28.04.2013 Views

ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...

ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...

ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

entrevista<br />

expediente sumário editorial entrevista artigos reflexão do história resenhas<br />

estudante<br />

que ela não é ruim não viu, Dr.” (risos). Mas na hora eu já<br />

estava orientado, e falei: “Fica tranquilo que ele já está com<br />

uma amante nova, não vai querer outra criança, não”. Outra<br />

vez eu cheguei perto de uma senhora e falei com ela assim: “O<br />

desquite não é mal não”. Ao que ela falou: “Dr., ou melhor,<br />

falaram que eu tenho que lhe chamar de Excelência” – vi logo<br />

que era uma gozadora – “O advogado falou que o Sr. iria fazer<br />

tudo para demover-me do propósito de desquitar-me”. Aí eu<br />

falei: “Vocês estão separados, não voltem a viver juntos não”.<br />

Parece que eu tive a sorte de nunca ter reconciliado um casal<br />

(risos). Se o sujeito já chegou até lá, vai ser mais feliz na outra<br />

jogada. Porque casamento é uma coisa complicada – há muito<br />

tempo eu falo e as pessoas até pensam que eu não gosto – é uma<br />

coisa ultrapassada; não tem sentido para a pessoa; é um risco<br />

enorme que se corre. Naquele tempo antigo era fácil, porque a<br />

mulher obedecia ao homem (risos). Ela ficava junto ao marido,<br />

porque não tinha trabalho; não tinha vida. Era parideira. Minha<br />

mãe teve 10 filhos, na roça, sem nenhum recurso.<br />

A.S.F.<br />

– Mas, no fim, você permaneceu mais ou menos quanto<br />

tempo nessa Vara de Família?<br />

Ranulfo<br />

– Até quando começa a minha convocação...<br />

A.S.F.<br />

– Aí você foi convocado como “Pinguim”?<br />

Ranulfo<br />

– Houve um fato de que lembro bem. O carro [do Tribunal]<br />

foi me pegar, e eu entrei na porta de trás, apesar de o motorista<br />

ter aberto a da frente. Não foi porque eu não queria ir na frente,<br />

mas é que eu ia ter mais espaço atrás. Notei que ele ficou<br />

preocupado, depois falou: “Excelência, o Dr. Fulano gosta<br />

desse lugar aí”.<br />

D.A.D.C.J.<br />

– Ah, por que ia mais de um desembargador no carro, é isso?<br />

Ranulfo<br />

– Ia mais de um. Era uma pessoa conhecida minha, até. Na<br />

hora, ele se postou ao lado e permaneceu lá. Eu deixei passar<br />

um meio minuto, quieto, que deve ter parecido uma hora.<br />

Revista Liberdades - nº 11 - setembro/dezembro de 2012 I Publicação Oficial do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais<br />

A.S.F.<br />

– Esperando ele entrar no carro?<br />

Ranulfo<br />

– Eu vi que ele não ia entrar. Aí eu banquei “o maçaneta”,<br />

abri a porta e ele entrou. Foi quando eu disse: “Ah, eu não vou<br />

porque eu tenho que fazer umas coisas aqui ainda”. E desci<br />

do carro. O carro ia sempre me buscar, mas eu não ia. Até que<br />

um dia me falaram: “Nós não vamos buscar o Sr., porque o<br />

Sr. não desce”. Eu falei: “Se não vierem me buscar eu anulo<br />

o julgamento. Eu quero que o carro venha me buscar mesmo<br />

que eu não vá, porque tem dia que eu não vou, mas tem dia que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!