ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...
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entrevista<br />
expediente sumário editorial entrevista artigos reflexão do história resenhas<br />
estudante<br />
pelo Desembargador José Carlos Ferreira de Oliveira para<br />
comparecer lá. Eu achei estranho. Perguntou-me se eu podia<br />
comparecer – ele era Corregedor-Geral – então eu fui. Achei<br />
que ia ser promovido (risos). Cheguei e ele me ofereceu um<br />
cigarro. Ao que eu pensei: “Então não é não” (risos). Mandou<br />
buscar café. E falou assim: “Ô Ranulfo, você me desculpe, mas<br />
eu tenho que te falar porque é a minha função, mas você me<br />
ouça até o final o que eu vou falar que você vai até compreender<br />
a minha dificuldade. É a questão de sua assinatura”. A Câmara<br />
tinha comparecido perante ele, dizendo que eu não assinava os<br />
acórdãos. Eu não sabia que só rubricava. Eu assinava e devolvia<br />
para a Câmara. Achei que tinha morrido o assunto, quando<br />
passado um tempo eles voltaram de novo. Eu fui reconhecer a<br />
firma e devolvi novamente.<br />
D.A.D.C.J.<br />
– A assinatura era muito minimalista?<br />
A.S.F.<br />
– É, era minimalista demais (risos).<br />
Ranulfo<br />
– Nessa altura eu não sabia que eles procuraram o Corregedor,<br />
até que esse me chamou, e disse: “Ranulfo, eu estou cansado<br />
de conhecer a sua assinatura e é aquela mesmo”. Ah, eu<br />
fiz o seguinte depois também, o que os deixou ainda mais<br />
bravos. Quando eles me devolveram outra vez, eu chamei uma<br />
conhecida minha, Ada Natal, que era titular de Linguística da<br />
USP e lhe disse: “Ada, me ajuda a compor um texto sobre<br />
assinatura. Eu tenho alguma noção, você me ajuda?”. E fiz um<br />
texto bom, bem erudito, e mandei. Foi quando eles procuraram<br />
o Desembargador José Carlos Ferreira de Oliveira para que ele<br />
tomasse alguma providência. Eu disse a ele: “Viu Dr., o Sr. fique<br />
tranquilo”. Ao que ele respondeu: “Isso, põe um ‘rabinho’ a<br />
mais” (risos).<br />
Revista Liberdades - nº 11 - setembro/dezembro de 2012 I Publicação Oficial do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais<br />
A.S.F.<br />
– Você ficou na Vara da Família quantos anos?<br />
Ranulfo<br />
– Bastante tempo. Vou até contar um episódio. Eu reunia as<br />
famílias, as mulheres, e o pessoal para conversar. Eles chegavam<br />
e já diziam: “Separação de corpos”. Então, eu marcava uma<br />
audiência para ouvir as partes. Aqueles que queriam ganhar<br />
dinheiro, a causa, ficavam bravos, mas muitos gostavam, pois<br />
já se resolvia tudo de uma vez. Uma vez um advogado chegou<br />
perto, de forma muito pretensiosa, e falou: “Dr., vamos fazer a<br />
audiência, mas os filhos não podem ficar com a mãe, pois ela é<br />
adúltera”. A mulher estava ali chorando, e eu falei: “Não estou<br />
gostando da sua forma de falar, mas eu tenho uma solução<br />
para o caso: se ela concordar, a criança passa para a guarda<br />
do pai”. O advogado rejeitou de pronto: “Não, Dr., isso não<br />
pode!”. Eu falei: “Aqui nessa vara não se interna ninguém,<br />
ou fica com o pai ou fica com a mãe”. Aí o advogado: “Até