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ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...

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entrevista<br />

expediente sumário editorial entrevista artigos reflexão do história resenhas<br />

estudante<br />

(risos). Isso era um problema por lá (risos). Um dia eu chego<br />

num bar – era um dia frio – aí eu sento e me perguntam: “Ô Dr.,<br />

o sr. toma um guaraná?” Aí eu digo: “Me da uma caipirinha”<br />

(risos). Mas eu sabia que depois o povo se acostumava com<br />

aquilo. O Olavo de Paula Borges chegou a dizer que eu levei<br />

nobreza pra cachaça (risos). Eles percebiam que eu não era<br />

cachaceiro (risos).<br />

D.A.D.C.J.<br />

– A cachaça era mal vista na comarca (risos)?<br />

A.S.F.<br />

– Ranulfo, há um fato que é importante também. Você, quando<br />

chegou a Rio Claro, foi fazer faculdade de Filosofia, não é?<br />

Ranulfo<br />

– Eu me matriculei como ouvinte. Mas eu tinha um status que<br />

os outros alunos não tinham, porque era juiz da comarca. Aquele<br />

pessoal importante da cúpula, da universidade, lecionava ali,<br />

vinha de São Paulo, vinha de Campinas, doutorandos, mestrandos,<br />

mestres, doutores e tal, e eu tinha uma natural autoridade para<br />

sair com eles à noite. Eles ficavam lá na sexta-feira e eu saía com<br />

eles pra gente conversar. E íamos conversando: uns falavam de<br />

um livro, outros falavam de outro, um romance e aquela coisa<br />

toda. E eu fui ficando. Passados uns quatro anos, o chefe do<br />

departamento me chamou e falou: “Ranulfo, afora o título de<br />

juiz, que ajuda, você tem mais alguma coisa?” Falei: “Eu tenho<br />

um papel lá de Minas”. Mostrei. Ele falou: “Ranulfo, isso aqui<br />

é da UMG de Minas, uma universidade muito importante e é um<br />

exame que você fez perante a banca de filologia da faculdade,<br />

para poder lecionar em ginásio e colégio”. Eu falei: “É, foi lá”.<br />

Aí eles mandaram o papel para o Rio de Janeiro. Eu até digo<br />

que o Florestan Fernandes deve ter sofrido alguma penalidade,<br />

porque também assinou: fizeram um documento dizendo que<br />

eu havia feito alguma coisa similar a uma pós-graduação. E o<br />

Cândido Procópio Ferreira Camargo, que era o titular de uma<br />

cadeira cujo nome eu falo até com vergonha – chamava-se<br />

“Filosofia e Fundamentos Filosóficos das Ciências Sociais” –,<br />

fez uma carta ao Olavo de Paula Borges dizendo que se fosse<br />

deferido o pedido que eles estavam fazendo, que eu ficasse<br />

adido à cadeira dele. Aí, concordaram, e eu passei a lecionar na<br />

faculdade. Lecionei lá muitos anos. Quando fui promovido para<br />

São Paulo, o Antonio Angarita tinha fundado a GV [Faculdade<br />

Getulio Vargas]; o Angarita era o papa da GV.<br />

Ivan Martins Motta*<br />

– Era na Rua Martins Fontes, né?<br />

Ranulfo<br />

– Era na Martins Fontes. Aí o Angarita falou: “Ranulfo, você<br />

esteve na Faculdade de Rio Claro e ela hoje integra a UNESP”.<br />

Mandou para o Rio de Janeiro; Rio de Janeiro também concordou<br />

e eu passei a lecionar então na GV.<br />

Revista Liberdades - nº 11 - setembro/dezembro de 2012 I Publicação Oficial do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais

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