ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...
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entrevista<br />
expediente sumário editorial entrevista artigos reflexão do história resenhas<br />
estudante<br />
um telefonema de um advogado que não me conhecia e falou:<br />
“Olha Dr., o Sr. chegou aqui recentemente. O Sr. não me<br />
conhece; eu não preciso de cliente da sua comarca – eu não<br />
sou rico, mas não preciso – e eu queria te cumprimentar”.<br />
Isso porque eu tinha concedido um habeas corpus para umas<br />
prostitutas e o delegado deu 24 horas para elas desaparecessem<br />
da cidade. Tudo isso porque o delegado tinha uma amante e<br />
pegou a amante com outro sujeito. Ele então deu 24 horas para<br />
elas desaparecessem da cidade. Eu concedi o HC.<br />
A.S.F.<br />
– Mas, Ranulfo, voltando outra vez, você decidiu ser juiz e<br />
estudou esse tempo todo em Dracena, e passou. Você se lembra<br />
dos que foram seus companheiros de concurso?<br />
Ranulfo<br />
– Concurso de juiz é uma coisa característica mesmo, porque<br />
com esse negócio da minha ortografia – eu falei aqui do rejeito<br />
com “g” – eu sentei-me e pedi um dicionário. A banca se<br />
entreolhou.<br />
D.A.D.C.J.<br />
– Isso aqui no Tribunal de Justiça?<br />
Ranulfo<br />
– É. Mas como vocês conhecem, eu tenho certa síntese.<br />
Houve colegas que escreveram 20 páginas e tal; fizeram até<br />
provas melhores do que a minha, mas a minha deu pra passar.<br />
Mas o fato é que eu escrevi três páginas e meia; aí eu ouvi<br />
os comentários “Pra escrever tanto ele não precisava de um<br />
dicionário” (risos).<br />
D.A.D.C.J.<br />
– Bom, mas, enfim, passou!<br />
Ranulfo<br />
– Passei. Fui juiz titular em José Bonifácio, mas antes em<br />
Getulina. Eu estava com muita dificuldade para julgar, porque,<br />
na área criminal, eu via só gente pobre presa. E, na cível, eu via<br />
nos despejos, geralmente aqueles contratos que eram de adesão.<br />
Estava muito chocado com tudo aquilo, pois tinha noções de<br />
Ciências Humanas. Quando eu soube que em Rio Claro havia<br />
uma Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais muito boa e que<br />
tinha muito prestígio na época, me inscrevi.<br />
D.A.D.C.J.<br />
– Mas você foi juiz em José Bonifácio quanto tempo?<br />
Ranulfo<br />
– Em José Bonifácio eu fui uns 2 ou 3 anos, tenho a impressão.<br />
D.A.D.C.J.<br />
– E foi lá que você conheceu o tio do Jamil, não foi?<br />
Ranulfo<br />
– Foi, o tio do Jamil.<br />
D.A.D.C.J.<br />
Revista Liberdades - nº 11 - setembro/dezembro de 2012 I Publicação Oficial do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais