ENTREVISTA Alberto Silva Franco e Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr ...
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entrevista<br />
expediente sumário editorial entrevista artigos reflexão do história resenhas<br />
estudante<br />
eu posso ir”. O Desembargador Francis Davis falou: “Ranulfo,<br />
você não é um criador de caso. Vamos entrar lá hoje para tomar<br />
um café?” Eu entrei por uma porta e saí pela outra. Nunca mais<br />
eu também tomei café naquele lugar. Mas o carro ia sempre me<br />
buscar. Eu esperava o carro chegar e falava: “Ah, hoje eu não<br />
vou, pode ir embora que mais tarde eu apareço lá”. Depois eu<br />
entrava em um táxi e ia.<br />
A.S.F.<br />
– Era a má companhia (risos).<br />
Ranulfo<br />
– Era a má companhia.<br />
A.S.F.<br />
– Havia um famoso – o Ranulfo sabe – que exigia do motorista<br />
que andasse na maior velocidade possível e imaginável.<br />
Entretanto, o coitado do motorista tinha dificuldades imensas,<br />
porque o trânsito em São Paulo, mesmo naquela época, já era<br />
complicado, pesado. E o motorista ficava preocupadíssimo<br />
porque o desembargador repetia para ele: “Mais velocidade,<br />
mais velocidade!” (risos). Então, você foi convocado, não é?<br />
Tanto no Tribunal de Alçada quanto no Tribunal de Justiça,<br />
porque você fazia parte do chamado “Quadro de Juiz Substituto<br />
de Segunda Instância”. Era um quadro que existia, não era?<br />
Ranulfo<br />
– Dele participavam, dentre outros, o Sidney Sanches, o<br />
Kazuo Watanabe, o Décio Mendes Pereira etc. Eram quatro, né?<br />
Revista Liberdades - nº 11 - setembro/dezembro de 2012 I Publicação Oficial do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais<br />
A.S.F.<br />
– Depois eles começaram a convocar os chamados<br />
“bagrinhos”, que eram os juízes da própria Vara que serviam<br />
eventualmente no Tribunal, sem prejuízo do trabalho na Vara.<br />
Ranulfo foi de uma época, e ele pode testemunhar isso, em que<br />
não havia limites para a transferência de processos do titular<br />
para o substituto de Segunda Instância. Então, normalmente,<br />
eles passavam os processos mais difíceis, mas, afora isso, não<br />
tinham limite numérico...<br />
D.A.D.C.J.<br />
– Porque naquela época não havia distribuição ao substituto.<br />
O titular passava os processos para o substituto. Este tinha que<br />
trabalhar. E o titular não fazia nada. Mais ou menos isso.<br />
Ranulfo<br />
– O Carlos Antonini tinha uma coisa boa que eu vou contar.<br />
Ele dizia: “Ranulfo, a gente tá no interior e eu vou falar assim...”<br />
Daí ele citou o nome de um Desembargador, não me lembro bem.<br />
“Mas aquilo é uma besta, não é mesmo?!” (risos). Uma vez, eu<br />
falei com o <strong>Alberto</strong>, com toda a minha ingenuidade: “<strong>Alberto</strong>, e<br />
aquele povo antigo, importante?”. <strong>Alberto</strong> respondeu: “Agora<br />
somos nós” (risos).