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VIDA SÓ VALE SE FOR POR PRAZER - GRES Beija-Flor de Nilópolis

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samente <strong>de</strong>dicada ao samba e ao carnaval. “Dediquei<br />

minha vida ao samba em uma época em que<br />

não se podia viver <strong>de</strong>centemente <strong>de</strong>le. As dificulda<strong>de</strong>s<br />

eram muitas... Eu era moleque, não bandido.<br />

Podia ter me <strong>de</strong>sviado e não me <strong>de</strong>sviei. Muitos<br />

que foram criados comigo no Morro do Salgueiro<br />

acabaram caindo no mundo do crime. Eu tinha preferência<br />

por duas coisas: Samba e Futebol. Eu jogava<br />

bem – tanto que eu fiz parte do time juvenil do<br />

Vasco e do São Cristóvão. Mas eu tive que optar<br />

entre o samba e o futebol, porque o samba me obrigava<br />

ficar acordado até <strong>de</strong> manhã. Não tinha como<br />

eu ir treinar... Eu chegava ao treino muito cansado.<br />

Eu tive que optar e optei pelo samba. No samba<br />

e no carnaval eu sempre buscava, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> moleque,<br />

saber <strong>de</strong> tudo, enten<strong>de</strong>r tudo, fazer tudo. Sempre<br />

observava para apren<strong>de</strong>r. Nessa época <strong>de</strong> garoto,<br />

eu tocava todos os instrumentos <strong>de</strong> percussão. Fui<br />

mestre-sala, fui compositor, cantor... Eu tenho uma<br />

trajetória sólida, eu não entrei pela janela. Foi essa<br />

a minha opção <strong>de</strong> vida.”<br />

Uma opção que o obrigava a viver com restrições.<br />

Acusado <strong>de</strong> vagabundo por familiares por ter optado<br />

pelo samba, não faltaram críticas e conselhos<br />

para Laíla procurar um emprego, seja em uma obra<br />

ou em qualquer outra coisa. Eram tempos difíceis<br />

para quem estava pre<strong>de</strong>stinado a realizar uma<br />

gran<strong>de</strong> missão transformadora no carnaval do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. ”Eu passava dificulda<strong>de</strong>s, mas sempre<br />

me mantinha na minha. Eu persisti no samba.”<br />

Nesses momentos difíceis, muitas vezes <strong>de</strong>sempregado,<br />

sem abandonar o samba – que corria solto<br />

nas suas veias –, Laíla trabalhou nas mais diversas<br />

ativida<strong>de</strong>s. Ele foi faxineiro, trabalhou como pintor,<br />

como lixeiro, tudo para ganhar seu próprio dinheiro,<br />

que o samba não lhe dava. “Depois que eu constituí<br />

família, ela sofreu junto comigo todas essas<br />

privações. Eu era o Laíla do Salgueiro... e duro.<br />

Não tinha dinheiro para comprar leite para os meus<br />

filhos, nem pão... E minha família dividia isso comigo:<br />

minha esposa Marli e meus filhos Luís Cláudio e<br />

Denise dividiram essas dificulda<strong>de</strong>s comigo... Mas<br />

eu nunca <strong>de</strong>sisti. E encontrei na minha família muita<br />

força para persistir, correr atrás e chegar on<strong>de</strong><br />

chequei. Hoje, Marli, Luís Cláudio e Denise, e meus<br />

três netos Amanda, Carol e Luís Antônio são a minha<br />

fortaleza. A Marli eu conheci na escola <strong>de</strong> samba<br />

mirim que eu fiz. Comecei a namorar ela com<br />

“Laíla tem o samba na alma, nos pés e na cabeça<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> moleque no Morro<br />

do Salgueiro. Her<strong>de</strong>iro direto da sabedoria e<br />

da paixão carnavalesca <strong>de</strong> Fernando Pamplona<br />

e Arlindo Rodrigues, ele fez da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong><br />

sua morada espiritual e lúdica. Exercendo a<br />

li<strong>de</strong>rança com firmeza e <strong>de</strong>terminação, criou<br />

os fatores que ajudaram a formar a história<br />

do orgulho da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Nilópolis</strong>, estado<br />

<strong>de</strong> alegria, cuja capital é a <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong>.”<br />

Haroldo Costa<br />

15 anos. Ela tinha 11 anos e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquela época a<br />

Marli sempre esteve comigo em todos esses momentos<br />

<strong>de</strong> dureza. Ela é uma mulher forte que eu<br />

admiro muito.”<br />

O fato é que Laíla persistiu e hoje é reconhecido<br />

pelo seu trabalho, pelo que realizou em favor do<br />

carnaval carioca.<br />

O mundo do samba e do carnaval – e o gran<strong>de</strong><br />

público na avenida e nos lares ao redor do mundo<br />

– agra<strong>de</strong>cem felizes ao Laíla – o comandante do<br />

carnaval – os serviços prestados em favor da arte,<br />

do samba e da cultura brasileira.<br />

Valeu Laíla!<br />

Revista <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> <strong>de</strong> <strong>Nilópolis</strong> www.beija-flor.com.br

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