28.04.2013 Views

ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...

ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...

ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

entrevista<br />

expediente sumário editorial entrevista artigos reflexão do história resenhas<br />

estudante<br />

“Vossa Excelência, se eu fosse você eu pediria adiamento do<br />

julgamento e tal”. E eu falava: “Não. O que me chamou a<br />

atenção nesse processo é que a condenação vem porque a prova<br />

de inquérito é muito importante, porque ele estava assistido do<br />

seu advogado e que prestando depoimento, disse que não houve<br />

nenhuma violência policial. Portanto, eu anulo o processo<br />

a partir daí, por que se não houvesse advogado ele poderia<br />

invocar a violência, como os outros invocaram”. E o réu saiu<br />

menos prejudicado. Teve um sujeito lá que ficou bravo.<br />

D.A.D.C.J.<br />

– Havia mais de um réu no processo, é isso?<br />

Ranulfo<br />

– É, isso. Eu sei que esse meu voto chocou, porque ele<br />

chamou a atenção de todos. Eu falei: “Eu não só voto contra,<br />

mas anulo o processo. Porque a partir da nomeação do defensor<br />

que se descuidou, ele sofreu todo o prejuízo do processo”. Teve<br />

uma vez que ele ficou bravo comigo porque eu tinha feito outra<br />

dessas coisas. Ele era parente de um bispo também, parece.<br />

A.S.F.<br />

– Ranulfo, eu gostaria de dizer exatamente isso. A sensibilidade<br />

do Ranulfo era de tal ordem que quando havia o voto vencido<br />

dele, a gente percebia que alguma coisa tinha acontecido.<br />

Embora o voto vencido dele fosse curto, pequeno, aquilo já era<br />

suficiente para a chance a embargos. E a sensibilidade dele era<br />

incomum, para o que era justo e para o que era injusto.<br />

Ranulfo<br />

– Eu quero contar sobre isso. Eu, às vezes, virava para o<br />

<strong>Alberto</strong> assim: “Você tem algum italiano que cuida da matéria?”<br />

O sujeito queria me cobrar os argumentos que eu não tinha.<br />

D.A.D.C.J.<br />

– Resolvia na hora de redigir o acórdão?<br />

Ranulfo<br />

– E uma vez o <strong>Alberto</strong> e o Adauto – eu não sei se foi o<br />

<strong>Alberto</strong> em primeiro ou o Adauto em segundo – cada um pediu<br />

o processo e cada um teve um voto também divergente. E uma<br />

vez, eu fui “cantado” por causa do Maluf, acho que foi o Maluf.<br />

Revista Liberdades - nº 11 - setembro/dezembro de 2012 I Publicação Oficial do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais<br />

A.S.F.<br />

– Mas você já era o Presidente? Do TACrim?<br />

Ranulfo<br />

– É, já era. Mas o advogado era muito simpático. Ele<br />

queria que eu desse uma “cantada” no <strong>Alberto</strong> e no Adauto.<br />

Aí eu falei assim: “Mas isso não tem jeito, vamos torcer por<br />

um bom resultado etc. E quem sabe, não é?. Eles são grandes<br />

magistrados e tal, são pessoas exemplares, mas o meu réu é um<br />

homem inocente, mas também é um homem preocupado com<br />

seu nome”. Acho que era o Maluf até, acho que era o Maluf.<br />

Veio o voto do <strong>Alberto</strong>, e eu acho que anulava, e veio o voto do<br />

outro que desclassificava. E ele mais tarde me procurou e disse:<br />

“Nessa terra é como se diz, a justiça é benigna”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!