
para um mercado<br />
financeiro no qual a identidade<br />
do sujeito não aparece, mas<br />
somente a mercadoria que ele<br />
produz ou vende. A China e seu<br />
mercado econômico têm sido<br />
um exemplo marcante em<br />
relação a esse aspecto.<br />
O tipo de modelo acima<br />
levou o ser humano a lidar de<br />
forma mecanicista com seu<br />
trabalho e com aquilo que<br />
produz, pensando no lucro que<br />
terá e não na trajetória social<br />
de sua “matéria prima”. Dessa<br />
forma, o homem aprendeu que<br />
precisa cuidar de seu bem<br />
estar. Produzir ou vender seu<br />
trabalho implica em ter<br />
condições pessoais de adquirir<br />
bens. Essa visão trouxe o<br />
egoísmo ao ser humano, o qual<br />
ficou desconectado de um<br />
contexto de implicações sociais<br />
mais amplas, aspectos ligados<br />
à cooperação não são<br />
estimulados, ao contrário, cada<br />
um tem se isolado cada vez<br />
mais com receio de perder seu<br />
espaço no mercado de<br />
trabalho. As escolas, de um<br />
modo geral, estimulam esse<br />
egoísmo e competitividade nas<br />
crianças desde cedo, tornandoas<br />
aptas tecnicamente, mas não<br />
no que se refere ao amadurecimento<br />
social, área em que<br />
outras habilidades deveriam ser<br />
desenvolvidas, tais como:<br />
autoconhecimento, percepção<br />
das necessidades dos semelhantes,<br />
visão abrangente do<br />
mundo e da sociedade e cooperação,<br />
além de outros<br />
aspectos mais específicos que<br />
podem levar o homem a gerir<br />
sua própria vida e colaborar<br />
com o desenvolvimento social<br />
sustentável.<br />
No mundo pós capitalismo<br />
tornaram-se cada vez mais<br />
discrepantes as diferenças<br />
sociais, culturais e econômicas.<br />
No último mês, com a proximidade<br />
do Natal, pude<br />
constatar a euforia das pessoas<br />
para adquirir bens, comprar<br />
presentes, alimentos especiais<br />
para comemorar o seu Natal e<br />
o Ano Novo. As ruas estavam<br />
congestionadas e as lojas<br />
abarrotadas. Infelizmente, as<br />
ações sociais não crescem<br />
nessa proporção!<br />
O que desejo a todos os<br />
leitores é que em 2008 utilizem<br />
uma das máximas de Rudolf<br />
Steiner, qual seja, “O bem estar<br />
humano é tanto maior quanto<br />
menor for o egoísmo”. O<br />
homem na medida em que<br />
precisou estar junto dos demais<br />
para poder sobreviver,<br />
percebeu que necessita viver<br />
em grupo para atender suas<br />
necessidades de alimentação,<br />
proteção, educação, dentre<br />
outras. No entanto, o que não<br />
era esperado é que desenvolvesse<br />
tão intensamente seu<br />
egoísmo, buscando em seu<br />
trabalho, exclusivamente, seu<br />
crescimento pessoal e de seus<br />
familiares mais próximos. Esse<br />
tipo de comportamento tem<br />
afastado o homem de sua<br />
essência humana tornando-o<br />
mais egoísta e voltado para si<br />
próprio.<br />
Para o homem superar sua<br />
motivação egoísta é necessário<br />
que olhe interessadamente para<br />
o outro. Se as pessoas conseguirem<br />
superar sua motivação<br />
egoísta, através do “olhar para<br />
o outro”, haverá, certamente,<br />
uma abrangência para vários<br />
setores de sua vida: familiar, de<br />
trabalho e social. Para que o<br />
egoísmo ou interesse próprio<br />
deixe de ser o que nos comanda,<br />
temos que nos interessar<br />
de forma amorosa pelo<br />
que fazemos, assim como<br />
Quem somos?<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
acreditar em nossos ideais,<br />
reconhecendo o valor e significado<br />
social da empresa onde<br />
trabalhamos ou de nosso<br />
próprio negócio. Não há como<br />
separar ações pessoais e atos<br />
profissionais, apesar de muitos<br />
julgarem que sim.<br />
Crescer financeiramente,<br />
desenvolver habilidades, contribuir<br />
para um desenvolvimento<br />
social sustentável é<br />
possível na medida em que<br />
notamos as necessidades de<br />
nossos semelhantes, que<br />
precisam ser a razão de nosso<br />
trabalho. Acreditar em nossos<br />
ideais e identificarmo-nos com<br />
a instituição na qual trabalhamos<br />
é o primeiro passo para<br />
o sucesso.<br />
“O bem de uma integralidade<br />
de pessoas que trabalham<br />
em conjunto será tanto<br />
maior quanto menos o<br />
indivíduo exigir para si os<br />
resultados de seu trabalho, ou<br />
seja, quanto mais ceder destes<br />
resultados a seus colaboradores,<br />
e quanto mais suas<br />
necessidades forem satisfeitas<br />
não por seu próprio trabalho,<br />
mas pelo dos demais”.<br />
Rudolf Steiner<br />
Beatriz Ferriolli<br />
Fonoaudióloga clínica e<br />
professora universitária.<br />
Especialista em<br />
Linguagem, Mestre e<br />
Doutora pela FFCLRP-<br />
USP. Formação em<br />
Antroposofia: Medicina<br />
Antroposófica,<br />
Quirofonética, Biográfico.<br />
Somos um grupo de profissionais multidisciplinares da área médico / terapêutica, que possui como<br />
orientação comum a antroposofia. Numa das reuniões do grupo nasceu a idéia de iniciarmos este caderno,<br />
o antroposofiando, onde pretendemos divulgar noções básicas sobre os princípios antroposóficos, e também<br />
exprimir idéias a respeito de acontecimentos do nosso dia-a-dia. Gostaríamos também de interagir com os<br />
leitores ouvindo suas opiniões ou esclarecendo possíveis dúvidas.<br />
O grupo é formado por: Annelvira Gabarra, terapeuta artística, Dra. Beatriz Ferriolli, fonoaudióloga,<br />
Elisabeth Martha Tesheiner, musicoterapeuta, Dr. Júlio José Cunha, médico, Marina Fernandes Calache,<br />
pedagoga curativa, Dr. Paulo Neves Junior, médico, Dra. Zélia Beatriz Ligório da Fonseca, médica, Lilian de<br />
Almeida P. B. Sá, pedagoga e psicopedagoga e a Escola Waldorf de Ribeirão Preto.
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
13<br />
Taqui pra ti - Uma piada de português<br />
Quinta-feira, 13 de dezembro.<br />
Hora do almoço. O chofer da camionete<br />
chapa branca, apelidado de ‘Malandro<br />
Carioca’, pára na garagem do hotel.<br />
Desce o deputado Aldo Rebelo<br />
(PCdoB-SP), trajando paletó azul e<br />
gravata vermelha. Encontra seu irmão<br />
caçula no restaurante. O garçom traz o<br />
menu. Alisando seu bigode, Aldo pede<br />
bife de filé no capricho, com purê de<br />
batata e, de entrada, salada de maionese<br />
com tomate e azeitona. Enquanto<br />
come, discute a guerra da CPMF e a<br />
crise política. No final, toma o<br />
indispensável cafezinho bem brasileiro<br />
e vai embora, depois de fazer um<br />
brinde, festejando a aprovação do<br />
projeto de lei contra os estrangeirismos.<br />
O projeto, de sua autoria, proíbe o<br />
uso nos documentos oficiais de<br />
palavras estrangeiras importadas, sem<br />
especificar, no entanto, o momento<br />
histórico da importação. Obriga mídia<br />
e outdoors (perdão, painéis) a traduzir,<br />
para o português, vocábulos de outras<br />
línguas. Determina que especialistas<br />
inventem palavras novas em português<br />
equivalentes a expressões estrangeiras<br />
usadas em áreas de inovação tecnológica.<br />
Os infratores serão punidos<br />
com multas, mas ainda não se sabe<br />
como. Aprovado pela Comissão de<br />
Constituição e Justiça (CCJ), o projeto<br />
volta agora ao Plenário da Câmara para<br />
votação final.<br />
O deputado Aldo Rebelo vai<br />
transformar o cotidiano dos brasileiros<br />
num inferno, se o seu projeto for<br />
mesmo levado a sério, porque o<br />
português está repleto até o tucupi de<br />
estrangeirismos, a maioria dos quais o<br />
falante comum nem imagina quando e<br />
de onde vem. O próprio Aldo -<br />
coitado! - não vai mais poder andar de<br />
carro, comer, falar, beber, se vestir, ou<br />
alisar seus bigodes impunemente. Uma<br />
rápida análise do relato sobre o seu<br />
suposto almoço mostra que 95% das<br />
palavras ali usadas, as mais prosaicas<br />
possíveis, estão enquadradas na<br />
proibição. Quer ver? Olha só!<br />
As palavras restaurante, garçom,<br />
menu, filé, maionese, purê conhaque e<br />
champanhe foram roubadas do francês<br />
que, como todo mundo sabe, adora<br />
comer e beber e, além disso, exportou<br />
para nós milhares de galicismos como<br />
chofer, camionete, garagem, hotel. Aldo<br />
não pode degustar a culinária francesa,<br />
muito menos a batata cultivada em<br />
chácara, duas palavras quechuas.<br />
Salada de tomate, nem pensar, é<br />
vocábulo nahuátl do México, tanto<br />
quanto chocolate. Bife é inglês e, se<br />
for no capricho, é coisa de italiano.<br />
Azeitona é árabe. Nem suco de abacaxi<br />
ou caju - palavras tupis - ele poderá<br />
beber. Suprime até o cafezinho, que<br />
todo mundo pensa que é brasileiro, mas<br />
é palavra árabe - qáhwa, exportada para<br />
a Turquia, onde virou kahvé e de lá,<br />
em 1655, para a Itália, mudando para<br />
caffé, sendo então repassada para nós.<br />
O deputado, faminto e com sede,<br />
encontra dificuldades em se vestir.<br />
Coerente com a defesa da língua<br />
portuguesa, tira o paletó, tão francês<br />
quanto o sutiã, mas não pode<br />
substituí-lo por short, jeans e tênis<br />
comprados no shopping, porque são<br />
anglicismos. Não pode ficar de camisa,<br />
porque se trata de uma palavra celta.<br />
O pijama é descartado, porque vem do<br />
hindustani, falado na índia. Só de cueca<br />
e gravata vermelha, Aldo pode ser<br />
cassado por falta de decoro, como o<br />
deputado Barreto Pinto, que no final<br />
dos anos 1940 posou de fraque e cueca<br />
para a revista Cruzeiro.<br />
Mas nem a gravata vermelha ele<br />
pode usar: gravata é crovatta, denominação<br />
dada pelos italianos aos croatas,<br />
inventores da dita cuja, e vermell foi<br />
trazida em 1380 do Oriente Médio por<br />
marinheiros catalães. Por isso, Aldo<br />
procura roupa alternativa costurada<br />
artesanalmente, mas descobre que<br />
alfaiate é estrangeirismo, um empréstimo<br />
do árabe, de onde também vem a<br />
cor azul do seu terno abandonado e<br />
vocábulos como almofada, xadrez,<br />
tarefa, laranja, guitarra e tantos outros.<br />
O deputado, então, só tem uma saída<br />
para manter sua fidelidade à pureza da<br />
língua portuguesa: ficar nuzão como<br />
os índios Tupi.<br />
Nu, faminto, desesperado e com<br />
sede, Aldo tenta conversar com o<br />
irmão, mas omite sua condição de<br />
caçula, estrangeirismo proveniente de<br />
língua africana igual a milhares de<br />
outros como vatapá, samba, cafuné,<br />
bagunça, moleque, bunda. Não pode<br />
discutir política, nem expor sua tese<br />
sobre a crise ou defender a democracia,<br />
porque são quatro termos gregos. Não<br />
pode falar da guerra (werra), nem<br />
mesmo fazer um brinde (bring dir´s -<br />
eu te ofereço), que são germanismos.<br />
Aldo, então, é obrigado a ficar mudo<br />
como o ex-deputado amazonense<br />
Lupércio Ramos ficou durante todo seu<br />
mandato.<br />
Mudo, despido, faminto e com<br />
sede, o autor do projeto, contrariando<br />
a doutrina social que professa, demite<br />
seu motorista, por não poder chamálo<br />
pelo apelido: Malandro é um<br />
italianismo como festejar e carnaval.<br />
Já a palavra Carioca, de origem tupi,<br />
foi incorporada com milhares de outras<br />
ao português do Brasil. Aldo,<br />
finalmente, cofia o bigode, mas é<br />
advertido que alisar é um termo de<br />
língua celta e bigode vem do alemão<br />
(bei got - por Deus). Por Deus, Aldo<br />
raspa seu bigode. Tudo pela pureza<br />
do português!<br />
Desbigotado, nu, mudo, faminto e<br />
com sede, Aldo Rebelo pode ser salvo<br />
pelos especialistas que vão criar<br />
palavras novas e puras, em português<br />
legítimo e autêntico. Sua última<br />
esperança morre, no entanto, quando<br />
lê o relatório produzido por eles sobre<br />
o Campeonato Brasileiro de Pé-nabola,<br />
o esporte nacional, que inclusive<br />
exporta pebolistas para a Europa. No<br />
campeonato de 2007, Romário enfiou<br />
a bola na balisa, por baixo das pernas<br />
do guarda-valas, fazendo mil objetivos,<br />
muitos dos quais de tiro-livre.<br />
O deputado Aldo Rebelo, parlamentar<br />
combativo e honesto, pertence<br />
a um Partido de luta. No entanto, nessa<br />
questão, tem uma assessoria ingênua.<br />
Sua intenção é boa, mas a proposta é<br />
xenófoba, inoportuna e inexeqüível,<br />
três palavras horrorosas, banidas de<br />
sua cartilha. O português, como<br />
qualquer língua viva, tem uma história<br />
de contato com centenas de outras<br />
línguas. Emprestou e tomou emprestado<br />
milhares de palavras, sem pagar<br />
ou cobrar juros e sem ter de saldar os<br />
serviços da dívida. Embora o léxico seja<br />
a estrutura mais superficial da língua,<br />
talvez por ser sua parte mais visível,<br />
tem gente que acha, de forma<br />
simplista, que cada língua deve ter<br />
reserva de mercado discursivo do seu<br />
patrimônio lexical, e que quanto mais<br />
palavras têm, mais rico é um idioma.<br />
Os dicionários de qualquer língua<br />
estão cheio de estrangeirismos,<br />
dependendo da área de interesse de<br />
seus falantes, mas isso não torna uma<br />
língua melhor ou pior que a outra. O<br />
escritor Fernando Morais conta que,<br />
em 1989, um filósofo angolano fez<br />
conferência numa universidade alemã.<br />
Na hora do debate, um alemão perguntou,<br />
arrogantemente, como era<br />
possível filosofar numa língua tão<br />
pobre como a do conferencista, com<br />
José Ribamar Bessa Freire - 16/12/2007 - Diário do Amazonas<br />
tão poucos conceitos abstratos. O<br />
angolano dividiu o quadro negro ao<br />
meio com um giz e pediu-lhe que<br />
escrevesse sinônimos alemães para os<br />
órgãos sexuais. O cara rabiscou, então,<br />
apenas duas palavras: fotze e gurbe.<br />
O angolano enumerou, do outro lado,<br />
mais de 200 palavras em sua língua,<br />
muitas das quais eram estrangeirismos.<br />
Não existe nenhuma língua do<br />
mundo sem influência estrangeira.<br />
Mais de 50% das palavras em inglês,<br />
por exemplo, vieram do francês. Tudo<br />
bem, é ridículo o Berinho, atual<br />
Secretário Estadual de Cultura do<br />
Amazonas, denominar em inglês o<br />
festival de cinema que ele realiza com<br />
o dinheiro do contribuinte. Mas é só<br />
isso: ridículo. O português não vai<br />
enfraquecer por causa disso. Se<br />
estrangeirismos se impuserem pelo uso<br />
e forem incorporados ao português,<br />
qual é o problema? A língua não vai<br />
deixar de ser portuguesa, por causa de<br />
palavras importadas. Ela continua<br />
pertencendo às comunidades que as<br />
falam e que sabem defendê-la.<br />
O que se deve defender é outra<br />
coisa. No mesmo dia e hora em que a<br />
CCJ aprovava o tal projeto, a<br />
Comissão de Educação e Cultura, indo<br />
num sentido contrário, se reunia em<br />
outro auditório da Câmara de<br />
Deputados, em Brasília, para<br />
discutir relatório sobre a Diversidade<br />
Lingüística do Brasil, onde são falados<br />
mais de 200 idiomas. Tive a sorte de<br />
participar da audiência pública. Fiquei<br />
emocionado, com a sensação de estar<br />
vivendo um momento histórico<br />
importante na vida do país. O<br />
deputado Carlos Abicalil (PT/MT),<br />
assessorado por lingüistas e técnicos<br />
do IPHAN, coordenados por Márcia<br />
Sant´Anna, fez um brilhante trabalho.<br />
Sou capaz de mudar de domicílio<br />
eleitoral só para votar nele.<br />
O relatório considera que a<br />
diversidade lingüística é um<br />
patrimônio da humanidade, que deve<br />
ser - esse sim - defendido com unhas e<br />
dentes. No Brasil, essa riqueza toda é<br />
representada pelas línguas indígenas,<br />
pelas línguas das comunidades afrobrasileiras<br />
e dos imigrantes estrangeiros,<br />
pela Língua de Sinais<br />
(LIBRAS), mas também pelas<br />
variedades dialetais da língua<br />
portuguesa. O IPHAN, que vai fazer<br />
um inventário desses falares, propôs<br />
a criação do Livro de Registro das<br />
Línguas para garantir o direito dos<br />
falantes e documentar esse patrimônio<br />
de natureza imaterial.<br />
Durante o evento, a representante<br />
da Unesco, Jurema Machado, anunciou<br />
que aquela instituição havia escolhido<br />
2008 para ser o ano da diversidade<br />
lingüística. Foram distribuídas cópias<br />
do Diário Oficial da União de 12 de<br />
dezembro, contendo texto bilíngüe do<br />
acordo de cooperação entre a FUNAI<br />
e a OPIPAM - Organização do Povo<br />
Indígena Parintintin do Amazonas. O<br />
documento foi publicado em português<br />
e em língua Kagwahiva. É a primeira<br />
vez que isso ocorre na história<br />
do Brasil. Policarpo Quaresma, com<br />
“seu eterno sonhar, sua ternura e sua<br />
candura de donzela romântica”, não<br />
estava doido. Agora, ninguém mais vai<br />
rir dos ofícios que ele escreveu em<br />
tupi.<br />
P.S. - Agradeço as informações<br />
sobre a origem das palavras aqui<br />
citadas ao filólogo Joan Corominas<br />
(1905-1997), autor do Dicionário<br />
Etimológico.
14<br />
<strong>Peregrino</strong> das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
Os códigos ocultos – Os círculos da sabedoria – Emilio Carrillo<br />
Cátaros, Templários, Priorado de Sião, o Templo de Salomão, a obra de Leonardo<br />
da Vinci, o Santo Graal e os descendentes de Maria Madalena. Todos esses<br />
temas vêm ocupando de forma recorrente a imaginação e o espírito da<br />
humanidade durante séculos. Neste livro o autor nos brinda com a possibilidade<br />
de nos aprofundarmos, de uma maneira fidedigna e exata, em todos eles. Para<br />
classificar os conhecimentos secretos que se ocultam nos diversos romances<br />
da Antiguidade e nos modernos, ele adentra o mundo dos Círculos da Sabedoria,<br />
que são autênticos eixos e pilares dos conhecimentos herméticos de todos os<br />
tempos.<br />
Grupo Editorial Madras<br />
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Guia Prático de Radiologia – Marcelo Felisberto<br />
O livro oferece aos técnicos e tecnólogos em radiologia uma preparação para o<br />
mercado de trabalho, com abordagem prática, ilustrações e posições radiológicas,<br />
separadas em partes anatômicas para facilitar as pesquisas. Apresenta o<br />
esqueleto apendicular, formado pelos membros superiores e inferiores. Na<br />
abordagem do cíngulo escapular destaca as posições da clavícula e da escápula<br />
e para o cíngulo pélvico descreve as posições da pelve, articulação coxofemoral<br />
e quadril. O conteúdo apresentado tem como principal embasamento a prática,<br />
fundamento primordial para a execução do trabalho técnico.<br />
Iátria<br />
Tel.: (11) 2295 3066 – Fax: (11) 6197 4060<br />
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Voz sobre protocolo IP – Paulo Sérgio Milano Bernal<br />
Apresenta um histórico sobre o assunto e as tendências futuras, fundamentos<br />
da comutação telefônica, sinalização telefônica, comunicação baseada em<br />
pacotes IP e também os detalhes para a implantação de mecanismos de garantia<br />
de qualidade em roteadores IP. Traz informações relativas aos CODECs e aos<br />
processos de conversão da voz em codificação binária e em pacotes de IP,<br />
questões sobre a análise e medição da qualidade de reprodução da voz humana<br />
em sistemas VoIP e protocolos complementares ao IP. Descreve os principais<br />
cenários de implementação dos sistemas VoIP e, aborda o estudo das redes<br />
VoIP baseadas em infra-estrutura de redes sem fios.<br />
Editora Érica Ltda.<br />
Tel.: (11) 2295 3066 – Fax: (11) 6197 4060<br />
www.editoraerica.com.br<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
Îiam Îiam malpli malpli mortoj<br />
mortoj<br />
Sano - Infaneco<br />
En îiu jaro, 10 milionoj da infanoj mortas. Îi tio povus esti plej<br />
malbona.<br />
Îi tio povas soni sensenta, sed la informo estas preskaö<br />
memoriginda: en îiu jaro, 9,7 milionoj da infanoj ûis 5 jaroj mortas<br />
en la mondo, laö la lastaj statistikoj de Unicef. Ûi estas pozitiva<br />
informo kiam oni rigardas malantaöen, laö El País. En 1990 ili estis<br />
13 milionoj. En 1960, 20 milionoj. Se la infana mortokvanto estus<br />
daörita en tiu malûoja ritmo, la proporcio hodiaö estus de 25<br />
milionoj da mortoj por jaro.<br />
La metodo por la haltigo estas la investado en la malriîaj landoj,<br />
ne nur de la regantoj, sed ankaö de privataj grupoj, kiel Gates<br />
Fondaëo. Jen la bonaj rezultoj:<br />
- La plej grandaj antaöeniroj okazis en Latin-Ameriko, kun<br />
redukto de 51% rilate al 1990. Respubliko de San-Domingo,<br />
Vjetnamo kaj Maroko malmultigis la proporcion en triono. La landoj<br />
kun plej granda indicnombro ankoraö estas de Mez-Afriko. En<br />
Brazilo, ekde 1990 la redukto estis de 48%.<br />
- La mortoj pro morbilo reduktis 60% ekde 1999 pro la vakcina<br />
kampanjo.<br />
- Pli da ëusnakitoj havas la protekton de moskitovualoj kaj<br />
trinkas nutrajn suplementojn.<br />
- Plej granda numero da virinoj sukcesas suîigi danke al plej<br />
bona nutraëo.<br />
- Madagaskaro reduktis la infanan mortokvanton en 41% post<br />
la fino de la interna milito, en 2002.<br />
- La kreskado de Îinio kaj Hindujo plibonigis la ekonomia<br />
indicnombroj kaj malmultigis la proporcion de fekundeco,<br />
plimultigante la supervivon.<br />
- La informoj estis kolektitaj en 2005. Îar la investado kreskis<br />
de tiu jaro ûis nun, la proksima popolregistrado devos esti ankoraö<br />
plej kuraûiga.<br />
Fonto: Revista da Semana. Edição 4, Ano 1, nº 4 – página 22. Editora<br />
Abril – 24/9/2.007 – el Brazilo - www.revistadasemana.com.br<br />
Tradukis Tradukis Esperanten: Esperanten: Esperanten: José José Roberto Roberto Ruiz Ruiz<br />
Ruiz<br />
Reviziis: Reviziis: Antônio Antônio Carlos Carlos Rodrigues Rodrigues Rodrigues Prado<br />
Prado<br />
www.lernu.net<br />
lernu! é um portal multilíngüe cujo objetivo é ajudar o internauta<br />
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<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
15<br />
1900 – O BONDE ELÉTRICO, UMA REVOLUÇÃO!<br />
Impressões e instruções de Machado de Assis aos usuários do novo bonde<br />
Ocorreu-me compôr certas regras para uso dos que freqüentam os bonds. O desenvolvimento que tem tido entre nós este<br />
meio de locomoção, essencialmente democratico, exige que elle não seja deixado ao puro capricho dos passageiros. Não<br />
posso dar aqui mais do que alguns extractos do meu trabalho; basta saber que tem nada menos de setenta artigos. Vão<br />
apenas dez:<br />
Art. I – DOS ENCATARRHOADOS<br />
Os encatarrhoados podem entrar nos bonds com a<br />
condição de não tossirem mais de trez vezes de uma<br />
hora e, no caso de pigarro, quatro. Quando a tosse<br />
for tão teimosa que não permita esta limitação, os<br />
encatarrhoados têem dous alvitres: - ou irem a pé,<br />
que é bom exercício, ou metterem-se na cama.<br />
Também podem ir tossir para os diabos que os<br />
carregue. Os encatarrhoados que estiverem nas<br />
extremidades dos bancos devem escarrar para o<br />
lado da rua, em vez de o fazerem no proprio bond,<br />
salvo caso de aposta, preceito religioso ou maçônico,<br />
vocação, etc., etc.<br />
Art. II – DA POSIÇÃO DAS PERNAS<br />
AS pernas devem trazer-se de modo que não<br />
constranjam os passageiros do mesmo banco. Não<br />
se prohibem formalmente as pernas abertas, mas<br />
com a condição de pagar os outros lugares e fazel-os occupar por meninas pobres e viuvas desvalidas mediante uma<br />
pequena gratificação.<br />
Art. III – DA LEITURA DOS JORNAES<br />
Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver lendo, terá o cuidado de não roçar as ventas dos vizinhos, nem<br />
levar-lhes os chapéos: também não é bonito esncostal-o no passageiro da frente.<br />
Art. IV – DOS QUEBRA-QUEIXOS<br />
É permitido o uso dos quebra-queixos em duas circumstancias: – a primeira quando não for ninguem no bond, e a<br />
segunda ao descer.<br />
Art. V – DOS AMOLADORES<br />
Toda pessoa que sentir necessidade de contar os seus negócios íntimos, sem interesse para ninguem, deve primeiro<br />
indagar do passageiro escolhido para uma tal confidencia, se elle é assaz christão e resignado. No caso affirmativo,<br />
perguntar-lhe-há se prefere a narração ou uma descarga de ponta-pés: a pessoa deve immediatamente pespegal-os. No<br />
caso, aliás extraordinario e quase absurdo, de que o passageiro prefira a narração, o proponente deve fazel-a<br />
minuciosamente, carregando muito nas mais triviais, circumstancias, repetindo os dictos, pisando e repisando as cousas,<br />
de modo que o paciente jure aos seus deuses não cair em outra.<br />
Art.VI – DOS PERDIGOTOS<br />
Reserva-se o banco da frente para a emissão dos perdigotos, salvo as occasiões, em que a chuva obriga a mudar a<br />
posição do banco. Tambem podem emittir-se na plataforma de traz, indo o passageiro ao pé do conductor, e a caa voltada<br />
para a rua.<br />
Art. VII – DAS CONVERSAS<br />
Quando duas pessoas, sentadas a distancia, quizerem dizer alguma cousa em voz alta, terão cuidado de não gastar mais<br />
de quinze ou vinte palavras e, em todo caso, sem allusões maliciosas, principalmente se houver senhoras.<br />
Art. VIII – DAS PESSOAS COM MORRINHA<br />
As pessoas que tiverem morrinha podem participar dos bonds indirectamente: ficando na calçada, e vendo-os passar de<br />
um lado para outro. Será melhor que morem em rua por onde elles passem, porque então podem vel-os mesmo da janella.<br />
Art. IX – DA PASSAGEM ÀS SENHORAS<br />
Quando alguma senhora entrar, deve o passageiro da ponta levantar-se e dar passagem, não é porque é incommodo para<br />
elle ficar sentado, apertando as pernas, como porque é uma grande má criação.<br />
Art. X – DO PAGAMENTO<br />
Quando o passageiro estiver ao pé de um conhecido e, vir o conductor receber as passagens, notar que o conhecido<br />
procura o dinheiro com certa vagareza ou difficuldade, deve immediatamente pagar por elle: é evidente que, se elle<br />
quizesse pagar, teria tirado o dinheiro mais depressa.<br />
Foto: Acervo fotográfico Light<br />
Fonte: (respeitada a ortografia) - fascículo nº 7, vol. I - 1900/1910 -<br />
NOSSO SÈCULO, publicação semanal (1980/1982) da Editora<br />
ABRIL CULTURAL.<br />
<strong>Peregrino</strong> da Letras - (16) 3621 9225 / 9992 3408
www.jperegrino.com.br<br />
Florais de Bach<br />
Entre 1930 e 1936, o Dr. Edward Bach, M.B., B.S., M.R.C.S., L.R.C.P.,<br />
D.P.H., descobriu, aperfeiçoou e aplicou um sistema de medicina<br />
muito simples e ao mesmo tempo eficaz.<br />
O Dr. Bach ensinou que a base de toda doença estava na<br />
desarmonia entre os aspectos espirituais e mentais do ser humano.<br />
Essa desarmonia, encontrada sempre em estados de ânimos<br />
conflitantes, produzia infelicidade, tortura mental, medo, ou cansaço<br />
e submissão, diminuía a vitalidade do organismo e permitia o<br />
aparecimento da doença. Por esse motivo, os remédios que ele<br />
preparou se destinavam ao tratamento do estado de ânimo e do<br />
temperamento do paciente e não à sua doença física: assim, à medida<br />
que a pessoa voltasse a ser quem realmente era, sua vitalidade era<br />
aumentada e podia, assim, extrair de sua própria força e paz interior<br />
os meios de restaurar a sua saúde.<br />
Cada paciente deve cuidar de sua própria vida e deve aprender a<br />
fazê-lo em liberdade. Como cada pessoa é um tipo diferente com um<br />
temperamento diferente, o tratamento deve ter em vista não a doença<br />
física, mas o estado de ânimo de cada um, a necessidade do momento.<br />
Todos sabemos que a mesma enfermidade pode ter efeitos<br />
diferentes em pessoas diferentes; é dos efeitos que devemos nos<br />
ocupar, porque eles nos guiam até a verdadeira causa da doença.<br />
O Dr. Bach ressaltou que seus remédios poderiam ser usados<br />
concomitantemente com qualquer outra forma de tratamento sem<br />
que houvesse choque ou interferência e com resultados igualmente<br />
notáveis se fossem usados sozinhos.<br />
Não existem regras rígidas e inalteráveis para o tratamento de<br />
pacientes com esses remédios, pois cada um deve ser encarado como<br />
alguém que precisa ser ajudado à luz de suas circunstâncias pessoais<br />
e particulares, assim como de seus estados de ânimo. Porém, esses<br />
estados básicos e os remédios permanecem constantes, e é<br />
importante ter sempre em mente a necessidade de flexibilidade e uma<br />
disponibilidade enquanto é usado esse método de tratamento. O<br />
repertório de florais tem como finalidade ajudar a assistir àqueles<br />
que buscam desenvolver suas próprias capacidades de escolher e<br />
administrar o remédio correto para si mesmo e para os outros.<br />
Fonte: Repertório dos Remédios Florais do Dr. Bach – F. J.<br />
Wheeler – Ed. Pensamento.<br />
<strong>Peregrino</strong><br />
das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
Ribeirão Preto - SP - janeiro/2008<br />
Grupo de Estudo - PATHWORK®<br />
Ribeirão Preto /SP<br />
O que é? Pathwork é uma disciplina espiritual contemporânea que visa o autoconhecimento, ensina a<br />
autoresponsabilidade e busca a transformação pessoal em todos os níveis de consciência. Seu objetivo é<br />
nos alinhar com nossa Essência Divina, como meio de acessar o poder, a sabedoria e o amor que são nossa<br />
real natureza.<br />
O material do Pathwork é representado por palestras sistematizadas por Eva Pierrakos, ao longo de<br />
mais de 20 anos.<br />
Este trabalho que se desenvolve nos Estados Unidos, na Europa e que há mais de dez anos está no<br />
Brasil representa uma poderosa disciplina para alcançar a essência humana. Não é apenas teoria e filosofia,<br />
mas um processo vivo e dinâmico que capacita qualquer pessoa que esteja seriamente disposta a explorar<br />
o eu mais profundo, centrando-se no processo evolucionário do indivíduo e em seus bloqueios. Se as<br />
pessoas persistirem nele serão capazes de abrir uma nova consciência no interior de si mesmas, e de ajudar<br />
os outros a seguirem a mesma direção.<br />
O caminho exige honestidade com o eu; exposição do que é agora; eliminação das máscaras e<br />
fingimentos; admitir sem disfarces a própria vulnerabilidade, e ao mesmo tempo é a única maneira real, e<br />
o caminho que conduz à paz e à totalidade genuínas.<br />
E uma vez que se desiste do esforço para fingir e se esconder, essa tarefa passa a ser um processo<br />
orgânico e natural.<br />
O trabalho do Pathwork indica o caminho para aqueles que anseiam por um relacionamento mais<br />
verdadeiro consigo próprio e com a vida. Através do estudo e vivência das palestras que propiciam um<br />
profundo conhecimento de si mesmo, podemos dissolver velhas crenças, condicionamentos e imagens<br />
errôneas. Neste processo a energia, até então aprisionada, torna-se novamente disponível para uma<br />
expressão vital mais positiva.<br />
Citações<br />
“Pathwork é o trabalho espiritual mais profundo e eficiente que encontrei e tem me ajudado a realizar os<br />
meus sonhos. É um caminho de verdade, prático, que transformará sua vida. - “Barbara Brennan, autora de<br />
“Mãos de Luz”. Ed. Cultrix.<br />
A Dimensão Espiritual e o Pathwork segundo o psiquiatra John Pierrakos<br />
“Ao trabalhar com as palestras do Pathwork, percebi que esses novos métodos podem ser transmitidos<br />
a outros terapeutas – psiquiatras, psicólogos e a todos os que ajudam outros seres humanos. O trabalho<br />
incorpora, mas transcende a psicoterapia e abre possibilidade de se descobrir os mais altos potenciais de<br />
cada ser humano, e não apenas “curar neuroses” ou ajudar as pessoas a resolverem seus problemas.”<br />
Grupos de Pathwork<br />
Esses grupos iniciam-se com o estudo das palestras onde são explicados os conceitos que constituem<br />
a metodologia do PATHWORK®. São conduzidos por um ou mais facilitadores autorizados. O caminho<br />
natural desses grupos, após um determinado período, é se transformar num grupo mais avançado onde<br />
cada participante tem a chance de fazer um aprofundamento vivencial do seu processo pessoal, nessa<br />
metodologia. Esses grupos são conduzidos por helpers autorizados.<br />
Primeiro passo no Pathwork: o Grupo de estudos reúne-se para estudar e discutir os conceitos<br />
básicos que levam ao trabalho de desenvolvimento pessoal conforme orientado pelo Guia.<br />
Os encontros incluem exercícios e práticas e a aplicação dos conceitos à realidade cotidiana.<br />
A participação em Grupos de estudos é pré-requisito para aqueles que desejam inscrever-se para o<br />
Programa de treinamento.<br />
O início do grupo está previsto para o mês de março, desde que atingido o número mínimo de<br />
participantes. Os interessados em fazer parte do Grupo de Estudos deverão entrar em contato através dos<br />
telefones: (16) 3621 8407 / 3621 9225 / 9992 3408.<br />
Fonte: www.pathworksp.com.br