JPeregrino - Alumiar
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Peregrino<br />
Informação, Informação, Cultura Cultura e e Livre Livre Expressão<br />
Expressão<br />
das Letras<br />
DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA<br />
Ribeirão Preto - SP - Ano IX - Nº 107 - março/2009 Ribeirão Preto - SP - Ano IV - Nº 41 www.jperegrino.com.br<br />
- Setembro/2003 - R$ 1,00<br />
Madalena Caramuru<br />
Filha da índia Moema e do português Diogo Álvares Corrêa, Madalena Caramuru foi a primeira mulher brasileira<br />
a saber ler e escrever. Em 1534, Madalena casou-se com Afonso Rodrigues, natural de Óbidos, Portugal, que<br />
segundo Gastão Penalva, foi o responsável pelo ingresso de Madalena no mundo das letras. Madalena escreveu<br />
uma missiva de próprio punho ao Padre Manoel da Nóbrega, no dia 26 de março de 1561, pedindo que as crianças<br />
escravas fossem tratadas com dignidade.<br />
Mãe Benta<br />
A lendária doceira Benta Maria da Conceição Torres, negra, inventou a receita de bolinhos feitos com ovos e<br />
açúcar que imortalizou seu nome como parte da culinária típica brasileira. Viveu no Rio de Janeiro no início do<br />
século 19 e era mãe do cônego Geraldo Leite Bastos. Durante o período regencial, o padre Feijó costumava<br />
freqüentar a casa de Mãe Benta para conversar com o amigo Geraldo e saborear os quitutes preparados pela<br />
doceira. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de agosto de 1851 e foi sepultada no Cemitério São Francisco de<br />
Paula.<br />
Ana Paes d´Altro<br />
Também conhecida como Ana de Holanda, foi uma figura emblemática e controversa do domínio holandês em<br />
Pernambuco. Casou-se com o senhor de engenho Pêro Garcia. Viúva se casou com Carlos de Tourlon, comandante<br />
da guarda do príncipe Maurício de Nassau. O engenho de Ana Paes foi palco de um dos combates mais violentos<br />
da guerra contra os holandeses, que resultou na vitória das forças luso-brasileiras. Por conta do episódio, o<br />
engenho de Ana Paes acabou conhecido como a Casa Forte, que deu nome à batalha e ao bairro do Recife.<br />
Rosa Maria de Siqueira<br />
Rosa Maria de Siqueira foi uma heroína dos mares. Nasceu na capitania de São Vicente, filha de Isabel da Costa<br />
Siqueira e Francisco Luís Castelo Branco. Em viagem a Portugal a esquadra em que estava foi assaltada por<br />
piratas argelinos no meio do Oceano Atlântico. Em 1714, destacou-se com bravura na defesa das naus Nossa<br />
Senhora do Carmo e Santo Elias, carregadas de açúcar, tabaco e corante, além de 120 passageiros. Rosa Maria<br />
dirigiu o movimento de resistência ao ataque, encorajando os combatentes, distribuindo armas e pólvora.<br />
Maria Úrsula de Abreu e Lencastre<br />
Maria Úrsula de Abreu e Lencastre ficou conhecida como a mulher soldado. Nasceu na capitania do Rio de<br />
Janeiro, em 1682, filha de João de Abreu. Aos 18 anos fugiu da terra natal, disfarçada de homem, para Lisboa onde<br />
assentou praça como soldado, em 1º de novembro de 1700. Na índia, destacou-se em inúmeros combates sem<br />
revelar o sexo. Em 1714, retirou o disfarce e casou-se com o oficial militar Afonso Teixeira Arraes de Melo.<br />
Recebeu do rei D. João V uma renda regular. Morreu em Goa, na Índia, cercada de honras.<br />
Marquesa de Santos (1797-1867)<br />
A aristocrata Domitila de Castro Canto e Melo nasceu em São Paulo. Exerceu grande influência durante o<br />
Primeiro Reinado. Foi designada primeira dama da imperatriz D. Maria Leopoldina. Domitila de Castro recebeu<br />
do imperador, o título de marquesa de Santos. O romance com Dom Pedro acabou quando do segundo casamento<br />
dele, com a duquesa de Leuchtemberg, Amélia Beauharnais. Domitila voltou para São Paulo e, em 1842, casouse<br />
com o influente brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. Morreu em São Paulo no dia 3 de novembro de 1867, sendo<br />
sepultada no cemitério da Consolação (SP), cujas terras foram doadas por ela ao Estado.<br />
Maria Graham (1785-1842)<br />
A escritora inglesa Maria Graham deixou consideráveis manuscritos onde retrata suas impressões sobre o<br />
cotidiano brasileiro. Em 1823, foi preceptora da princesa Maria da Glória. Nessa ocasião, acertou a ida à Londres<br />
para trazer livros e material didático. Retornando ao Rio de Janeiro, instalou-se no Paço Imperial, mas o convívio<br />
ficou difícil porque havia discordância em relação aos métodos didáticos que adotava, o que a levou a abandonar<br />
a tarefa e voltar para a Inglaterra. Em 1824, publicou “Viagem ao Brasil” que narra a vida na corte de Dom Pedro<br />
e Dona Leopoldina. Após sua morte, em 1842, seu marido doou ao Museu Britânico os desenhos a lápis que Maria<br />
Graham fizera no Brasil.<br />
Maria Quitéria (1792-1853)<br />
Baiana considerada a heroína da independência. Em 1822, quando iniciaram as lutas no Recôncavo Baiano pela<br />
independência, ela fugiu de casa vestida com o uniforme militar do cunhado, José Cordeiro de Medeiros, de<br />
quem adotou o nome e patente ficando conhecida como “soldado Medeiros”. Destacou-se desde o começo por sua<br />
bravura e destreza no manejo das armas. Seu batismo de fogo aconteceu no combate da Pituba, em fevereiro de<br />
1823, no confronto de Itapuã. Com o fim da luta, Maria Quitéria foi condecorada pelo imperador com a insígnia<br />
dos Cavaleiros da Imperial Ordem do Cruzeiro que lhe concedeu também o direito a um solo de alferes de linha.<br />
Bertha Lutz (1894-1976)<br />
Nasceu em São Paulo no dia 2 de agosto de 1894. É uma das pioneiras da<br />
luta pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e<br />
mulheres no país. Defensora incansável dos direitos da mulher no país.<br />
Empenhou-se na luta pelo voto feminino; criou, em 1919, a Liga para a<br />
Emancipação Intelectual da Mulher. Em 1922, representou as brasileiras<br />
na assembléia-geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos,<br />
onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Em 1936,<br />
Bertha Lutz assumiu o mandato de deputada federal. Defendeu a mudança<br />
da legislação referente ao trabalho da mulher e dos menores de idade.<br />
Chiquinha Gonzaga (1847-1935)<br />
Francisca Edwiges Neves Gonzaga foi a primeira compositora da música<br />
popular brasileira, autora de duas mil composições e abolicionista. Em<br />
1877, estreou como compositora com a polca “Atraente”. Formou uma<br />
Ana Pimentel<br />
dupla com Joaquim Antonio Calado que foi precursora do choro ou<br />
Ana Pimentel teve grande importância na construção do Brasil colonial. Casada com o nobre português Martim chorinho. Como maestrina, a estréia aconteceu com a opereta “A Corte na<br />
Afonso de Sousa, ela recebeu do marido a incumbência de administrar a capitania de São Vicente no dia 3 de Roça”, em 1885. Ao lado da carreira de maestrina, compositora e pianeira,<br />
março de 1534. Contrariando ordens do marido, autorizou o acesso dos colonos ao planalto Ribeirão paulista, onde Preto se - dedicou-se SP - Ano também IV - Nº às 41 campanhas - Setembro/2003 abolicionista - e R$ republicana. 1,00 Chiquinha<br />
encontravam terras mais férteis e um clima mais ameno do que no litoral. Ana Pimentel providenciou o cultivo vendia suas músicas de porta em porta e, com o dinheiro obtido, libertou o<br />
de laranja na capitania com o objetivo de combater o escorbuto. É responsável também pela introdução do cultivo escravo Zé da Flauta. Chiquinha é a autora da primeira marcha carnavalesca<br />
do arroz, do trigo e da criação de gado na região.<br />
do país, “Ô Abre-Alas”, composta em 1899.<br />
Cora Coralina (1889-1985)<br />
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretãs, nasceu em Goiás Velho. Aos 14<br />
anos, começou a escrever pequenos poemas ou “escritinhos”. Publicou em<br />
1965 o livro “Poemas dos becos de Goiás e estórias mais” que teve mais de<br />
10 edições nos anos seguintes. Nele destaca-se o “Poema do Milho” que<br />
exalta a natureza e “Poema da Vida”. Onze anos depois compõe “Meu<br />
Livro de Cordel”. Aos 70 anos, com problemas financeiros, decidiu fazer<br />
doces de frutas para vender. Tinha orgulho de jamais ter escrito para se<br />
lamentar da vida. Preferia, ao invés, louvar as coisas da terra e sua gente.<br />
Na década de 80, passou a se corresponder com o poeta Carlos Drummond<br />
de Andrade, que admirava seu talento, a qualidade do seu caráter e a<br />
considerava uma mulher de espírito.<br />
Benedita da Silva<br />
Política ativista do Movimento Negro e Feminista, Benedita Souza da<br />
Silva Santos foi a primeira senadora negra do Brasil. Foi professora da<br />
escola comunitária da favela Chapéu Mangueira.. Tornou-se a primeira<br />
mulher negra a atingir os mais altos cargos da história do Brasil: vereadora,<br />
deputada federal constituinte, senadora, e vice-governadora. Seus mandatos<br />
foram marcados pela defesa das mulheres e negros. É autora do projeto<br />
que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais; fez<br />
de 20 de novembro o “Dia nacional da consciência negra”; responsável<br />
pela criação de delegacias especiais para apurar crimes raciais; pela<br />
obrigatoriedade do quesito cor em documento; lei contra assédio e direito<br />
trabalhistas extensivos às empregadas domésticas.<br />
Irmã Dulce (1914-1992)<br />
Maria Rita Lopes Pontes nasceu em Salvador. Em 1932, entrou para a<br />
Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, em Sergipe.<br />
Após seis anos de noviciado, recebeu o hábito de freira e adotou o nome de<br />
Dulce, em homenagem a mãe. De forma obstinada e com uma fé inabalável,<br />
Irmã Dulce saía pelas ruas do centro de Salvador em busca de doações.<br />
Começou seu trabalho num barracão, para onde levava doentes e<br />
desabrigados. Ali trabalhou com idosos, doentes, pobres, crianças e jovens<br />
carentes. Em 1959, Irmã Dulce conseguiu um terreno para construir o<br />
Albergue Santo Antônio. Em 1970, foi fundado o Hospital Santo Antônio,<br />
ao lado do albergue. Irmã Dulce também abriu um orfanato para 300<br />
menores e passou muitos anos saindo diariamente para pedir donativos de<br />
porta em porta.<br />
Rachel de Queiroz (1910 - 2003)<br />
Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em<br />
1977. Era prima do escritor José de Alencar. Em 1930, publicou seu primeiro<br />
romance, O Quinze, que narra o drama dos flagelados da seca e a pobreza<br />
dos nordestinos. Demonstrando preocupação com questões sociais e hábil<br />
na análise psicológica de seus personagens, teve papel de destaque no<br />
desenvolvimento do romance nordestino. Na política, a escritora participou<br />
da campanha que levou à derrubada de Getúlio Vargas em 1945 e ajudou<br />
nas articulações do golpe de 1964, que depôs João Goulart.
2<br />
Editorial<br />
Quando se fecha o verão é final de março. Como na música de Jobim<br />
“São as águas de março, fechando o verão, é a promessa de vida no teu<br />
coração”. Aqui em Ribeirão Preto o fechamento do verão representa para<br />
muitos que sofrem com o calor excessivo, uma trégua: menos chuvas,<br />
menos temperatura. O ameno entrando em nosso dia-a-dia. Mas enquanto<br />
o outono não vem o que nos reserva o mês de março?<br />
Bem, se levarmos em conta a origem, devemos tomar cuidado. Afinal<br />
Março vem de marcial que está ligado ao Deus Marte - Ares, na Grécia - e<br />
quer dizer guerreiro, combativo, corajoso. Mas sua fama não está ligada<br />
ao positivo. Ares ou Marte não lutava por causas justas e sim pelo instinto<br />
exacerbado, furiosa e indiscriminadamente. Seus acompanhantes no campo<br />
de batalha atestam seu caráter: a Discórdia, o Terror e o Medo.<br />
A julgar pelo que temos verificado ao assistir a telejornais, ao ouvir<br />
contar estórias do dia-a-dia, ao observar as cadeias, ao conversar com<br />
pessoas, Marte/Ares anda à solta. Sua crueldade, sua impetuosidade,<br />
sua loucura têm servido de modelo aos filhos da modernidade que somos<br />
nós. Ele tem pairado sobre nossas cabeças com sua espada sanguinolenta<br />
e impiedosa. Importante, porém, saber que esse Deus não era respeitado<br />
pelos outros Deuses do Panteão olímpico. Nem mesmo seu pai, Zeus o<br />
amava. Aliás, ele dizia que esse seu filho era o mais odioso dos imortais.<br />
Marte/Ares deixou uma péssima impressão para a posteridade. Foi traído,<br />
foi execrado, nem mesmo é colocado na mesma categoria de seus<br />
companheiros divinos.<br />
Marte/Ares não oferece promessa de vida, nem curadora água fresca.<br />
Oferece morte e destruição. Neste mês de março, vamos oferecer algo a<br />
esse Deus que não seja um sacrifício de sangue. Vamos oferecer-lhe a paz<br />
e a tranquilidade, buscada em nosso coração pela necessidade de tornar<br />
sagrada a nossa vida. Nesse começo de atividades, nesse início de novos<br />
governos, vamos oferecer pensamentos de reconstrução do ser humano<br />
e pela Terra. Vamos deixar que Marte/Ares, descanse, finalmente.<br />
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É expressamente proibida a<br />
reprodução parcial ou total<br />
desta publicação sem a prévia<br />
autorização.<br />
Emoção<br />
Narrar num poema,<br />
encontro repentino.<br />
Descrever uma emoção:<br />
centelha lançada pelo vento...<br />
Qual nuvem a correr no céu.<br />
Inventar uma imagem dentro<br />
dela<br />
que docemente se desfaz,<br />
tornando-se outra mais bela.<br />
Emoção é sol ardente:<br />
Aquece e arrepia ao mesmo<br />
tempo.<br />
É brisa sutil que acaricia a alma.<br />
É doce melodia.<br />
Emoção penetra as veias.<br />
Soro sutil e lento.<br />
São gotas de sorrisos.<br />
Sonhos esquecidos.<br />
Mágico momento.<br />
Elisa Alderani<br />
Cursos – Oficinas -<br />
Palestras – Workshops<br />
4 - O significado Oculto do<br />
Perdão - Ribeirão Preto / SP –<br />
Informações: (16) 8151 9894.<br />
5 - Grupo de Leitura - Tomar<br />
a Vida nas próprias mãos –<br />
Ribeirão Preto / SP –<br />
Informações: (16) 8151 9894.<br />
5 - Teatro para Adultos -<br />
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Informações: (16) 8151 9894.<br />
7 – Curso de Florais de Bach<br />
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Informações: (16) 3621 8407 /<br />
3621 9225 / 3021 5490 / 9992<br />
3408.<br />
7 – Seminário de Reiki –<br />
Ribeirão Preto / SP –<br />
Informações: (16) 3630 2236 /<br />
9782 4150.<br />
14 e 15 – Curso – Noções<br />
Básica de Alimentação<br />
Natural, Culinária,<br />
Combinação de Alimentos e<br />
Reaproveitamento de<br />
Alimentos – Ribeirão Preto /<br />
SP – Informações: (16) 3636<br />
5642 / 3610 7230.<br />
20 – Cerimônia do Equinócio<br />
– Ribeirão Preto / SP –<br />
Informações: (16) 9962 5178.<br />
21 – Curso de Xamanismo<br />
Básico – Ribeirão Preto / SP<br />
– Informações: (16) 9962<br />
5178.<br />
Ribeirão Preto - SP - março/2009<br />
Capa<br />
Imagens capa - Google<br />
Texto: Mulheres que fizeram história no Brasil<br />
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José Roberto Ruiz - MTb 36.952<br />
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3<br />
É uma patologia que ocorre<br />
quando os músculos da região<br />
do períneo (região posterior que<br />
circunda o ânus) sofrem alterações,<br />
e suas fibras se rompem<br />
e perdem a tonicidade perdendo<br />
a capacidade de sustentação da<br />
parede retal, fazendo com que<br />
haja uma distensão persistente,<br />
formando uma saculação ao<br />
redor do ânus.<br />
Várias estruturas poderão se<br />
adentrar nessa saculação, vindo<br />
a comprimir o reto e dificultar a<br />
defecação; essas estruturas<br />
podem incluir gordura retroperitonial,<br />
vesícula urinária<br />
(bexiga), fluido seroso, desvio ou<br />
dilatação do reto formando um<br />
divertículo retal ou ainda alças<br />
do intestino delgado. Os órgãos<br />
envolvidos, poderão sofrer<br />
Hérnia Perineal<br />
estrangulamento e causar<br />
obstrução, podendo comprometer<br />
a vida do animal.<br />
As causas podem ser desde<br />
distúrbios hormonais a defeitos<br />
congênitos ou adquiridos na<br />
formação dos músculos da<br />
região perianal.<br />
A herniação poderá ser uni<br />
ou bilateral sendo que as<br />
unilaterais são as de maior<br />
ocorrência.<br />
Existem algumas raças com<br />
maior predisposição à doença<br />
como Boxer, Boston Terrier,<br />
Collie, Pequinês, mas as raças<br />
não definidas são as que mais<br />
sofrem a ocorrência.<br />
Quanto à espécie, a canina<br />
é a mais comum e a felina é mais<br />
rara. É mais freqüente em cães<br />
machos, não castrados e a partir<br />
de 5 anos de idade.<br />
Os sinais clínicos incluem<br />
desde aumento de volume<br />
perianal, a constipação (prisão<br />
de ventre), com esforço para<br />
defecação sem êxito, prolapso<br />
retal (exteriorização do reto),<br />
dificuldade para urinar, vômitos,<br />
flatulência e incontinência fecal.<br />
Na rotina da clinica veterinária<br />
eventualmente podem<br />
ocorrer atendimentos de emergência<br />
com pacientes apre-<br />
sentando hérnias perineais com<br />
comprometimento de bexiga<br />
urinária aprisionada ou estrangulamento<br />
de alça intestinal. O<br />
diagnóstico é baseado nos<br />
achados clínicos, como o<br />
aumento de volume na região do<br />
períneo, que poderá ser uni ou<br />
bilateral e o prognóstico vai<br />
depender do grau de comprometimento<br />
do processo, bem<br />
como do tempo de sua duração.<br />
A resolução cirúrgica é<br />
recomendada (herniorrafia), e<br />
consiste na reposição das<br />
estruturas para dentro da<br />
cavidade abdominal, com o<br />
fechamento do anel herniário<br />
através de suturas dos músculos<br />
envolvidos ou ainda com a<br />
utilização de membranas biológicas<br />
(ex. pericárdio de<br />
bovinos).<br />
A recorrência herniária ou a<br />
ocorrência da herniação contralateral<br />
poderão ser minimizadas<br />
através da prevenção com a<br />
castração precoce dos machos.<br />
Dr. Mussi A. de Lacerda<br />
Médico Veterinário -<br />
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4<br />
1 - Vamos supor texto escrito ou<br />
pensado por uma pessoa portuguesa,<br />
chegando a um shopping<br />
center.<br />
For sale! Fitness, 50% off!<br />
Aqui: Pizza delivery!<br />
Que gira! As montras, aqui, no<br />
Centro Comercial, agora estão<br />
escritas em inglês, até parece o<br />
Brasil.<br />
Que falta faz a máquina, pois<br />
tive de vir de autocarro. Vou à casa<br />
de banhos, primeiro. Ih! o autoclismo<br />
está com defeito.<br />
Agora vou tomar uma bica,<br />
melhor, um galão, ou um carioca,<br />
com uma tosta.<br />
E vamos às compras, preciso de<br />
retrosaria, uma blusa, uma mala,verniz<br />
para as unhas, socos,<br />
bandas desenhadas para os miúdos<br />
e...ah! um esguicho novo, tabaco e<br />
peúgas de desporto.<br />
Uf ! Cansei, pois. Vou pôr tudo<br />
no bengaleiro para almoçar no<br />
snack-bar do piso acima. Não tem<br />
Peregrino das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
A reforma da Língua Portuguesa<br />
ementa, então vai um bitoque<br />
mesmo, um sumo de ananás bem<br />
fresco e uma tarte de nozes, que<br />
sabe bem. Isso todos têm.<br />
E cá estou a me lembrar de que<br />
tenho de passar na charcutaria que<br />
fica ao pé do ponto de autocarro.<br />
Bem que poderia haver um metro<br />
por aqui.<br />
Tomo um café de saco para<br />
terminar e vou à bicha para pagar a<br />
conta.<br />
2 - “Traduzindo” para o português<br />
do Brasil:<br />
(O que está em inglês fica do<br />
mesmo jeito, todos os brasileiros<br />
que frequentam os shoppings<br />
entendem inglês, não é mesmo?)<br />
Que graça! As vitrinas, aqui no<br />
Shopping Center, agora estão<br />
escritas em inglês, até parece o<br />
Brasil.<br />
Que falta faz o carro, pois tive<br />
de vir de ônibus. Vou ao banheiro,<br />
primeiro. Ih! a descarga está com<br />
defeito.<br />
Agora vou tomar um café<br />
expresso, melhor, um copo de leite<br />
com café, ou um café fraco, com um<br />
sanduíche quente.<br />
Vamos às compras. Preciso de<br />
armarinhos, uma camisola, uma<br />
bolsa, esmalte, tamancos, histórias<br />
em quadrinhos para as crianças e...<br />
ah! um chuveiro novo, cigarros e<br />
meias masculinas para esporte.<br />
Uf! Cansei, pois. Vou pôr tudo<br />
no guarda-volumes, para almoçar<br />
na lanchonete (oba!, olha o inglês<br />
aí: snack-bar) do andar de cima.<br />
Não tem cardápio, então vai bife,<br />
ovo frito e batata mesmo, um suco<br />
de abacaxi bem gelado e uma torta<br />
de nozes, que é bem gostosa. Isso<br />
todos têm.<br />
Estou lembrando que tenho de<br />
passar na salsicharia, quando for<br />
pegar o ônibus. Bem que poderia<br />
haver metrô aqui.<br />
Tomo um café de coador para<br />
terminar e vou para a fila para pagar<br />
a conta.<br />
Muitos textos poderiam ser<br />
escritos para mostrar que nunca<br />
vão ser iguais as línguas de<br />
Portugal e do Brasil. Também não<br />
são iguais o espanhol da Espanha<br />
e das Américas do Sul e Central, o<br />
inglês da Inglaterra e dos Estados<br />
Unidos, para ficar só nesses<br />
exemplos. Mesmo no Brasil, cada<br />
região tem seu falar característico,<br />
linguagem, vocabulário, sotaque...<br />
Para que, então, uma<br />
reforma agora, que vai trazer<br />
desperdícios, despesas e tantas<br />
inconveniências, gastos desnecessários<br />
numa época de crise e<br />
de economias até de papel... Sei<br />
que não adianta protestar, mas<br />
protesto mesmo assim e desconfio<br />
das verdadeiras razões dessa<br />
reforma, uma vez que Portugal<br />
mesmo não apoiava e poucas<br />
nações aderiram. Não bastava,<br />
então, tirar apenas o trema? Isso<br />
até que seria útil, pois a maioria<br />
dos brasileiros já não usava.<br />
Nilva Mariani<br />
Ribeirão Preto - SP - março/2009<br />
Guia prático da nova Ortografia<br />
(continuação da edição anterior)<br />
Douglas Tufano<br />
Professor e autor de livros didáticos de língua portuguesa<br />
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).<br />
Como era<br />
Abençôo<br />
crêem (verbo crer)<br />
dêem (verbo dar)<br />
dôo (verbo doar)<br />
enjôo<br />
lêem (verbo ler)<br />
magôo (verbo magoar)<br />
perdôo (verbo perdoar)<br />
povôo (verbo povoar)<br />
vêem (verbo ver)<br />
vôos<br />
zôo<br />
Continua na próxima edição.<br />
Como fica<br />
abençoo<br />
creem<br />
deem<br />
doo<br />
enjoo<br />
leem<br />
magoo<br />
perdoo<br />
povoo<br />
veem<br />
voos<br />
zoo<br />
4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/<br />
pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.<br />
Como era<br />
Ele pára o carro.<br />
Ele foi ao pólo Norte.<br />
Ele gosta de jogar pólo.<br />
Esse gato tem pêlos brancos.<br />
Comi uma pêra.<br />
Como fica<br />
Ele para o carro.<br />
Ele foi ao polo Norte.<br />
Ele gosta de jogar polo.<br />
Esse gato tem pelos brancos.<br />
Comi uma pera.<br />
Atenção:<br />
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado<br />
do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular.<br />
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular. Exemplo:<br />
Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.<br />
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.<br />
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.<br />
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos<br />
ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir,<br />
intervir, advir etc.). Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.<br />
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.<br />
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.<br />
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.<br />
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.<br />
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.<br />
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras<br />
forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja<br />
este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?<br />
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele)<br />
argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.<br />
6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e<br />
quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir<br />
etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente<br />
do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja:<br />
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser<br />
acentuadas. Exemplos:<br />
• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues,<br />
enxáguem.<br />
• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua,<br />
delínquas, delínquam.<br />
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser<br />
acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser<br />
pronunciada mais fortemente que as outras):<br />
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues,<br />
enxaguem.<br />
• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua,<br />
delinquas, delinquam.<br />
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e<br />
i tônicos.
Peregrino<br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - março/2009 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
5<br />
Erótico ou pornográfico?<br />
Tanto faz!<br />
Ao indagar sobre a diferença entre erotismo e pornografia pareceu a<br />
primeira vista que é apenas uma questão de intensidade. Erotismo seria<br />
algo assim, mais delicado, velado, encoberto, uma versão hipócrita do<br />
amor sexual e de suas nuanças. Pornografia seria a revelação explícita,<br />
versão chula e escrachada das ações que o desejo sexual pode provocar.<br />
Não se pode negar que ambos dizem respeito aos prazeres do sexo, à<br />
sensualidade, à volúpia. Referem-se às sensações essas danadas das<br />
quais não podemos nos safar. Mas não estão tão longe um do outro.<br />
Erótico remete ao Deus Eros que é considerado o Deus do Amor.<br />
Filho de Afrodite, em algumas versões, aquela Deusa nada contida em<br />
sua sexualidade ou segundo o estudo da Teogonia - origem dos Deuses<br />
-, uma força avassaladora que leva ao acasalamento, Eros é responsável pela perpetuação da espécie. O erótico<br />
começa em favor da vida, sem este impulso provavelmente não teríamos chegado até aqui, haveria carência da<br />
união masculino e feminino para formar novas gentes, novos povos.<br />
Então esse tal de Eros é apenas um impulso? Sim, em princípio é. A última coisa com a qual ele se preocupa<br />
é com o Amor pelo menos no sentido de algo que nos preenche e que vai além da realização de nossos desejos<br />
e do que clamam nossos sentidos. Tanto é verdade que mesmo o anjinho alado, gordinho e fofo, uma das<br />
representações de Eros, quando nos lança flechas fere nosso coração e nosso fígado. Aleatoriamente. A seu<br />
bel prazer. Dane-se que não saibamos lidar com o objeto de nossa paixão. Dane-se que o objeto escolhido não<br />
esteja nem aí pra gente. Vire-se, diz Eros. Ele fere e vai-se embora com sua face rubicunda e aparentemente<br />
ingênua, esboçando um sorrisinho de quem cumpriu sua tarefa.<br />
Ficamos ali, muitas vezes, estupefatos, sem saber se damos conta da paixão. A despeito disso Eros vem<br />
brincando conosco desde sempre. Ele atinge os órgãos genitais, mas não atinge o coração. Haverá um momento<br />
em que sentimos falta disso. Precisamos de mais. Falta algo, algo capenga. Podemos nos refugiar nas fantasias,<br />
podemos ter medo delas e é aí que surge, a meu ver a Pornografia. Vem explícita, vem descarada. Traz imagens<br />
obscenas e estranhas. Pode levar a comportamentos destrutivos, pode apenas macular algo dentro de nós. De<br />
qualquer modo está a serviço de uma mudança. Pode ser Caos, mas não nos esqueçamos de que Caos é também<br />
mudança. Separa para criar. De uma forma dolorosa que serve ao mesmo intuito.<br />
Queremos algo que atinja nosso coração. Este é outro momento. É corpo e olhos. É mergulho no outro via<br />
olhar. É descoberta de algo fantástico: eu sou o outro, o outro sou eu. Duas essências que se tocam. Duas<br />
energias a serviço do AMOR, aquele que vai levar à compaixão e a níveis mais elevados de entendimento.<br />
O caminho pode ser longo, tortuoso, pedregoso. E passamos por Eros. E Eros evolui conosco. E passamos<br />
muitas vezes por Pornéia que nos sorri com seu jeito debochado. Não importa, queremos chegar à plenitude.<br />
Cairemos, levantaremos. Um dia vamos aprender a lidar com isso.<br />
Ocorre-me que Deus seja qual for a sua manifestação é o Grande Prestidigitador. Coloca-nos em contato<br />
com a tentação, e com o desejo. Com o Bem e com o Mal. Coloca-nos em um mundo de ilusões. Seu objetivo,<br />
porém não é o de que fiquemos iludidos para sempre. Ele nos dotou da capacidade de encontrar respostas<br />
dentro de nós mesmos e sabe que vamos vencer: um dia. Não importa quanto tempo leve. Bom é saber que<br />
somos capazes. Não somos seres pecadores, somos seres de crescimento e de experiência à espera da Graça<br />
que, certamente virá.<br />
Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz<br />
Terapeuta Corporal e Practitioner em Florais de Bach<br />
Tel.: (16) 3621 8407 / 3621 9225<br />
marizahrfruiz@jperegrino.com.br<br />
www.alumiar.com<br />
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falecom@jperegrino.com.br<br />
(16)<br />
3621 9225<br />
9992 3408
6<br />
Verão vivo<br />
O sol forte bronzeou a juventude<br />
na areia alheia ao mundo rude<br />
O mar tentou curar corpos idosos,<br />
donos de olhares ainda esperançosos<br />
A “gata” acha que todos olharam<br />
as suas curvas de beleza ideal<br />
O “gato” tem certeza que inventaram<br />
a musculação que o torna imortal<br />
Plúmbeas nuvens surgiram para a elite,<br />
indignada no seu veraneio<br />
pela excursão do farofeiro<br />
Não perceberam no verão vivo, de alma nua,<br />
que o céu chorou: água da casa de pau-a-pique<br />
e chorou o céu, p’ra banhar as crianças de rua<br />
Do livro FLORESCER - poesias e reflexões<br />
Cléo Reis<br />
ALARP - Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto / CPERP -<br />
Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto / UEI<br />
Peregrino das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
Jesus e os índios<br />
da Amazônia<br />
Penso que a campanha pró-<br />
Amazônia bem poderia incorporar<br />
mensagens de Jesus à humanidade. Que<br />
mais apropriado pregar aos habitantes<br />
civilizados da Amazônia, em<br />
condenação à devastação florestal que<br />
andam praticando, em detrimento dos<br />
silvícolas, que estas suas mensagens:<br />
“Por isso eu lhes digo: não se<br />
preocupem com a vida, quanto ao<br />
que vocês vão comer, nem com o<br />
corpo, quanto ao que vão vestir. Não<br />
será a vida mais que alimento, e o<br />
corpo mais que vestuário?<br />
Vejam os corvos. Eles não<br />
semeiam nem colhem, não têm<br />
celeiro nem depósito, e mesmo<br />
assim Deus os alimenta. Não<br />
valerão vocês mais do que os<br />
pássaros? Qual de vocês, com sua<br />
preocupação, pode acrescentar um<br />
único dia à própria vida? E por que<br />
se preocuparem tanto com as<br />
roupas? Vejam como crescem os<br />
lírios. Eles não trabalham nem<br />
fiam. No entanto, nem Salomão em<br />
todo o seu esplendor foi tão<br />
magnificente. Se Deus deu roupas<br />
tão lindas à relva, que hoje viceja<br />
nos campos e amanhã será atirada<br />
ao fogo, como não daria de vestir a<br />
vocês, seus descrentes?<br />
Então não se preocupem,<br />
perguntando-se: ‘O que vamos<br />
comer?’ ou ‘O que vamos vestir?’<br />
Todo mundo faz isso, e seu pai sabe<br />
que vocês precisam de alimentação<br />
e vestuário.<br />
Em vez de se preocuparem,<br />
certifiquem-se de que estão sob o<br />
domínio de Deus, e tudo isso lhes<br />
será acrescentado.”<br />
Acaso os índios não praticam o que<br />
Jesus prega? Vivem felizes, só<br />
preocupados com o dia a dia, porque<br />
sabem que o Pai celestial vela por eles.<br />
Têm na floresta tudo aquilo de que<br />
necessitam. O trabalho é mais o de<br />
caçar, pescar e coletar, sem predação.<br />
E vivem como irmãos, na mais perfeita<br />
igualdade.<br />
Aí chega o civilizado, destrói toda a<br />
reserva natural planejada para sustentar<br />
o homem. Derruba a mata e planta para<br />
vender e lucrar. Mais uma vez é muito<br />
adequada uma mensagem de Jesus:<br />
“Então ele contou a todos uma<br />
parábola dizendo: “A terra de um<br />
homem rico tinha produzido em<br />
abundância, e ele pensou consigo<br />
mesmo: ‘E agora, o que vou fazer?<br />
Não tenho onde guardar a colheita.’<br />
Em seguida, ele disse: ‘Já sei. Vou<br />
demolir meus celeiros e construir<br />
outros, maiores, onde poderei<br />
guardar meus grãos e bens. E vou<br />
dizer a minha alma: Alma, você tem<br />
bens em estoque para muitos anos;<br />
relaxe, beba, coma e seja feliz.’ Mas<br />
disse Deus a ele: ‘Insensato! Esta<br />
noite mesmo você terá a alma<br />
reclamada; e tudo o que você<br />
produziu a quem pertencerá?’ Isso<br />
é o que acontece com quem acumula<br />
tesouros para si próprio sem se<br />
tornar rico diante de Deus.”<br />
(Essas mensagens evangélicas, eu as<br />
tirei do livro “O Evangelho Perdido”,<br />
de Burton L. Mack)<br />
Ernani Valter Ribeiro<br />
Várias culturas elegem<br />
momentos especiais, durante a<br />
estação da colheita ou no final do<br />
ano, para expressarem gratidão. O<br />
festival Judeu de Sukkot no<br />
outono, e a colheita de ação de<br />
graças observada em várias igrejas<br />
Cristãs, são exemplos. O Budismo<br />
considera a gratidão como uma<br />
marca da humanidade o que<br />
significa que tudo e todos neste<br />
mundo estão conectados, e a<br />
“mutualidade” de nosso ambiente<br />
significa que não existe ninguém e<br />
nada que não mereça nossa<br />
gratidão. O Hinduísmo reconhece<br />
o interrelacionamento entre a lei do<br />
carma e a gratidão, e o mês sagrado<br />
do Ramadã do Mulçumano tem por<br />
objetivo cultivá-la. Numerosas<br />
tradições culturais através do<br />
mundo fixam datas anuais para a<br />
expressão coletiva de gratidão –<br />
para doação à terra e para as<br />
bênçãos da vida propriamente dita.<br />
Expressar gratidão não é<br />
apenas um gesto gentil; conecta<br />
as pessoas a um padrão de fluxo<br />
de energia governada por leis<br />
espirituais. Os escritos de Alice<br />
Bailey descrevem gratidão como<br />
um “agente básico de liberação”,<br />
que sugere que alguma coisa é<br />
resgatada para uso da alma quando<br />
a gratidão é expressa. Ser grato é<br />
olhar além de alguém em<br />
reconhecimento do poder<br />
sustentador da relação, não<br />
somente com as “almas gêmeas”,<br />
mas com recursos de ajuda e<br />
socorro que são frequentemente<br />
invisíveis. Desta maneira a gratidão<br />
liberta alguém da prisão caseira do<br />
isolamento, do orgulho, da<br />
inferioridade, do ciúme e do<br />
ressentimento.<br />
Expressar gratidão inicia um<br />
processo científico, porque a<br />
Ribeirão Preto - SP - março/2009<br />
Gratidão:<br />
A marca de uma alma iluminada<br />
Triangle Bulletin – nº 166 – December 2008<br />
gratidão é um agente purificador<br />
que manda embora velhos assuntos,<br />
liberta qualquer tendência<br />
de cristalização, e conduz a novas<br />
energias mobilizadoras. Interessante<br />
é que gratidão está diretamente<br />
ligada à lealdade. Em um<br />
primeiro momento isto pode<br />
surpreender, mas expressar<br />
gratidão é reconhecer as contribuições<br />
daqueles maiores do que<br />
nós e sentir admiração e alegria por<br />
suas realizações. Ao responder com<br />
gratidão nós nos alinhamos com<br />
as mesmas forças e energias que<br />
nos socorreram. Assim procedendo<br />
entramos em uma corrente<br />
de energia que é circular, em efeito,<br />
e relacionada com o carma. Isto é<br />
porque nos foi contado que os<br />
Grandes não necessitam de nossa<br />
gratidão, mas que nós devemos<br />
senti-la por sua ajuda.<br />
Cada servidor junta-se a um<br />
campo de energia criado por<br />
outros servidores, adicionando sua<br />
pequena e própria parte ao esforço<br />
de um grupo grande o suficiente<br />
para que qualquer um indivi-dualmente<br />
receba sua contribuição. No<br />
serviço compartilhado o trabalho<br />
de cada servidor é exponencialmente<br />
aumentado. A rede de<br />
Triângulos é um tipo de exemplo,<br />
criada pelo esforço de incontáveis<br />
trabalhadores desconhecidos para<br />
nós que vem funcionando há<br />
muitos anos. Diariamente nós<br />
podemos lembrar a dedicação de<br />
nossos amigos trabalhadores e de<br />
todos os servidores que contribuem<br />
para o bem maior. Diariamente<br />
podemos dizer, “Eu afirmo<br />
gratidão para todos portadores da<br />
Luz”.<br />
(Tradução livre de José Roberto<br />
Ruiz e Mariza Helena Ribeiro Facci<br />
Ruiz)<br />
Nota: Triângulos é uma atividade<br />
de serviço mundial através da qual<br />
pessoas se unem por meio do<br />
pensamento em grupos de três para<br />
criar uma rede planetária de<br />
triângulos de luz e boa vontade.<br />
Usando uma oração mundial, a<br />
Grande Invocação, eles invocam a<br />
luz e o amor como um serviço à<br />
humanidade. Informações adicionais<br />
podem ser obtidas em:<br />
www.triangles.org.
Peregrino<br />
das Letras<br />
Ribeirão Preto - SP - março/2009 Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
7<br />
Técnicas e Práticas Construtivas<br />
para Edificações – Julio Salgado<br />
Estudantes, técnicos e profissionais<br />
da área de construção civil<br />
encontram no livro conceitos<br />
básicos e as principais técnicas<br />
para edificação, desde a concepção<br />
da obra por parte do cliente até sua<br />
entrega. Trata-se de um auxílio<br />
significativo para as tarefas do diaa-dia.<br />
Descreve as etapas de<br />
conhecimento e exploração de<br />
áreas para implantação de obras.<br />
Assuntos como impermeabilização,<br />
piso, pavimentação,<br />
instalações elétricas, etc..., são<br />
tratados com clareza. As explicações<br />
são objetivas e abrangem,<br />
além de práticas construtivas,<br />
medidas de proteção e diferenciais<br />
que propiciam uma obra executada<br />
de forma consciente e com<br />
qualidade.<br />
Editora Érica Ltda.<br />
Tel.: (11) 2295 3066 – Fax: (11) 6197<br />
4060<br />
www.editoraerica.com.br<br />
DOAÇÃO DOAÇÃO DE DE LIVROS<br />
LIVROS<br />
Prezados Leitores<br />
Efetuamos no mês de fevereiro a doação de 87 livros<br />
para a Biblioteca Altino Arantes.<br />
Agradecemos às Editoras Iátria, Érica e Madras pelos<br />
livros enviados, aos Escritores independentes e aos<br />
nossos leitores que participaram com o envio de alguns<br />
exemplares de suas bibliotecas particulares.<br />
A Primeira Guerra Mundial – Jesús<br />
Hernández<br />
Em 28 de junho de 1914, o assassinato<br />
do arquiduque Francisco Fernando, da<br />
Áustria, provocou uma série de<br />
despropósitos diplomáticos que<br />
desencadearam um conflito bélico sem<br />
precedentes. Uma disputa crucial para se<br />
entender o século XX, as origens do<br />
Nazismo, a Rússia Soviética, os conflitos<br />
do Oriente Médio e a consolidação dos<br />
Estados Unidos como potência mundial.<br />
Não é possível compreender o agitado<br />
século XX sem conhecer a Primeira<br />
Guerra Mundial. No entanto, o conflito de 1914 a 1918 permanece<br />
ofuscado pela atenção centrada na Segunda Guerra Mundial. Conheça<br />
as terríveis batalhas de desgaste de Verdun e do Somme, em 1916.<br />
Grupo Editorial Madras<br />
Tel.: (11) 6959 1127 – Fax: (11) 6959 3090<br />
www.madras.com.br<br />
LEIA LIVROS<br />
ORTOGRAFIA: Novo Acordo Ortográfico<br />
da Língua Portuguesa - Carolina<br />
Tomasi e João Bosco Medeiros<br />
Este livro apresenta, além do Novo<br />
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,<br />
outras modificações que constituem<br />
a história da nossa ortografia. O Novo<br />
Acordo contém regras de acentuação e<br />
de hífen, conjugação verbal, queda do<br />
trema e outras convenções de menor<br />
repercussão no uso da língua escrita.<br />
Livraria Atlas Ribeirão<br />
Tel.: (16) 3977 6070<br />
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LER LER F FFAZ<br />
F AZ BEM BEM À À ALMA<br />
ALMA
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Peregrino<br />
das Letras<br />
Informação, Cultura e Livre Expressão<br />
PURGATÓRIO<br />
Ribeirão Preto - SP - março/2009<br />
Se para a crítica argentina Ana Amado 1 O Pântano<br />
(La Ciénaga, 2001), primeiro longa de Lucrecia<br />
Martel, era pautado pela filosofia de Simone Weil de<br />
A Gravidade e a Graça, no filme seguinte a diretora<br />
parece ensaiar o movimento parecido mas inverso.<br />
Em A Menina Santa (La Niña Santa, 2004), ao invés<br />
da força que imanta os corpos contra o chão, temos<br />
a ascese enquanto projeto dos personagens, seja por<br />
vocação religiosa, seja pela sublimação do desejo.<br />
Num hotel, homens e mulheres se reúnem: elas<br />
são as responsáveis pelo estabelecimento e estão<br />
acompanhadas de suas filhas adolescentes. Eles estão<br />
hospedados no hotel por razão de um congresso de<br />
medicina. Ainda que as filhas do grupo feminino<br />
pretendam uma vocação religiosa, pesa o fato de serem<br />
adolescentes, contribuindo para que algumas investigações teológicas sejam realizadas à luz do sexo. Por outro lado, entre<br />
os congressistas há aqueles que arriscam a própria vocação pelo desejo de se envolver com algumas das adolescentes.<br />
Ainda que o relacionamento entre homens mais velhos e quase garotas seja insinuado pelo filme, ele nunca aparece de<br />
corpo inteiro. O tema surge fora de quadro, em notícias que pairam no hotel, mas sobretudo no assédio que o médico<br />
comete contra uma das garotas aspirante a religiosa. Esse assédio, porém, não encontra maiores conseqüências físicas para<br />
ambos, mas prevalece a carga de culpa. Antes de impor um drama físico, o filme nos conduz a um drama menos material,<br />
mais psicológico: a culpa por esse pequeno pecado e a idéia, não sem conflito, de que para não se perder é preciso sublimar<br />
o desejo.<br />
Há no filme um desejo de desmaterialização que “imanta” os personagens, como se fosse possível desligar-se do<br />
próprio corpo. Nesse sentido é exemplar a música que soa de um instrumento sem corpo, o thereminvox. Os personagens<br />
dão mostras dessa vontade, mas penso que a desmaterialização se efetua principalmente no espaço. A narrativa do núcleo<br />
proto-familiar (mulher, filha e médico que a assedia ) se concentra em um só lugar, o qual, curiosamente, é apresentado sem<br />
precisões geográficas. Não vemos a frente do hotel, não sabemos localizá-lo na rua – sabemos apenas que ele está em algum<br />
lugar na mesma rua onde se dá o assédio. O espaço não parece localizável e, da mesma forma, é fácil se perder por ele, sem<br />
saber ao certo de que lado estamos, o que é em cima e o que é em baixo, de onde vêm os sons. Por sinal, é notável o trabalho<br />
de som no filme, permitindo a construção de eventos variados através de um recurso que se propaga pelo ar.<br />
A única maneira vislumbrada pelo filme de conciliar essa duas marcas contrárias, desejo e sublimação, é deixar os<br />
personagens em suspense, quer dizer: seus corpos (por demais concretos) e seus trajetos em suspense. Como síntese, o<br />
fim do filme estabelece as duas adolescentes religiosas com seus corpos flutuando na piscina, o que é feito não com esforço<br />
mas com graça. A resolução do assédio, que aguardamos ao longo do filme, deverá ser estendida, permanecendo ela também<br />
em suspenso. Por fim, creio que o suspense enquanto gênero dá colorido a certos momentos do filme; se em O Pântano<br />
havia suspense, em A Menina Santa ele se repete à beira da estrada, na morte próxima vinda de um caminhão que não se vê<br />
chegar.<br />
Se o pântano é pegajoso e prende os banhistas em sua consistência espessa, dessa vez a metáfora da piscina permite<br />
aos personagens desprender-se dessa condição, ainda que provisoriamente.<br />
1 AMADO, Ana. “Cine argentino, cuando todo es márgen”, in: El Ojo que Piensa, n. 00. Endereço da Internet:<br />
http://www.elojoquepiensa.udg.mx/espanol/numero00/veryana/06_cineargentino.html<br />
André Pires Bomfim